Impressões semanais: Yowamushi Pedal 16 e 17
-Quanto mais rápido uma montanha-russa desce, consequentemente mais rápido ela sobe, e isso resume os dois últimos episódios de Yowamushi Pedal. CARAS, essa isso que eu estava esperando!
-Não tem sentido falar dos dois episódios separadamente até porque ambos são essenciais para montar o cenário de tensão e expectativa que gradativamente foi sendo moldado pelo esforço e determinação desses jovens competidores dando o melhor de si na reta final da corrida, então vamos lá.
-Não vou mentir para vocês, todo o processo foi extremamente simples, tanto o flashback que mostrou o passado do Aoyagi e do cabeludinho quanto a corrida em si, com todas as suas aparentes reviravoltas, introspecções e trabalho em equipe, a adrenalina correndo solta com todos os cinco personagens a mil por hora em plena noite e descendo aquela ladeira com uma tenacidade transpassando tudo que eu já vi nesse anime de uma forma intensa e imprescindível para o total aproveitamento da experiência. Esse clímax fez o meu sangue subir ao passo que no processo não fazia idéia de quem apoiar, tamanha a voracidade para cruzar a linha de chegada de ambos os lados.
-Eu acabei de assistir ao episódio, e como podem perceber, minha fachada de redator frio e analista foi meio que por água abaixo, visto que raramente faço isso por ser preguiçoso demais, mas dessa vez não podia deixar para mais tarde, tinha que ser agora ou nunca. Com relação ao flashback, o que mais curti foi sua execução, que apesar de não ser uma execução propriamente revolucionária, ela funciona justamente pelo fato de todo o terreno já estar preparado desde o último episódio de forma a potencializar a empatia emocional com os segundanistas. A história do cabeludinho é a história de milhões de jovens pelo mundo que diante de uma realidade desmotivadora e angustiante encontraram no amigo que compartilhava um interesse mútuo uma esperança renovada, e viram na amizade uma forma de extrapolar o limite que seus próprios complexos de inferioridade impunham a si próprios. Shounen é sobre amizade afiinal, e isso não poderia estar mais claro com toda aquela demonstração de parceria, aquele incentivo do companheiro que chega justamente quando o outro pensa que está tudo acabado e não há mais volta.
-Eu adorei esses segundanistas e o que eles trouxeram de novo para o enredo. Justiça seja feita, a relação entre o Onoda e os outros dois também não ficou para trás, mas em compensação nunca tinha chegado aos níveis mostrados nesse episódio. Quando se tem um inimigo e um objetivo em comum, a inspiração e a motivação se elevam a níveis muito altos em uma hipotética escala numérica. Não foi apenas o fervor da corrida, mas também o excelente trabalho em equipe dos segundanistas que acabou fazendo com que os primeiranistas acordassem e saíssem do mundo dos sonhos perfeito deles em que já davam a partida como ganha por superestimarem um pouco suas próprias habilidades (o que não é nada ruim, visto que o efeito psicológico do otimismo moderado é até bem produtivo e o pessimismo irreal nunca faz bem).
-No fim, a rixa de esforço vs talento não importou mais, pois a dimensão de tudo isso já foi acrescida de outro patamar que completamente ignora todas essas tretas e o favoritismo também não interessa mais para ninguém. Você tem talento? Não tem? Quem liga!? O Aoyagi e o Teshima (agora sei o nome dele) podem não ter tanta stamina quanto os outros por fatores genéticos, mas em outras áreas se sobressaem, logo eles não podem dizer com convicção que não são talentosos ou que há uma desvantagem em cima deles, pois não há. No final o que importa é que eles estão lado a lado com os primeiranistas rumo à linha de chegada e conquistaram isso com sua própria força de vontade, considerando as circunstâncias. Espero realmente que essa não seja a última aparição dos dois.
-Sobre a parte de aspectos técnicos, a direção estava bem melhor do que aquela do episódio 14, muito mais ângulos de câmera com um storyboard bem mais abrangente. Nesse quesito, deixo meus sinceros agradecimentos ao diretor Hideaki Oba (Hunter x Hunter OVA final, episódios 2,9, 12) que fez tanto o storyboard quanto a direção do episódio 17, a Osamu Tadokoro (Nanoha, episódios 2,8 e 10), pelo storyboard do episódio 16 e a Sumito Sasaki (episódio 2 de Kamisama no Inai) pela direção do episódio. E o mais surpreendente foi que desta vez a “ação” foi tão bem coordenada que as músicas que de tanto uso já haviam se tornado obsoletas voltaram com força total destacando de forma exímia todos os momentos dessa volta final. O episódio 17 em particular foi acompanhado de uma música eletrônica que se repetia em loop a princípio e logo em seguida começou a tocar uma música no estilo dos jogos de Megaman X, seguida por uma progressão simples que faz alusão a um momento de tensão por parte do Onoda e seu inerente medo de ser deixado para trás por seus amigos e ficar sozinho novamente. Logo em seguida vem a música da vitória, aquela que toca sempre que o Onoda ultrapassa alguém, e a 100 metros de chegada as guitarras começam a tocar gritando toda a urgência e adrenalina da situação.
-Em suma, foi uma ótima experiência esses 40 minutos que assisti de Yowamushi, muito melhores e mais empolgantes que o habitual, a ponto de me deixar imediatamente motivado a fazer várias coisas apenas pelo poder que o entretenimento tem de cativar e comover. Os dois melhores episódios do anime até então e é com muito orgulho que recebem obviamente as melhores notas até agora.
Nota do episódio 16: 88/100
Nota do episódio 17: 92/100