Guia de Recomendações de jogos de RPG Maker

Meninas fofas e horror games.

Se você anda no meio do fandom de animes e na cultura pop japonesa em geral, já deve visto alguém comentando sobre algum jogo feito na engine da Enterbrain, o RPG Maker. Ela é bem popular entre a comunidade gamer por aqui (no ocidente e no Brasil). Recentemente, o jogo ocidental OMORI feito pela popular artista OMOCAT conseguiu juntar 180 mil dólares a mais que sua meta inicial no Kickstarter e financiar seu projeto para um lançamento em japonês e inglês, com plataforma para Nintendo 3DS entre outros mimos.

Mas é logico que a maior comunidade de criadores de jogos está no Japão. Lá surgem jogos feitos por uma pessoa só com pouquisímos recursos mas que alcançam grande popularidade e ocasionalmente são traduzidos para o português e inglês. 
Acho que o que eu mais gosto nesse tipo de jogo é praticidade: geralmente são curtos (não passando de 8 horas de gameplay), leves e costumam ser gratuitos. Aqui vai uma lista de recomendações que atendem esses quesitos e estão traduzidas pelo menos para o inglês. Espero que façam proveito naquelas tardes de tédio que estão por vir.

 Yume Nikki


O título pode ser traduzido literalmente como “Diário dos Sonhos” e é exatamente isso. O jogador controla a garota Madotsuki, uma hikkokumori por motivos desconhecidos, e explora seu mundo dos sonhos atrás de efeitos que modificam a aparência da personagem.
É um jogo bem diferente do comum e talvez um dos mais populares dessa lista. Yume Nikki é tão cultuado que seus fãs criam outros jogos em seu estilo de exploração, sendo os mais famosos .Flow e Yume 2nikki.
Além disso, existem várias teorias sobre o contexto obscuro e confuso do jogo espalhadas por ai na internet. Yume Nikki pode parecer um pouco cansativo para alguns por ser basicamente “caminhando por ai”, sem batalhas ou similares, dependendo apenas de seus cenários surreais mas é uma experiencia bem única.
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Mad Father



Outro jogo protagonizado por garotinhas (sim, a maioria nesse post é assim), Mad Father segue a menina alemã Aya Drives (por que diabos ela se parece japonesa e tem nome japonês? Nunca saberemos) que vive junto com seu pai (e sua assistente Maria, respectivamente) em um imenso casarão. Sua mãe faleceu recentemente e seu pai, doutor faz experimentos um tanto… questionáveis.Quando os mortos voltam do além em busca de vingança contra ele, Aya começa sua busca para salvá-lo.
Mad Father é um terror bem típico, repleto de pluzzes e sustos surpresa que te fazem saltar da tela. Não é realmente um jogo feito no RPG Maker, e sim no Wolf RPG, uma engine realmente similar só que gratuita, mas quem liga? Ao longo de nossa jornada, descobrimos um pouco mais sobre o pai de Aya e seu relacionamento com sua mãe. Aya em sí uma personagem bem fofinha (ao menos até, bem…) e ingênua e medrosa na medida do aceitável para uma criança assim. A história tem algumas reviravoltas, principalmente na parte final e é recomendo salvar sempre por que as mortes são razoavelmente constantes. 
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 OFF

Diferente dos outros dessa lista, OFF é um jogo francês e não tem nenhuma similaridade visual com seus parentes japoneses, mas perguntando novamente: quem liga? Aqui, somos uma entidade (nós, o jogador, não o protagonista) que guia e controla Batter, um homem que é… um jogador de baseball, ao que parece, numa jornada para purificar o mundo. Particulamente, OFF é um dos meus favoritos aqui citados. Não se deixe enganar pela aparência inicialmente pobre e simples: OFF é realmente bem feito e executado. O jogo combina um sistemas de batalhas simples mas que não enjoa e diversos pluzzes ao longo do gameplay com uma razoável dificuldade. No entanto, o que mais surpreende é a ambientação e os rumos da história. É difícil não chegar ao final boss e não sentir um tremendo sentimento de culpa e desconforto pelo que aconteceu ao longo do caminho. 
OFF tem design de monstros e personagens ao estilo de rabiscos monocromáticos, todos extremamente únicos. Além do mais, a OST especialmente composta por Alias Conrad Coldwood não é menos característica ( o tema de batalha Pepper Steak vai te fazer enrolar lutas para ficar ouvindo mais tempo). 
Apenas como detalhe, existem umas quebras da quarta parede feitas pelo personagem Zacharie (recomendo não deletar o arquivo READ ME se quiser avançar no jogo). O final também é bem interpretativo e aberto a teorias mas não é do tipo que deixa uma insatisfação no ar. Concluindo: é maravilhosamente underground.
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 Wadanohara and the Great Blue Sea


Wadanohara é uma jovem bruxa do mar que vive com seus familiares (assistentes): uma cegonha fêmea, um polvo e um golfinho fêmea. Ela é filha de um grande mago que um dia salvou seu mar, então, quando ele está é ameaçada novamente por uma guerra, Wadanohara fica reponsável por resolver as coisas. Além do mais, ela precisa se reconciliar com seu ex-familiar, Samekichi, um tubarão acusado de traição.
O jogo é cheio de batalhas ao longo do gameplay (que são extremamente fáceis), mas o foco é totalmente na história. Essa em sí, é bem no estilo de conto de fadas e fábulas: temos animais com forma “humana”, temos bruxas, temos princesas, deuses, numa mistura do folclore japonês e ocidental europeu. Basicamente, é fofo em todos os sentidos: tanto na beleza das sprites e character designs desenhados por Deep-Sea Prisoner quanto na simplicidade dos personagens, que apesar de rasos individualmente, formam uma grande comunidade dentro daquele mar. É um oceano de bonitinho e colorido… isso até os momentos perto do climax, ai a coisa realmente muda de figura e o criador teve que aumentar a censura para 15 anos. Apesar dessa reviravolta assim poder desestruturar todo um enredo facilmente, em Wadanohara isso não acontece: o mesmo continua ciente de sua simplicidade e não abandona seu “toque” mágico.
Wadanohara e Samekichi são personagens bem gostáveis separados mas ainda mais juntos (é, shippers vão ter ataques jogando isso). O desfecho é bem típico, mas não pude deixar de ficar bem emocionada. Enfim, recomendo fortemente.
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 Palette


Palette foi feito no RPG Maker 1998 e lançado em 2000 para um concurso da Enterbrain. Ou seja, é praticamente um ancião se comparado aos outros dessa lista que são bem mais recentes. Um ano depois, o jogo ganhou um remake para PlayStation chamado Forget me Not -Pallete-, mas aqui estou abordando o original gratuito mesmo.
Em Pallete, o objetivo é conseguir reconstruir a memória de uma mulher que se auto intitula B.D. que após uma forte amnésia só tem a vaga lembrança de uma cor vermelha.
Esse jogo tem um sistema um pouco diferente dos outros citados: você tem que ir adquirindo “pontos de memória” para avançar e conseguir chegar até mais lugares, tomando cuidado para não “gastar sua memória”. Basicamente, um quebra-cabeça.
 É  uma história um pouco mais séria e confusa se você não prestar a atenção, já que as informações são todas conseguidas fora de ordem. Para quem procura algo com um roteiro mais elaborado, não vai se decepcionar.
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 Ib

Você é Ib, uma menina visitando o museu pela primeira vez. Algo estranho acontece, todos somem e você… entra dentre de um dos quadros. Então, você está sózinha e todas as obras de arte ganharam vida!
Ib é outro título popular dessa lista, apesar de ser tão ao mais simples quanto os outros, é muito bem executado. Novamente, temos puzzles recheados de sustos para tentar fazer Ib retornar salva para seus pais. 
IB consegue criar uma ambientação bem criativa apesar da pobreza de recursos, com destaque para os momentos finais. Como Ib não tem falas e é apenas jogador representado, Gary e Mary acabam sendo responsáveis por dar carisma na parte dos personagens (principalmente Gary).
É extremamente aproveitável mesmo sendo um jogo curto.
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 The Witch House


Você morre a da cada dois minutos. É isso, resumidamente.
Como o título já entrega, acompanhamos a garota Viola, presa na floresta e que se vê obrigada a entrar numa casa… meio perigosa.
Os sustos de The Witch House se devem principalmente pela facilidade em morrer por qualquer clique errado. Muitas vezes, não resistimos à curiosidade ver o que isso ou aquilo faz e morremos num piscar de olhos. Somos desafiados por mais pluzzes (armadilhas, melhor dizendo) e ao longo do caminho, encontramos notas da bruxa que vive na casa.
Além desse detalhe, The Witch House também é conhecido por um de seus finais, que é um baita plot twist. É ainda mais curto que Ib, vale a tentativa.

 The Crooked Man

David acaba de se mudar para seu apartamento depois que sua mãe foi internada no hospital. O problema é que o lugar está tendo acontecimentos meio… estranhos. Assim, ele resolve sair em busca do antigo dono para saber o porque disso.
The Crooked Man é um jogo focado no psicológico do seu protagonista. Com o passar das fases, vamos descobrindo mais sobre ele (além do dono do apartamento, lógico), num tom bem depressivo. Ele foi feito na mesma engine que Mad Father, não é muito refinado graficamente apesar da boa atmosfera.
É uma história um pouco mais pé no chão que as outras aqui listadas (fora a de Palette), apesar dos elementos de horror. Acaba tendo uma pegada diferente das mesmas, mas recomendo.


Gray Garden


Dizem que Diabo e Deus são inimigos mortais, mas esse jogo inverte essa lógica: A deusa Ethiw e Diabo Kcalb vivem juntos (não só vivem juntos, são um casal de velhos!) zelando por um mundo em que anjos e demônios trabalham em harmonia. Ali, seguimos a demônia Yosafire e sua amiga anja Frozen, vivendo dias de paz. Basicamente: cute demons/angels doing cute things, inclusive, são 4 protagonistas femininas que acompanhamos a maior parte do tempo. Ou até que seres estranhos começam a incomodar, mas isso não tira a leveza da história.
Esse jogo é antecessor de Wadanohara, também criado pelo Mogeko, apresenta muitas semelhanças com ele (apesar de ainda não ser tão rico e trabalhado). É classificado como All Ages (ao contrário de Wadanohara que é R-15) mas ainda assim existe uns momentos meio sangrentos por ai que me pegaram despercebida, ainda que sem o elemento terror. Também tem batalhas, mas não chega a ser um boss atrás do outro como Wada e são tão fáceis quanto. E fofo e carismático, o que mais você precisa?


 Menções Honrosas:


Liet (a trilogia) e Alice Mare: 
Jogos criados por △○□× (Miwashiba), que também é conhecido como desenhista de alguns MVs relacionados à VOCALOID. Como esperado, eles tem uma pixel art bem bonita. Ainda não joguei, mas resolvi deixar citado.

Courpse Party -Rebuilt:
Você já deve ter ouvido falar da versão para PSP (que é um remake) mas não do jogo original lançado em 1998. Ele foi refeito para PC e pode ser jogado gratuitamente. Também não testei ainda, mas fica aqui o comentário.

Mogeko Castle:
Primeiro jogo de Mogeko, foi feito originalmente no RPG Maker 2000 e atualizado para o RPG Maker VX Ace recentemente. Um jogo de terror non-sense, cômico e sátiro. Definitivamente não é tão polido quanto Gray Garden e Wadanohara, mas para ver a evolução do Mogeko, recomendo jogá-lo primeiro e depois os outros dois, na ordem. Ah, as tendencias questionáveis do Mogeko ficam bem claras nesse jogo.

The Mirror Lied
O mais curto aqui (cerca de meia hora), feito pelos criadores do conhecido To the Moon. É realmente díficil descrever a história desse jogo, apenas defino como um tremendo mindfuck e que eu duvido que você entenda. 
Comparado a maioria dos jogos aqui citados, é bem mais refinado visualmente, similar a To the Moon nesse aspecto. É uma experiencia bem louca e você não vai gastar muito tempo.

Misao
Antecessor de The Mad Father, inclusive tem referências ao mesmo. Basicamente, um fantasma de uma garota morta no colégio levou a escola toda para outra dimensão (lol) e seu objetivo é achar as partes de seu corpo para agradá-la. Mesmo caso dos jogos do Mogeko: é melhor jogar na ordem de lançamento para ver a evolução do criador (Sen, no caso).

Ao Oni
 É um jogo bem popular por ai, mas eu francamente tentei jogar e não gostei muito… Mas enfim, fica ai menção.

 Links úteis:


Página da vgperson: boa parte dos jogos falados aqui estão traduzidos em inglês nessa página. Ela traduz músicas relacionados à VOCALOID.

BONUS

Esse trailer (fake) foi feito pelo artista Artista Mike Inel retrata cenas de Ib, The Witch House e Mad Father. É excelente apesar da animação limitada e não me canso de rever.

Alguns fanarts realmente legais que eu separei dos jogos citados acima, com link para a página de seus artistas. Alguns podem conter spoilers, então só vejam se jpa tiverem jogado ou não liguem para isso.
Yume Nikki
Gray Garden

E novamente por fim:

O resto: