Impressões semanais: Yowamushi Pedal 20 e 21
Episódio 20
-Gente, eu achava que o Manabe era pra ser só um cara muito feliz e contente com o único propósito de rivalizar com o Onoda, mas ele tem um passado (shocking faces). E a história dele, devo ressaltar, é a mais criativa até agora. Por quê? Simples, ela trata de eventos que ocorrem antes de ele começar a pedalar, estabelecendo inclusive a motivação dele para isso, coisa que até agora não havia sido vista em nenhum personagem, já que os flashbacks começavam sempre depois que eles já haviam começado a pedalar e comumente tinha um lugar comum em clubes de ciclismo ou corridas. Pela segunda vez (a primeira foi o motivo do Onoda) tem-se uma abordagem que vai de encontro a outros fatores que não envolvem apenas o ciclismo como um fim em si próprio.
-Manabe, como sabem agora, tem uma amiga de infância secretamente apaixonada por ele e por uma coincidência do destino incrível, foi ela que o introduziu ao que mais tarde seria seu principal hobby, efoi tudo uma incrível coincidência, pois ela poderia ter escolhido Skate ou quem sabe patins pra variar. Manabe é o velho clichê do garoto que tem o corpo fraco e não pode realizar muitas atividades (ao menos foi o que eu entendi, ele podia simplesmente estar com febre nesse dia (?)) e a sua condição frágil o fez aspirar a uma emoção até então desconhecida, o que fica explícito quando ele diz que uma espada virtual não pode causar dor ao jogador.
-“Mas, Tanaka, ele gosta de sentir dor, isso quer dizer que ele é masoquista, que ele curte uma algema e um chicote?” Não, caro leitor, não foi esse tipo de dor ao qual ele estava se referindo. Veja bem, Manabe se encontrava em uma condição na qual não poderia fazer nenhum progresso significativo, algo no qual encontrasse autorrealização. Ele queria mesmo era um desafio, a sensação de estar fazendo algum esforço para alcançar uma meta, ele queria cair para depois levantar, e assim visualizar o mundo pela ótica de uma pessoa normal e saudável que não tem que ficar de cama grande parte do tempo. E o resultado disso é…
-Sim, ele tem uma habilidade especial de se “conectar” com os elementos da natureza, ou seja, ele literalmente alcançou o cosmos e se tornou mais afiado e perspicaz que um mestre samurai cego. Mas é claro que não faz sentido nenhum (até onde meu conhecimento de mundo se estende) alguém prever um vendaval utilizando apenas o sensorial interno, ainda mais saber exatamente em qual lado da estrada o vento vai soprar. O garoto chamou o nome do vento e o vento veio até ele, Manabe é uma lenda que vai entrar para a história.
-É, Onodinha, agora são 120. Será que tu aguenta?
Nota: 71/100
Episódio 21
-O episódio inteiro foi um flashback do Kinjou e do Fukutomi no intercolegial do ano anterior. A direção conseguiu estender isso pra comportar um episódio inteiro como sempre fazem e o resultado foi satisfatório. Nenhum de nós (ao menos os que não leem o mangá, como eu) sabia nada sobre o Fukutomi até agora, e o caráter revelado na corrida foi completamente oposto ao que eu esperava. Quem imaginaria que aquele loirinho que nunca perde a compostura e está sempre sério fosse ser um piá arrogante daquele jeito?
-Não é o tipo de pretensiosismo do Imaizumi em querer ser melhor do que todos os outros (o que é normal em esportes), mas sim uma atitude de elevar a si próprio a um patamar diferente do resto com a desculpa de que nunca encontrou um oponente à altura (também conhecido como síndrome de Aomine). É algo construído na psique através de várias experiências positivas (ou negativas, dependendo do ponto de vista), e não foi ninguém menos que o capitão Kinjou a desmantelar toda essa conclusão e invalidar a lógica por ele construída.
-E o que acontece quando uma parte da psique está em viés de se fragmentar? O consciente tenta forçá-la a se desfragmentar, a negar um evento objetivo em prol da estabilidade mental (de modo a tentar evitar o surgimento de um complexo), surge um conflito entre as faculdades da consciência de sensação e intuição, entre o objetivo que se pode ver e o subjetivo que vem de pressupostos, e no caso a única solução que Fukutomi encontrou para manter tudo nos seus devidos lugares foi puxar a camisa do coleguinha, que derrubou no chão e começou a rolar que nem uma salsicha pululante.
-Obviamente isso contribuiu para ele vir a ser o que é hoje, e percebe-se em Fukutomi seu amadurecimento na cronologia atual do anime. Honra é um valor que os japoneses tem muito em conta, e ele fez o que achou que deveria, pedindo desculpas posteriormente e desafiando Kinjou dessa vez para um duelo justo e honesto. Dito isso, fico à espera da resolução dessa disputa entre ambos os capitães.
Nota: 78/100