Honestamente, nunca pensei que conseguiriam colocar essas adaptação em ordem tendo apenas 12 episódios para uma história de 90 capítulos. Mas a vida continua a me surpreender, mesmo nas coisas mais bobas.
Yamada até o momento está se saindo uma das minhas surpresas da temporada. Eu não esperava nada dele quando soltaram o número de episódios. Como esperaria afinal? Eles tem um arco de 90 capítulos para 12 episódios! Isso é tão insano que para dar uma ideia a maioria dos animes de 2 cour (24/26 episódios) costumam usar apenas 60 a 80 capítulos (estou me limitando a mangás semanais de 20 páginas o capítulo).
O modelo padrão nesses casos é ir cortando algumas partes e colocando o máximo de capítulos seguidos em um episódio. O que não funciona direito, já que as piadas e dramas são jogados tão rápido que ficam sem timming. Em Yamada, no entanto, isso não está acontecendo. Qual é o segredo? Vamos tentar descobrir, enquanto analiso rapidamente cada episódio.
O primeiro episódio usou 6 capítulos, um total de 180 páginas. Lógico que muita coisa foi cortada ou modificada, mas ficou legal: os personagens parecem simpáticos, você já está shippando o casal principal no episódio 1, tem bastante comédia, desenvolvimento, os timmings estão ok, e termina já introduzindo mais um personagem. Alguns desenvolvimentos da protagonista feminina foram cortados, mas não tinha como manter tudo de relevante com o tempo que eles tem (ou talvez seja, já que o episódio 3 voltou com o que cortaram no episódio 1).
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O troca troca descontrolado de corpos do ep 2 gerou cenas muito engraçadas. |
O episódio 2 segue um esquema similar ao primeiro. Yamada, embora cômico no geral, tem suas partes sérias focadas no drama pessoal dos personagens. A Shiraiyushi era uma garota isolada que sofria bulling até receber a ajuda do Yamada, mesmo que a contra gosto. No caso da nova personagem, é uma garota desacreditada e sem amigos, que também acaba conseguindo encontrar o que lhe faltava ao conhecer o protagonista.
O ponto interessante aqui é que o Yamada acaba a ajudando só depois. Ele é legal mas sem cair no clichê do personagem super gente boa que ajuda todo mundo de graça. Ele estava preocupado é com a reputação da Shirayushi quando espalham o boato de que ela estava namorando ele, e foi isso que ele tentou concertar inicialmente (ser egoísta nesses casos é bom, algo muito mais realista do que ver alguém super gente boa com todo mundo). Esse episódio usa bem menos do mangá. “Apenas” 4 capítulos, com alguns cortes e ajustes aqui e ali.
O episódio 3 foi o que mais me surpreendeu até agora (e motivou a escrever esse post). Voltaram no desenvolvimento da Shiraishi que pularam no episódio 1 (o lance da faculdade), misturaram um plot cômico de quando ela fica doente do capitulo 10 (no episódio 2 cortaram a parte do resfriado e usaram só o troca troca de corpos do cap 10), e fizeram isso ao mesmo tempo que avançavam mais 5 capítulos, do 11 ao 15. No total tem partes de 8 capítulos diferentes nesse episódio e em nenhum momento ele soou corrido.
Originalmente a missão deles passada pelo concelho estudantil era convencer a líder do clube de Karatê a sair de um prédio antigo do colégio para que ele pudesse ser usado para outros propósitos. Do cap 11 ao 15 é basicamente isso. No anime eles trocaram o pedido para convencer a Shiraishi a ir para a faculdade, algo que é tratado nos capítulos 2 e 3. Basicamente, pegaram o começo e fim do arco do capítulo 11 ao 15 e substituíram o miolo dele com o conteúdo importante que pularam anteriormente. É brilhante! Ele mantem o início do arco e o resultado final dele (conseguirem verba para o clube) ao mesmo tempo que deixa o plot a ser resolvido (missão do Yamada) muito mais relevante que no original. Fui até olhar quem era o roteirista (
aqui).
Sobre o episódio em si, desenvolveram o background familiar da Shiraishi mais um pouco, e o modo que o Yamada usou para convence-la a ir para a faculdade foi bem legal. É um texto esperto em uma obra que finge ser boba.
O episódio 4 continua o foco no desenvolvimento da Shiraishi (que está bem bacana) e acrescenta um novo problema/mistério, com Yamada tendo seus poderes alterados após tentar trocar de corpo com uma garota que o estava chantageando. É legal ver como a autora não ficou na zona de conforto usando o mesmo poder até a ideia perder a graça para decidir colocar algo novo, além do ganho em termos de “deixar o telespectador curioso para saber o que exatamente está acontecendo”. Os membros do clube apaixonados pelo Yamada ficou muito engraçado também. Comparativamente ao mangá esse episódio foi o menos criativo no entanto, só adaptando sem grandes mudanças do cap 16 ao 19.
Não sei se o anime vai conseguir se manter assim, mas só de saber que o roteirista é inteligente o bastante para tentar adaptar e misturar partes importantes dos capítulos em episódios praticamente originais, ao invés de apenas colocar um bando de capítulos em ordem no mesmo episódio, me animou bastante. Será que ele consegue a proeza de criar algo legal por 12 episódios seguidos, ou o início foi apenas sorte? A única coisa que falta no anime no momento são bons cliffhangers que chamem para o próximo episódio (no ep 1, 2 e 4 teve, mas foram fracos), nesse ponto o mangá funciona bem melhor, quase sempre terminando um capítulo com um gancho para o próximo. Mas fora isso o anime está ótimo, misturando comédia, romance, desenvolvimentos e mantendo a trama em constante movimento todo episódio. Basicamente a receita para um bom entretenimento.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Extras
Esse personagem que apareceu no início do episódio 3 é uma referencia a outro mangá da mesma autora. Ele é o protagonista de “Yankee-kun to Megane-chan”.
As caras e bocas do Yamada no anime estão 10/10.