Impressões semanais: Yowamushi Pedal 14 e 15

-Até que ficou bom, não acham?

Episódio 14



-Senhores, vou admitir que esse episódio exigiu de mim uma paciência descomunal para terminá-lo, e o motivo é óbvio até demais: é o quarto episódio em que o Onoda conhece alguém enquanto pedala e o enredo insiste em ficar batendo na mesma tecla de sempre, e o pior é que a cada vez o contexto se torna mais e mais pobre de conteúdo. Acompanhe.


1) No episódio 2, quando o Onoda e o Imaizumi subiram a rampa, ambos os personagens haviam acabado de ser apresentados. Nós tínhamos um garoto nerd otaku que subitamente havia sido desafiado para subir uma ladeira em menos tempo que um ciclista profissional, que após vê-lo subindo com uma bicicleta sem marcha (hoje em dia eu sei como isso é improvável, só subo ladeiras trocando a marcha para a mais leve) tinha que de alguma forma confirmar que seus pés ainda se encontravam no chão para o bem de seu próprio ego e orgulho como ciclista. Onoda, por outro lado, tencionava ganhar a corrida, pois tinha interesse de angariar membros para o clube de anime.
2) No episódio 4, Onoda conheceu Naruko por acaso enquanto dava um “rolézinho” em Akihabara. Naruko mostrou a ele que andar de bicicleta poderia ser uma possibilidade de fazer amizades futuras, ao mesmo tempo o apresentando ao esporte como um meio de superar seus limites e com isso buscar uma autorrealização, coisa que o meio otaku não poderia provê-lo. 
3) No episódio 10, o Makishima é apresentado e esse aqui já é menos relevante em relação à função, mas há alternância de situações e a forma como interagem (ou tentam interagir) tem função cômica no roteiro.

4) Nesse episódio 14, Onoda anda de bicicleta com um cara feliz e contente que está sempre otimista e fica admirando-o pelo resto do episódio enquanto o outro percebe que o Onoda está sem tênis de ciclismo e com as rodas pesadas, analisando-o como todos os personagens de Yowamushi (com exceção do próprio Onoda) fizeram até agora. O contexto dessa vez é uma garrafa d’água que o Onoda irá devolver se vencê-lo no campeonato interescolar. O problema é que são 20 minutos vendo dois caras subirem uma ladeira e conversando alegremente enquanto o tempo passa e no final isso acaba resultando em uma embromação em que o mesmo tema de amizade e rivalidade é novamente martelado em nossas cabeças simplesmente para introduzir um personagem e os dois fazerem uma promessa ao término. Sinceramente, o Manami não tem nada no quesito personalidade que o faça merecer um episódio só para ele, e o Onoda sempre reage do mesmo jeito quando conhece alguém, o que torna tudo mais redundante ainda.

Nota: 40/100

Episódio 15

-Mas como diz a regra, Yowamushi tem que alternar na qualidade dos episódios, o que significa que o décimo quinto foi bem mais produtivo que o décimo quarto. Os quietinhos do segundo ano finalmente entraram em cena.

-E um deles (o cabeludinho) tem um modo de encarar a realidade que é bem maduro e ponderado. Afinal qual deve ser o próximo passo de um ser humano depois que ele chega ao seu limite de desempenho? Ele encontrou a resposta, usar a cabeça e bolar táticas que compensem pelo que você não tem. Sua atitude sarcástica e zombeteira acabou por se revelar uma grande surpresa após tantos episódios aparecendo no plano de fundo enquanto os primeiranistas roubavam os holofotes. Seu passado, entretanto, se resume a uma “síndrome de Rubinho Barrichelo”.

-Apesar disso, o Imaizumi não se parece muito com o Schumacher, ele acaba lembrando mais o Senna com todo aquele ímpeto e a filosofia que diz “é o primeiro lugar ou nada”. Nos tempos atuais ele está bem mais controlado, mas na época das corridas do fundamental o moleque era uma peste que batia nos outros ciclistas xingando antes de ultrapassar. Faz todo sentido que nesse ínterim ele conseguido atrair atenções indesejadas a ponto de muitos o odiarem por conta de sua atitude e também por inveja de sua invicta primeira colocação.

Uma demonstração eficiente de trabalho em equipe.
-E o único que já conseguiu vencer o Imaizumi, Midosuji (o risadinha), é justamente o cara que consegue ser ainda mais irritante do que ele na visão dos outros competidores. Percebam que, embora o episódio trate dos segundanistas, tudo até então tem girado em torno do Imaizumi. Ele é o Sasuke do anime, todo mundo tem briga com ele, ao passo que ele tem briga com todo mundo. A diferença entre ele e o Naruko é que enquanto ele se concentra em ser melhor do que os outros, o Naruko apenas foca em melhorar (para efeitos práticos a diferença é pequena, mas em termos psicológicos a coisa muda de figura). O mesmo pode ser dito para o cabeludinho, que não está se deixando levar pelo trauma, e ao invés disso o usa como uma ferramenta para ficar de conversa fiada e atrasar a corrida dos outros. Um oponente formidável que pela primeira vez representa um problema para o Imaizumi e o Naruko juntos.

Nota: 74/100