Impressões semanais: Vividred operation 10 – A “tão esperada” relevação

-Saint anger round my neck, saint anger round my neck. He never gets respect…

-A partir de hoje, não vou mais postar o quadro de imagens-resumo do episódio e tampouco o resumo, pois ambos são desnecessários, consomem tempo e não acrescentam nada à minha argumentação. De agora em diante, vou direto ao ponto, mesmo que o texto fique menor.

-Esse episódio foi caracterizado um tom bem leve na maior parte de seu tempo, com poucas cenas e um desenvolvimento que, na minha honesta opinião, já estava mostrando sinais de desgaste desde o quinto episódio do anime, quando Rei foi formalmente introduzida como Dark magical girl, papel esse que desempenhou de forma praticamente automática até agora. Oras, todos sabemos que ela está determinada, que quer salvar os pais, recuperar seu mundo perdido e seu modo de vida precedente ao acidente com o motor de manifestação. O problema é que como personagem, ela não consegue se impor. Ela não tem o carisma para ir além do arquétipo, sendo definida unicamente por sua função narrativa, função essa que remete a outras personagens anteriores à ela que possuem um fandom muito maior. Para quem não sabe, me refiro a Fate Testarossa e Akemi Homura, que são obviamente as principais inspirações que o autor tinha em mente quando a concebeu. Ambas tinham um quê a mais, uma nuance. Fate aguentava toda a dor e maus tratos de sua mãe em silêncio. Não obstante, ela a defendia das críticas, pois a amava muito. Homura permaneceu um mistério até o episódio 10, que foi na minha opinião, o melhor de Madoka Magica. Até então, tudo que ela conseguia transpassar era uma hostilidade passiva moldada em cima de um caráter ortodoxo de rejeição a tudo e a todos. A Rei, por outro lado, não partilha da sutileza de Fate e tampouco da incógnita de Homura. Não existe sutileza, pois todo episódio ela faz questão de repetir as mesmas falas. “Não vou desistir, vou recuperar o meu mundo de volta”. Não existe incógnita, pois ela é previsível, tendo em vista que grande parte do fandom ocidental que assiste Vividred fez a associação óbvia com Madoka Magica e já teve uma idéia do proceder dos eventos. 

                   

-Como se já não bastasse isso, ela ainda é depreciada de uma forma pejorativa que vai de encontro a toda a tragédia que a narrativa tenta construir em torno dela. Além de ser um arquétipo mal desenvolvido, ela também é Miss fanservice, como esses quadros fazem questão de demonstrar, e não deveria ser assim, justamente por ela ser o elemento motivador do enredo. Nada disso aconteceria se ela não estivesse ali, e se ela decepciona, o anime inteiro também vai decepcionar, exceto para os fãs do gênero como eu, já dotados de certa resistência a episódios que pouco adicionam ao roteiro no âmbito geral. Os buttshots não me incomodam (e a você também não, visto que já está no episódio 10, e de outra forma não estaria lendo esse texto). O que incomoda é ver algo com tanto potencial pra ser divertido e quem sabe até poder gerar uma discussão interessante (como por exemplo, as consequências do progresso e a dualidade da ciência). Mas para isso, seria necessário retroceder a idéia até a log line inicial “garotas que podem se combinar lutam contra alienígenas para salvar o planeta”. Quem disse que essa idéia será rasa em todos os casos? E se os aliens fossem uma alegoria para o medo do desconhecido, por exemplo? Para o preconceito, a intolerância em razão das diferenças de cunho comportamental, étnico e religioso? Dependendo do escritor, é possível sim transformar um argumento simples em algo primoroso que instigue o pensamento. O que faz a diferença é este ter o compromisso ou não de sair da zona de conforto e evitar escrever mecanicamente por já ter determinada experiência no ramo.
Uma luz ofuscando a linha de amizade entre Akane e Rei, em uma rara cena
simbólica

-Até mais.