(Guest Post) Review – Black Bullet
Em contato constante com hype sem fundamento, acaba sendo… o que toda franquia hypeada é.
Post escrito pelo nobre Raphael
Sinopse
Em um universo pós-apocalíptico onde o Vírus Gastrea tomou conta da Terra, Satomi Rentaro vive combatendo esse mal que desolou o planeta com sua parceira Enju.
Trabalhando dentro da Agência de Segurança Civil Toudou, empreiteira especializada em lidar com infectados pelo Gastrea, assume a posição de defensor da humanidade, enquanto isso busca a resolução dos mistérios de seu passado, mesmo que isso custe sua própria vida – ou a de seus aliados.
Review
Primeiramente, Black Bullet merece toda a atenção que recebeu, seu episódio de abertura é simplesmente ofuscante. Ele é dividido em duas partes: Em primeiro plano assume a posição de um shonen de batalha vingativo com lutas constantes, chamando a atenção da galera com um dos melhores antagonistas da primavera: Hiruko Kagetane.
Estou de olho em você, Rentaro-kun.
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Kagetane é o responsável por puxar o público que busca ação envolvente com muita sanguinolência e vários “Hissatsu Waza” (ou HSW para os mais íntimos), pois ele simplesmente já aparece como um “Neo” assassinando figurantes como se fossem feitos de papel machê, para logo em seguida entrar em combate com Rentaro – o protagonista – e ter uma leve conversa entre inimigos, seguida de sua escapada. Um clichê bem utilizado, de fato, ficará estupefato pela inicial potência que o Kagetane – e a equipe de animação – demonstra.
Finalizando a parte introdutória do arquirival, temos a representação visual – muito convincente, por sinal – de uma forma do nascimento de um Gastrea, insetos gigantes e novos inimigos da humanidade neste universo. E quem seria o coadjuvante responsável por esta parte? Mas é claro que é a adorável segunda face desse anime tão bem falado, liderado pela bela Enju: lolis superpoderosas.
Vou te mostrar que não estou aqui apenas para atrair público!
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Ela é uma Criança Amaldiçoada, uma pessoa nascida do útero de uma mãe contaminada pelo Vírus Gastrea, recebendo assim os poderes sobre-humanos que o Vírus gera (super força, super visão, super audição, características animais evoluídas, aquela coisa de sempre). Em contrapartida quando seu sangue alcança o nível de corrosão pelo vírus maior que a metade de seu volume, ela acaba se transformando em um Gastrea gigante, e você sabe o que uma sociedade pensaria nesse caso, não é? Ninguém quer manter uma arma biológica na sua vizinhança.
A Enju faz parte do segundo imã de fãs inserido nessa série: moe (dramático). E essa parte que vai te impressionar inicialmente, já que temos a violência pesada, questões sociais com soluções em progresso e uma fofura interminável misturados na mesma trama, e isso é ótimo… por três ou quatro episódios.
Após alguns belos episódios de Black Bullet com uma barbárie profana rolando sobre as amáveis lolis – caso não esteja completamente alienado com o show que esse anime é, você começa a questionar o que o faz tão bom, pois vários defeitos são atirados na face do telespectador.
O erro mais gritante nessa série num todo é a incrível falta de discernimento em seu gênero, quero dizer, Black Bullet não é gore com um pouco de moe, moe com um pouco de ação ou ação com um pouco de drama, ele é os quatro ao mesmo tempoe isso não combina em nada, muito menos adiciona valor cultural à trama. Nem o audacioso Kagetane consegue salvar o desenrolar do mundo dos Gastreas.
A grande maioria de fãs de anime amam momentos que aquecem o coração, mas Black Bullet tenta dividir isso a cada episódio, deixando suas sensações confusas e as vezes alcançando até os personagens.
Assistindo com um olhar crítico você perceberá que existe quase a mesma ordem em tudo: Enredo > Moe > Ação > Drama com o Moese repetindo cada vez mais com o passar do tempo. Basta observar levemente que você nota como cada parte é feita metodicamente, separando tanto o anime que dá a impressão que são mundos paralelos.
Não caia na tentação, foque no roteiro, pense no enredo!
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Após notarmos o maior problema de Black Bullet, em seguida temos os clichês absurdos, como a adição de personagens que obviamente morrerão (e mesmo assim você se impressiona, tenho que dar um braço a torcer por isso), as ações óbvias do Rentaro e o fato de que qualquer atitude que ele tome influencie a comunidade inteira que o cerca (assim como o Eren, ele é o centro do universo), seguido do renascimento de nomes gigantes para um soco, chute ou corte comum, os quais todos os usuários das Artes Marciais Toudou aderem automaticamente ao aprenderem seu estilo. É legal nomear suas técnicas, todo mundo gosta de impressões, agora passar 10 segundos para ditar um corkscrew? Crianças não podem assistir essa série, então não há motivo plausível para isso.
Por último e não menos importante temos grandes fissuras no enredo, brinde presente em diversas adaptações de Light Novels. Bipolaridade em certos personagens, a simples existência do Kagetane para observar o protagonista e a rasa determinação de Rentaro e sua memória falha, fazendo-o esquecer do desenvolvimento de sua própria personalidade, criando loops de roteiro como acontece em Kimi ni Todoke(um ciclo infinito para manter o protagonista com motivos de continuar na trama). A projeção péssima ajuda a indignação a crescer, as cenas sofrem uma arritmia terrível após o episódio 7 e o anime vira um moeshit indiscreto.
Descobrir como a verdade é asquerosa assusta, não é Rentaro-kun?
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Análise Técnica
Visualmente falando Black Bullet é bom, seu traço é original e o detalhismo nos designs paga bem. O que eu não consegui entender é o que a Direção desse anime quis demonstrar com sua exibição metódica, digo, separar o anime em pedaços “bons” e “ruins” é obviamente uma péssima ideia, você não se sente assistindo a mesma coisa, nem mesmo dentro de longos 25 minutos – Black Bullet não é um 4-Koma ora pois!
O Roteiro também parece ter sido feito às pressas, onde moeshit e drama se entrelaçam em certos momentos de uma forma muito estranha, criando cenas confusas, inerentes à situação atual dos personagens ou até da própria história.
Como ponto positivo, a Trilha Sonora é ótima, build-upsproduzidos no momento certo, a Abertura composta sob medida cria a sensação de que Black Bullet “começou” e o Encerramento deixa bem claros os problemas sociais dos atuantes principais a todo momento.
Conclusão
Se você por acaso gosta de moeshit, esse anime até pode te agradar, já que é um moeblob inserido num mundo pós-apocalíptico, entretanto julgá-lo pela sua história é como dar umas palmadas no seu filho arteiro: você não quer, mas precisa enfrentar a verdade.
Black Bullet eraum ótimo projeto, mesmo com tantos defeitos ele consegue te prender para assistí-lo; em seu início foi dito como “Revolução do moe” para depois quebrar a cara com todo o trabalho inserido indo água abaixo por necessidade de satisfazer os desejos mundanos de telespectadores que normalmente ficariam “horrorizados” com seu desenvolvimento, ou seja, socando moeshit para agradar quem “achava ruim” – isso é total influência da atual legião de fãs de animes adentro o Japão.
Serei sincero, não leio Light Novels, não li Black Bullet e logo depois de terminar esse anime não tenho a mínima vontade de procurar ler. O anime não é uma boa propaganda para quem procura material ideológico de boa qualidade.
Animação: 7/10
Direção e Roteiro: 1/10
Trilha Sonora: 7/10
Entretenimento: 7/10
Nota final: 5/10