Impressões semanais: Valvrave the liberator 11 e 12 – Brocas que soltam gás venenoso, pedidos de casamento, L-elf perdendo, o sexto Valvrave, supervilões e outras coisas
-Essa imagem é a que melhor representa Valvrave até agora.
Episódio 11
-Após a chocante cena de consensual rape do episódio passado, temos Saki previsivelmente dando um gelo em Haruto daqueles que só as mulheres conseguem executar com perfeição. Uma das razões de eu gostar da Saki é ela ser uma personagem com defeitos óbvios e visíveis. Ela não tem a coragem de confrontar Shouko diretamente, e ao invés disso resolve fazer de Haruto um prisioneiro, um cúmplice do ocorrido no episódio passado, dando pouca ou nenhuma abertura para que o mesmo possa se desculpar, e eu entendo ela perfeitamente. Saki tem a pretensão de mante-lo para si, encarcera-lo utilizando o sentimento de culpa como catalisador para que ele jamais desvie os olhos dela novamente e venha a se atracar com a “outra” (Shouko), e no início do episódio seguinte ela mesmo se arrepende do que fez e recusa o pedido de casamento de Haruto. Continuando, após a cena do episódio 10, é perfeitamente compreensível e justificável que ela queira fazer o nosso protagonista bundão de gato e sapato pelo menos um pouquinho antes de perdoa-lo, principalmente levando em conta como o mesmo é inocente. Adorei a hora em que ela adiantou as suas falas do filme e nisso o Haruto levou a sério e ficou com cara de bobo depois. Ele ainda tenta parecer mais másculo às vezes, mas falha miseravelmente.
-Ah, sim, o dilema de Shouko. Não foi lá um dileeeema no sentido de mexer com a ansiedade do espectador, pois todos sabíamos que a única solução possível e válida era aquela, mas dessa vez temos algo mais sólido para trabalhar ao invés de uma preocupação overdramática com um cara que nunca apareceu no anime. Espere, eu já não vi isso em algum lugar? Sunrise sendo Sunrise. Sabem o que é o mais interessante de tudo isso? No final a morte do pai dela não teve importância nenhuma, pois as frotas que a Harakiri Blade destruiu serviram apenas como distração enquanto Cain conduzia uma operação à parte. Só bastou uma bendita furadeira para pegar todos de surpresa, e isso compensou o que por outro lado teria sido um episódio muito típico. O que eu quero destacar aqui é a pressão sutil de L-elf para cima de Shouko e o fato de ele considerar como opção elimina-la caso escolhesse salvar seu pai (pensando bem, ele provavelmente daria uma coronhada em sua cabeça, pois mata-la traria problemas generalizados para a colônia). Eu interpretei a atitude de L-elf como um tipo de teste, um ritual pelo qual Shouko teria de passar para provar sua aptidão como primeira ministra. Para se alcançar a vitória, sacrifícios são necessários, ou algo parecido.
-Teria mais efeito falar sobre esse “plot twist” se ele já não tivesse sido solucionado, mas vamos falar assim mesmo. Haruto, parabéns pela atitude de homem! Você se tornou um personagem menos pior depois dessa. O legal dessa cena é que além de manter a tradição de 1 plot twist por episódio (como diria o qwerty), ela é carregada de um significado especial que provavelmente mudou o código de conduta de Saki durante toda a série, constituindo assim um ponto de transição na trama. Esse foi o momento em que ela jogou fora a melhor oportunidade de concretizar seu romance por medo de machucar Haruto e principalmente ódio de si própria.
-Por último e não menos importante (mentira, é menos importante sim), como são escolhidos ministros nesse país? E o que exatamente eles fazem? Todas essas perguntas jamais serão respondidas, pois fuck logic. Até a amiga drogada da Shouko foi escolhida e o ranger preto não!
Episódio 12
-E aqui temos um flashforward (thanks twitter) em que Saki conta a história de seus antigos companheiros para uma versão do L-elf em miniatura com um semblante nostálgico. O que isso significa? Que aquela luta de Saki contra o cabeça de touro, apesar de parecer zoação, não era. Além disso, o fato de Saki estar ser a única a aparecer nessas cenas insinua que aconteceu algo grave a Haruto e aos outros membros (provavelmente já morreram todos) e ela vive para preservar esse legado.
-Uma diferença bem visível comparando esse episódio com os anteriores é que essa foi a primeira ocasião em que houve um senso de perigo real. Até agora, os dorssianos só haviam conseguido infiltrar alguns soldados armados, e aqui temos alguém com uma broca que libera gás letal contaminando todos os andares subterrâneos e ameaçando contaminar o ar do módulo inteiro caso chegue à superfície. Pelo decorrer do episódio, pode-se presumir que houveram muitas baixas, e esse evento provavelmente abrirá o caminho para plot twists posteriores na segunda temporada.
-E ainda nessa onda de primeira vez, temos também que essa é a primeira vez em que L-elf não consegue prever a próxima estratégia dos dorssianos, e foi uma boa sacada deixar isso para o fim do primeiro cour, simbolizando a quebra parcial de um status quo (estudantes mortos, Shouko e sua experiência traumática, Saki e seu futuro incerto) e o ponto de partida para uma nova empreitada. O uso de pontos-chaves no enredo é muito comum da parte de Okouchi, e essa influência também passou para Guilty Crown e Code Geass (se bem que em Geass não me lembro se os BIG plot twists aconteciam na metade da temporada ou não).
-Apesar de os vilões serem simplórios e terem máquinas inferiores aos Valvraves, ao menos os mesmos são comandados por uma cabeça pensante, o que implica que há estratégias diferentes envolvidas em cada batalha. Nós tivemos os magnetos com efeito de paralisia, o plano de isca-emboscada, e dessa vez temos uma virada de mesa no campo de batalha e na base aliada ao mesmo tempo com as chapas aquecidas na Piedra del sol. A grande desvantagem do módulo 77 é o fato do mesmo ser completamente exposto a não ser pelas defesas básicas. Em uma guerra exclusivamente por vias terrestres (antes dos bombardeios terem sido inventados), por exemplo, o ataque à capital de um país está sujeito várias limitações, como terreno insólito, rações, cidades fortificadas, rotas de abastecimento, etc. No espaço tudo pode se resolver em alguns poucos minutos neutralizando a tropa de defesa (ou simplesmente a mantendo ocupada) e enviando um assassino (broca) ao território principal.
-Chegamos ao destaque do episódio, o arco intercalado de Shouko e Akira, que em minha opinião foi a segunda melhor linha narrativa do anime (a primeira foi a da Saki, a do L-elf não se enquadra por ainda estar em andamento). Como muitos devem ter suspeitado, Akira sofreu bullying na infância e graças a isso se tornou uma reclusa social (shut-in ou hikikomori, como preferirem). Eu não sei por qual motivo, mas animes em geral cismam em justificar essa condição com um motivo fraco, e os dois exemplos que me vêm à mente são o Ryounosuke de Sakurasou e a Himawari de Vividred. No caso de Ryounosuke a justificativa foi uma briga besta com membros de um trabalho em grupo e no caso de Himawari foi ter sido culpada injustamente, e em nenhum dos dois casos foi além disso. Não foi mostrado nada de traumático ou algo do tipo, ambos os autores não tiveram coragem de cruzar a linha. Aqui ela foi cruzada de uma forma inteligente: mostrar a consequência e ao fim mostrar a causa. Se não fosse o relacionamento Shouko-Akira e o comportamento ansioso e temente da garota com suas habilidades sociais nulas, teria sido apenas uma história genérica de uma garota que sofreu bullying e se tornou hikikomori. É por isso que eu valorizo a execução de uma obra até mais que o conteúdo. Não são os temas, mas como você trabalha com os mesmos que faz a diferença.
-E agora vem a parte escrota do episódio. Não me refiro a habilidade do sexto Valvrave, pois já era esperado algo do tipo, e sim ao fato de Cain ter superpoderes. Foi extremamente aleatória a cena em que ele cria um campo de força e é revelado que existe uma organização do mal secreta que controla o mundo pelas sombras (Magius), mas teve uma coisa que eu gostei, e foi a reação do Blue ao seu antigo mestre (maldito humano), pois tenho um fraco por esses personagens que seguem ordens contra a vontade e expressam seu desagrado abertamente. Fora isso, quero ver o que o Okouchi vai arranjar com essa Magius, com o Cain e com os “deuses” contidos nas partículas de informação. As impressões continuarão na segunda temporada, me aguardem.