Impressões semanais: Hamatora 2/ Sekai Seifuku 2

Quem aí sabe de onde é esse macaquinho?
-Já falei como eu adoro esses tigres em CG que ficam dançando ao fundo? É como se os caras do orange fizessem um servicinho extra já que eles não tem muita coisa com o que trabalhar.


Hamatora 2

Não estava nos meus planos, mas a partir de hoje, vou comentar Hamatora semanalmente também, visto que o segundo episódio me agradou e se continuar nesse ritmo o resultado final será aprazível e digno de nota. Ah, Pedal vou postar de 2 em 2 semanas agora.
O que mais me atrai em Hamatora, principalmente nesse episódio 2, é que ele tem algo que, apesar de não ser absolutamente necessário em séries de resolução de caso (policiais ou não policiais), faz transpassar um pouco mais de “feeling” nos personagens. Isso seria representado pelo dilema moral proposto, pela interação entre o personagem contratante e o personagem contratado e como o menos experiente do grupo em questão de vivência pode adquirir um aprendizado com o mais experiente que irá servir para o resto de sua vida.
Lição número 1 (Nice): você não deve depender dos outros. O que o Nice enfatiza aqui é a necessidade de tomar uma atitude por si próprio. Ele não diz que a vítima do bullying tem culpa por não se defender, apenas que se essa fraqueza aparente não for contornada pela própria pessoa de alguma forma, ela nunca irá conseguir seu lugar no mundo. Não é a forma mais adequada de tratar um assunto delicado como o bullying, mas se tem algum mérito, é o de insertar um ponto de vista diferente na vítima. Por experiência pessoal, posso dizer que o tratamento psicológico nesses casos consiste em fazer o paciente parar de pensar em si mesmo como vítima e transforma-lo de um agente passivo a um agente ativo. Isso tem origem nos estudos Freudjungianas sobre o inconsciente, que através de sonhos e alucinações auditivas exterioriza uma reação de oposição ao consciente. Interpretando esse caso específico, imaginem que o garoto, apesar de se considerar desafortunado, fraco e impotente, há uma parcela de culpa interior que faz com que ele se autodespreze. Esse é o inconsciente, e exatamente pela influência do mesmo ser rejeitada que os problemas psicológicos surgem. ¹
Lição número 2 (Murasaki): assuma a responsabilidade pelos seus atos. Se há um mal hábito que a humanidade nunca deixará de ter, esse é o ato de culpar outrém pelos próprios erros. Há casos e casos, mas no geral nossa mente exibe uma curiosa inclinação para entitular um “mocinho” e um “bandido”. Obviamente ninguém vai enxergar a si próprio em uma perspectiva acusatória, e fazê-lo tampouco serviria de algo. Um ponto que Hamatora deixa bem claro o episódio inteiro é que não existe certo e errado absolutos e sim um jogo de interesses entre lados opostos. Kitamura-sensei, até então visto como o bem cabal, torna-se aos olhos do garoto que ele protegeu um professor não tão perfeito assim, nem branco nem preto, mas cinzento, e assim sua visão se expande um pouco mais.
As consequências desse tipo de julgamento são brevemente vislumbradas no flashback de Nice. Lá, só existe a visão maniqueísta do “apto” e do “não apto”. O apto está “certo” e o não apto está “errado”. É tudo objetivo, classificatório e segregativo. A filosofia de Nice pode ser resumida assim: quando tratamos alguém como fraco, como vítima, como incapaz, ao mesmo tempo estamos negando-lhe todas as suas possibilidades inatas, ou seja, estamos dizendo que esse indivíduo chegou ao seu limite e aplacando seu crescimento. Tá vendo, dá pra aprender coisa assistindo anime também!
Deixando a mensagem de lado agora, a direção do episódio também me conquistou. Passar uma mensagem como essa para o espectador sem precisar quebrar o clima cômico onipresente durante todo o percurso não é pra qualquer um, Seiji Kishi está de parabéns. Cenas como os estudantes descendo pela calha e o Nice tirando sarro do vilão (que apertava aquele botãozinho como se não houvesse amanhã em um estilo cômico ao invés de simplesmente arranjar um detonador sem contador de tempo) foram bem encaixadas e executadas com o primor e simplicidade necessários.
Essa cena foi épica.
Eu vejo cérebros. Com que frequência? O tempo todo.

Enfim, eu amei esse episódio. Foi tudo tão bem enredado que chegou ao nível dos 4 primeiros episódios de Maou.

Nota: 89/100

Sekai Seifuku 2

Agora, Sekai Seifuku…ah, caras, não foi o super episódio recheado de ação e estratégia de combate que todos esperavam, mas também não foi tão decepcionante quanto dizem. Estamos no segundo episódio e já estão falando de “urgência da trama”. Resumidamente falando, foi uma introdução do Asuta aos membros da facção Zevzda, e funcionou razoavelmente ao que se propôs a fazer, apesar de na minha sincera opinião poderia ter feito uso melhor dos clichês. Se eu tenho alguma reclamação, é que pessoalmente episódios desse tipo não incitam minha criatividade a ponto de querer escrever sobre o mesmo, o que para o nosso ramo da indústria é fatal (mas isso sou eu, outro blogueiro mais apto a discutir relacionamentos entre pessoas e um senso de como atrair o público melhor certamente estaria mais qualificado para discorrer sobre a questão). Compreendo, porém, que esse será o tipo de anime centrado nos personagens e suas interações, tentando apelar para o lado emocional, e não um anime centrado na trama como eu havia previsto. Logicamente não faria sentido se o slice of life fosse prolongado mais do que a premissa permite. A impressão que tive era que essa parte inicialmente era para durar metade de um episódio, mas como precisavam deixar a narrativa consolidada, acabaram colocando o estagiário pra fazer merda de novo e terminar o episódio no mesmo procedimento do primeiro (de uma forma menos fabulosa, entretanto).

Nota: 56/100

Bibliografia:

¹ Carl Jung, “A origem da psique”, capítulo 1