Impressões semanais: Valvrave the liberator 9 – L-elf, Haruto, Inuzuka, Yamada, Saki, Shouko e você
-Esmaga, Hulk, esmaga!
-Ok, vamos discorrer um pouco sobre convenções sociais, boas maneiras, e como certas atitudes não tem muito sentido lógico. Hipoteticamente, alguém do outro lado do globo que você mal conhecia morre. Os amigos e parentes do defunto atribuem a ele qualidades que ele provavelmente nunca teve em vida (as quais eles também nunca atribuíram antes de morrer), fazem funeral, chororô, gente vestida de preto, o cara que pegou a mulher dele, todos participam desse estranho ritual. Até aí tudo bem. Suponhamos agora que você, do outro lado do globo, fique a par da morte do sicrano através de redes sociais, correntes de e-mails, mirc, icq e o caralho a quatro. Com toda a honestidade do mundo, você realmente daria a mínima para o falecimento dessa pessoa? É óbvio que não! Seguindo esse raciocínio, você também teria que se preocupar com todos os óbitos do globo diariamente, o que o mergulharia em uma depressão profunda com idilismo suicida. Em 2 semanas, seus vizinhos o encontrariam enforcado no quarto, logo não embarque nessa empreitada a não ser que você seja a reencarnação de Jesus Cristo. Conclusão: ninguém realmente se sensibiliza com a morte de estranhos, então como um memorial online pode angariar mais de um milhão de votos? Simples, é assim que a sociedade funciona, na base de manter uma boa imagem de si mesmo. Ninguém precisa realmente se comprometer, só cultivar a ilusão de que está se comprometendo quando na prática não está ajudando ninguém com necessidades reais. Se há uma coisa que Valvrave faz bem são essas sutilezas de mostrar como as massas em uma sociedade estabelecida reagem a acontecimentos, principalmente em um meio como a internet em que o anonimato é garantido (ou era, até semana passada quando foi revelado que o governo americano perdia seu tempo lendo nossos e-mails).
-O curto diálogo entre Inuzuka e L-elf foi o que eu mais gostei no episódio, não só pela explicação de L-elf fazer todo sentido mas pela forma como Inuzuka imediatamente acata essa realidade e toma uma atitude sutil, mas expressiva. Aquela cena em que ele repete o exercício de recarregar a arma enquanto cronometra sua eficácia em segundos com o piano ao fundo produzindo uma sonoridade angustiada e repetitiva foi muito bem bolada, sem exagero ou melodrama, simplesmente redenção e calmaria.
-O sistema de defesa foi um toque interessante no roteiro, dando uma dinâmica melhor às batalhas e evidenciando a evolução da mentalidade e do treinamento dos estudantes. Barreiras na parte superior e MSG’s na parte inferior (espere um pouco, e se as naves de batalha resolvessem atirar na parte inferior? L-elf, faça uma revisão nesse sistema de defesa aí, rapaz!). Confesso que me deixou entusiasmado, gostei.
-Eu não havia percebido isso antes, mas a Shouko tem MUITA química com o L-elf. Vejam como ela coloca a ração na boca dele sem permissão e ele faz biquinho. L-elf moe.
-E como sempre, L-elf é o único ser vivo naquele módulo capaz de raciocinar e perceber a armadilha, mas dessa vez ele se decidiu por não levar o fato a público, pois fazia parte de seus planos. Eu poderia fazer um discurso enorme sobre como as previsões dele sempre se realizam, mas a essa altura do campeonato quem não conseguiu suspender sua descrença já abandonou o anime, então vamos para a parte que importa: Yamada, Inuzuka e os Valvraves.
-Bom, a dica sobre os pilotos já havia sido dada em episódios anteriores, logo os escolhidos não são surpresa alguma, e o que os diferencia são as suas personalidades. Inuzuka deseja se tornar uma espécie de mártir protegendo as pessoas a custo de sua vida em um desejo inconsciente de reecontrar Aina no paraíso, e Yamada é mais direto, admitindo que deseja vingança e não vai descansar enquanto não derrubar todo o império dorssiano. O erro aqui foi não ter desenvolvido esses dois personagens com mais afinco como no caso da Saki (O Yamada teve umas cenas aqui e ali, mas não foi o bastante, o Inuzuka foi bem conduzido nesse episódio em particular, mas antes disso ele não era lá muito carismático), embora a apresentação deles no Valvrave tenha sido boa até. Essa foi a primeira batalha em que fiquei realmente empolgado enquanto assistia. Gostei do Valvrave azul que alternava entre ataque e defesa (flechas e escudo, combinando com a personalidade de Inuzuka e sua decisão final de lutar por si mesmo. As flechas são seus sentimentos reprimidos que desabrocharam e que agora “entrega” aos oponentes e o escudo simboliza a virtude de valorizar sua vida e não apenas atacar sem se dar conta do risco), mas o melhor pra mim foi o amarelo com seus 10 braços e violência truculenta, do jeito que eu gosto, e é fácil perceber como ele se adequa a personalidade do Yamada. Foi tudo deslumbrante do início ao fim.
-Outra boa cena no episódio que se auto-justifica. Haruto tomou uma atitude por presumir o que o espectador sabia, ou seja, que tudo era parte do plano de L-elf. Essa cena não mostra apenas como Haruto amadureceu, mas também como ele está começando a acompanhar e deduzir a linha de raciocínio de L-elf após sabe-se lá quantas semanas no mesmo quarto. São cenas simples que dizem muito mais do que é exibido em tela. Claro que a tensão não durou muito e logo o clima se tornou mais ameno.
-E o plot twist de hoje é o que L-elf já havia suspeitado e nós também já sabíamos: o módulo foi criado com o objetivo de condicionar os estudantes a pilotarem os Valvraves, o que não foi muito impactante, mas ao menos serviu como desfecho.