Impressões semanais: Dokidoki Precure 12 – A linha tênue entre inveja e admiração
-Você já se sentiu inferior a alguém? Já teve vontade de usurpar o título de mais capacitado dessa pessoa? Esse é o tema do episódio de hoje.
-No último episódio, vimos que o trabalho duro é necessário para alcançar seus objetivos e que nada cai do céu. Esse episódio mostra que até mesmo o trabalho duro tem suas limitações.
-Jun é um kouhai de Mana, que ao ver todo o esforço por ela empreendido, comoveu-se e passou a admira-la. Certo dia, ele finalmente tomou coragem e pediu a ela para aceita-lo como discípulo. Mana, como sempre, não recusa nenhum pedido, e interpretou o pedido como interpretaria qualquer outro. A imparcialidade dela é boa por estar demovida de qualquer julgamento, e ruim por não considerar que o pedido é diferente de tudo que fez até agora. No decorrer dessa empreitada, percebe-se que Mana não faz esforço nenhum para instrui-lo acerca do ofício de ajudar as pessoas. Na visão de Mana, Jun não é alguém que realmente precise de ajuda, e por conseguinte ele é jogado para escanteio sempre que ela se depara com alguém com problemas mais urgentes, e isso pode ser ser considerado um fator limitante. É necessário ter em conta que Mana é uma voluntária, não uma professora. No caso, essa função seria melhor executada por Rikka.
-Como Mana não lhe dá atenção, Jun não tem escolha a não ser arranjar um jeito de se encaixar entre um trabalho e outro, o que por vezes acaba soando pouco natural, como se ele estivesse se forçando a isso. Está na cara que ele não é adequado para esse tipo de atividade voluntária, justamente pela constância com que Mana as executa e pela variedade de problemas com os quais ela tem de lidar. Não obstante, Jun continua se esforçando na esperança de melhorar e obter reconhecimento de sua senpai. Mana, por sua vez, não demonstra nenhuma sensibilidade, estando totalmente alheia à crise interna de Jun. Por experiência, posso afirmar que mulheres podem sim ser muitas vezes ser mais insensíveis do que homens, mas deixemos minha indignação de lado e vamos analisar o porquê de Mana ser tão densa.
-Como todos já sabemos, Mana vem exercendo a cidadania desde o primário. Ela gosta disso, tem prazer em estar lá para o outro e aliviar seu sofrimento. Logo, em sua concepção, ser prestativa para com a sociedade é legal, e ela não conhece nenhum outro ponto de vista (e os que ela conhece (Rikka) ignora por ser teimosa). De forma alguma que o ato de ajudar os outros poderia estar imbuído de segundas intenções ou de conflitos internos. Ao fim do episódio nos é revelado que Mana também passou por certas decepções (mas não entrou em maiores detalhes e mostrou algo concreto, o que tira o impacto da frase), mas convenhamos que quando se chega a um certo nível de proficiência, as dificuldades experimentadas não tem mais tanta relevância nem para a pessoa nem para o meio. É extremamente fácil para alguém que venceu na vida ou obteve êxito em algum campo particular declarar para os incertos e pouco proativos que sofreu muito para chegar aonde está hoje. Difícil é dizer o mesmo sem soar moralista e arrogante, não levando em conta que um indivíduo possui níveis diferentes de criação e cada caso é um caso. O diferencial de Mana é que ela consegue mostrar que tem boas intenções ao fazer esse tipo de discurso.
“O que você viu em Mana? Você achou que poderia ser como ela apenas se tornando forte?”
“Mana não nasceu sabendo tudo. Ela queria ajudar os outros e trabalhou duro para isso.”
“O que é importante não é o quão capaz ela é, mas o seu coração que faz ela querer ajudar os outros.”
-Makopi nos ensina que não podemos nos espelhar nos outros a tal ponto que queiramos mudar a nossa identidade. Nada de bom vem de se comparar com o colega ao lado, visto que isso acaba com nosso potencial. Rikka destaca que Mana não é culpada pela decepção de Jun, pois assim como ele ela também foi uma aprendiz e teve que desenvolver certas aptidões. Alice destaca a importância de fazer o que gosta e não se como isso motiva aquele que corre atrás. Nada de bom vem da impaciência, e é nesse ponto que a admiração de Jun se converteu em inveja e fez nascer a semente de um Jikochuu. A moral desse episódio é de que nem sempre podemos ser aquilo que queremos, e muitas vezes devem ser traçadas rotas alternativas. Metas devem ser realistas, não adianta desejar ser um astronauta ou um jogador de basquete profissional sem os dotes para tal, e essa á uma lição dura que Jun teve de aprender. Por sorte, ele já tinha um talento ao qual não dava atenção, mas nem sempre é assim, e às vezes uma introspecção é primordial. Um teste vocacional também serve.
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-Até a próxima.