Impressões semanais: Valvrave the liberator 6 – A donzela que valsa sobre a luz do luar

-Melhor episódio até agora? Bem provável.


-Quando eu pensava que Valvrave não seria capaz de conduzir uma história seriamente sem esbarrar em incoerências e depender de seu humor involuntário, eles me vêm com esse episódio. Sensacional, para começo de conversa. Tudo aqui foi bem orquestrado, desde a libertação de Saki e suas peripécias até a batalha da semana. Enfim, vamos começar.

-Se há um motivo pelo qual eu reparei na Saki lá no primeiro episódio, eu diria que é principalmente devido a sua obstinação. Saki é o tipo de mulher que sabe o que quer, sabe aonde quer chegar e não mede esforços para alcançar seus objetivos. O modo como ela beijou o Haruto, aceitou-o como ele é, entrou no Valvrave sem o menor indício de hesitação de sua parte e fez uma escolha que pesaria na consciência de muitos só me faz admira-la ainda mais. Não é como se ela não houvesse deliberado e pensado nisso com calma, pois o tempo todo ela mostrava de forma sutil que estava reunindo determinação para seguir por esse caminho. Saki não desiste fácil. Mesmo às margens de presenciar a concretização de um romance entre Haruto e Shouko, ela permaneceu lá sentada, calculando seu próximo movimento. Quando Haruto trocou de corpo com L-elf, ela se acomodou no interior do Valvrave sem cerimônia. E agora ela abre mão de sua existência como humana como se não significasse nada para ela, e provavelmente não significa mesmo. A direção foi primorosa em destacar todo o frenesi estampado em sua face enquanto ela improvisava uma capa e abria os braços com a lua ao fundo, como se estivesse dizendo “Eu venci o mundo!”. E ela venceu.

-Lógico que estamos falando de Valvrave, logo a brincadeira é um fator que não pode estar ausente. Impetuosa, Saki testa seu novo poder e troca de corpo com Haruto e sai por aí para “aprontar muitas confusões”, como diria o narrador da sessão da tarde. E para reiterar ainda mais sua falta de compromisso para com seu próprio corpo, ela simplesmente o abandona ao passo que faz de Haruto um galã de novela das 8. É certamente uma atitude irresponsável, mas Valvrave é um anime irresponsável, logo uma personagem como a Saki honra sua premissa. Agora a nova moda é sacanear os protagonistas emo em vez de leva-los a sério, e devo dizer que é uma mudança para melhor, pois os mesmos sempre foram e continuarão sendo responsáveis por muitos drops de animes.

-Eu juro pra vocês que ainda não descobri o que as meninas de Valvrave tem na cabeça. Eu não sei se a cara de preocupação da Shouko foi em função das roupas extravagantes ou de Haruto estar aparentemente se tornando um playboy.

-A princípio, Saki se mostra confiante no desenrolar da batalha, mas ao adquirir noção do perigo, vacila na primeira falha, o que expõe seu principal defeito, que é a necessidade de apoio emocional para seguir em frente. Por trás de sua personalidade forte e sem escrúpulos, aparenta carregar um trauma articulado em rejeição paterna e nas cicatrizes e pesares que acumulou em sua carreira de Idol. A produção inclusive está de parabéns pelas sequências de batalha intercaladas com quadros retratando o percurso da vida de Saki, caracterizando ali uma exposição simples ao invés de recorrer ao melodrama barato, que por sua vez não cairia nada bem em uma série como Valvrave. E quem lhe restitui a coragem é justamente Shouko, que encarna novamente o papel de líder carismática que impulsiona a entusiasmo das massas como ninguém. Saki é portadora de tendências antissociais e jamais conseguiria aplacar seu orgulho de modo a implorar por auxílio. Nesse ponto, ela e Shouko estão em extremidades opostas e se completam dessa forma. 

-E o L-elf? Bem, parece que ele deduziu que a escola inteira faz parte do “experimento Valvrave”, o que explica muita coisa (ou não). Por enquanto ele vai continuar ali, só na espreita. Fico no aguardo de seu retorno triunfal.

-Antes de encerrar o post, todos deem as mãos por um minuto de silêncio em luto a um dos melhores senadores que já apareceram na história da animação nipônica. Senador Figaro (aka Moisés), deixo aqui minha homenagem a sua pessoa e o meu lamento. Espero que você possa ter servido de inspiração para muitos outros senadores que já estão vivos e que ainda estão por vir. Amém.