Review – No Game No Life

Um dos melhores animes com enfoque no entretenimento puro e simples que eu já assisti.

Sinopse

Sora e Shiro são dois irmãos NETs (reclusos) especialistas em todo tipo de jogo conhecido. Entediados com o mundo real eles acabam sendo desafiados por um deus de um mundo paralelo. Após perder para os irmãos em um jogo de xadrez esse deus os convida para seu mundo, aonde a violência física foi banida e todo tipo de conflito tem que ser resolvido com jogos.
Review
No Game No Life tem um início de dar inveja a muito anime. Ele consegue te situar quanto a situação dos personagens principais – dois irmãos malucos, cheios de manias, traumas e com uma convivência bem peculiar – e apresentar um mundo novo e cheio de regras próprias em apenas 20 minutos. Até na famosa e problemática parte dos longos monólogos explicativos a obra consegue se virar bem, ao fazer uso de uma dinâmica ágil e constante exemplificação gráfica.
O fim do primeiro arco deixa bem clara a proposta da obra e o que esperar dela dali pra frente. Basicamente o objetivo é “dominar o mundo”. Uma proposta um tanto quanto bátida, mas que acaba funcionando muito bem aqui graças a execução rápida dos episódios, de modo a deixar quase imperceptível a passagem de tempo quando se está assistindo o anime. É assustador como o enredo consegue executar tantos eventos grandes em sequência e com todos “parecendo” grandiosos.

Fanservice é o que não falta! 
O anime faz jus ao material original usando e abusando de fanservice o tempo inteiro, o que pode incomodar a quem não gosta muito do gênero, mesmo a maioria do fanservice é auto-sátiro e bem contextualizado – muito graças a personalidade louca e pervertida do protagonista. Só não gostei das cenas do banho, já que diferente das outras elas soam como fanservice comum e apelativo visto em qualquer outra obra ecchi (e pra piorar essas cenas são repetidas pelo menos umas 4x durante o anime).

Ponto para os ótimos personagens, mesmo que alguns acabem não sendo muito desenvolvidos pela falta de tempo e outros sejam usados mais como alivio cômico do que outra coisa, né Steph?
A adaptação consegue balancear um conjunto enorme de gêneros muito bem, indo constantemente da comédia a tensão e de volta a comédia. Até quem quer um pouco de drama é atendido depois da metade do anime – aonde a história desacelera um pouco para explicar mais sobre o antigo Rei do país e sobre o passado da personagem principal. Essa parte é bem feita de modo geral mas quem for mais atento vai notar um certo exagero na aposta do protagonista (haviam outros métodos menos dramáticos para se conseguir a mesma coisa). Destaque para a integração da ending nessa parte, é genial.

O confronto do final do anime é bastante satisfatório e segue o padrão que a obra apresentou desde o início, com comédia, tensão e reviravoltas, só que desta vez com mais ação. A irmã do protagonista que até então servia mais de apoio do que outra coisa também recebe um pouco mais de destaque nessa parte. (Particularmente achei que a sequência no episódio 11 junto a do episódio 6 as melhores da obra, absurdamente frenéticas e variando de comédia a partes sérias em loop.)
[SPOILER] O único ponto fraco da obra é o exagero do autor em fazer tudo sempre sair como o protagonista planeja (nem Lelouch com seu intelecto superior e um Geass conseguia tamanha previsão dos movimentos do oponente). Em quase todos os clímax da pra notar que se o oponente tivesse feito qualquer coisa diferente por menor que seja o resultado teria sido bem diferente. Parece inteligente, mas pensando logicamente e levando em conta as probabilidades daquilo tudo acontecer acaba parecendo exagerado, já que não havia como prever com exatidão vários daqueles acontecimentos.
A impressão é que autor guia o clímax como deseja e no final o protagonista diz que foi tudo como ele planejou. Funciona, mas não é muito bonito/lógico quando analisado friamente e pode ficar enfadonho se repetido muitas vezes (saber que o protagonista vai sempre terminar triunfante dizendo que estava tudo dentro dos seus cálculos não é muito legal). [FIM DO SPOILER]

O epílogo deixa um sentimento de satisfação e perplexidade devido a escolha de terminar o anime em uma inesperada reviravolta. Por um lado tem aquela sensação de “eita, que isso?!” e como propaganda para as pessoas irem ler o original é ótimo. Mas para quem quer ficar só com o anime vai ser meio frustrante se não houver continuação (esperamos que haja).

Outro detalhe é que o final usado no anime é o do volume 6 da Light Novel mas o resto usou apenas o material do volume 1, 2 e 3. Ou seja, o roteirista vai ter trabalho para restruturar o roteiro caso haja uma segunda temporada, já que ele revelou o que seria a reviravolta do volume 6 no final do volume 3 (o que me faz pensar que eles com certeza não estavam com uma segunda temporada em mente quando fizeram o anime).

Análise Técnica
A direção aliada a um bom roteiro são fantásticas, conseguindo deixar os problemas do original menos notórios, além de exacerbar seus méritos e qualidades ao máximo. Os timings cômicos são excelentes, conseguindo emendar uma piada atrás da outra de modo funcional. Tem também muitas sequências inspiradíssimas fazendo referências a outras obras e são puro mérito da direção. 
Achei a trilha sonora bem competente de modo geral e a animação acima da média na maioria do tempo (apesar do uso de cores e filtros escolhidos incomodar um pouco no início).
Conclusão
No game no Life é um dos animes mais divertidos que eu já vi e tendo lido o original também posso afirmar que é um dos mais bem adaptados também. Dentro da sua proposta a obra é perfeita e se não fossem alguns exageros aqui e ali eu não teria do que reclamar. Recomendação máximo para qualquer pessoa que curta uma boa mistura de aventura e comédia.
Animação: 9/10
Direção e Roteiro: 9/10
Trilha Sonora: 9/10
Entretenimento: 11/10
Nota final: 9/10