Impressões semanais: Dokidoki Precure 11 – A arte de não depender dos outros


-Bell, se ao menos você estivesse em outro anime, seria um dos vilões mais fodas que existem. Digo, olhem para esses óculos! Vão dizer que ele não tem estilo?

-No episódio dessa semana, tivemos uma abordagem mista. De um lado, uma mensagem, e do outro o novo poder das Precure (com uma animação um pouco mais parecida com a das séries anteriores, mas ainda não no nível dos antigos golpes). Esses novos poderes são tão parecidos com os antigos que não vejo mérito em falar sobre eles, então vamos direto para a mensagem.


“As pessoas apenas te pedem ajuda, mas você leva isso tão a sério”
-A estranheza de Makopi é compreensível, e interessante por dar margem a diversos estudos e teorias comportamentais, notavelmente no ramo da psicologia. Você já se perguntou porque as pessoas abrem mão de seu tempo pessoal para fazer campanhas de doação de comida, de agasalho, trabalho voluntário em hospitais e asilos, apoio a ONGs e semelhantes? Não é porque as pessoas “boazinhas”. Ajudar o próximo é também uma forma de se ajudar, pois ao ajudar outrém, nos realizamos espiritualmente, diminuímos o stress mental e nos sentimos parte do conjunto que chamamos de sociedade. Pode ser uma tarefa simples, como divulgar o blog de alguém, elogiar alguém pelo seu trabalho, prestar auxílio na forma de conhecimento técnico sobre um programa ou ferramenta ou escrever na intenção de entreter um público-alvo. São coisas pequenas e que não irão dar retorno financeiro, mas propiciam otimismo e bem-estar para ambos os lados. Essa é a principal razão para a confiança que Mana inspira nos estudantes, confiança essa fruto do aprimoramento espiritual constante, por sua vez consequente da satisfação em buscar a felicidade alheia. Ela é o príncipe feliz sem tirar nem pôr.


-A sensação de prazer se dá principalmente por meio das reações observadas. No caso de Makopi, apenas a rainha lhe era preciosa, mesmo que cantasse em meio a uma platéia extasiada. Mana possui uma visão mais ampla de sociedade e distribui atenção de forma equilibrada, muitas vezes ficando encarregada de várias coisas ao mesmo tempo, o que se não dosado, pode causar stress físico considerável. Pode-se dizer que elas são extremos opostos em uma escala. 

-Muito se fala das vantagens da ajuda, mas também há certas desvantagens, e a principal delas é a acomodação, que muitas vezes pode levar o ajudado a se tornar acomodado e preguiçoso. E essa era a mentalidade do time de Baseball, que concentrava o peso da responsabilidade em Mana de modo a diminuir a própria e anuviar preocupações. Quando souberam que Mana não iria conseguir chegar a tempo da partida começar, a primeira reação das veteranas foi culpa-la por ter traído o voto de confiança, ao passo que as calouras se ofereceram para substitui-la. A lição aqui é de que não podemos depender dos outros a ponto de ficarmos travados em uma posição só e deixarmos de seguir em frente, pois uma vez que o “mestre” não estiver disponível, o aprendiz não saberá como lidar com os obstáculos que aparecerão. Não dar o peixe, mas ensinar a pescar. 

-Já que estou tratando disso, citarei uma referência a um conto de Oscar Wilde, “O amigo devoto”. A história gira em torno de dois personagens, Hans e Miller. Tudo começa quando Miller oferece ao outro um carrinho de mão e usa essa doação como desculpa para pedir vários favores em troca, como consertar o telhado, buscar as crianças em algum lugar etc…
A despeito de seu cansaço e insatisfação, Hans acata todos os favores de Miller, e ao fim da história, seu estado de saúde acaba levando-o a padecer. Ironicamente, Miller não se sente nem um pouco culpado pela morte de Hans e inclusive aparecendo em seu enterro fazendo um discurso eloquente e clamando que Hans era seu melhor amigo. Ao contrário de Happy Prince, essa história não tem final feliz e vem à tona como um texto irônico permeado por uma crítica social. 

Os efeitos da falta de verba…

-Olhando como um episódio isolado, este foi apenas um daqueles capítulos obrigatórios que preparam o terreno para as batalhas seguintes, mas com uma inovação que se faz notar logo de cara. Essa é a primeira vez que um vilão usa o coração negro como camada para se transformar, e certamente essa nova forma de transformação irá renovar o enredo por mais alguns episódios antes de ficar estagnada. Não tenho muito a reclamar, já que esses episódios sem muita progressão estão vindo acompanhados de uma temática a ser discutida e possível desenvolvimento de personagens.


-Até a próxima.