O que é um herói?
O que se deve ter para ser um herói?
O que é necessário para ser um herói do Ping Pong?
Ping Pong é mais que um simples anime de esporte, é uma história sobre uma amizade de infância.
Ping Pong é um anime que eu até hoje estou surpreso que foi feito, ele é baseado num mangá que teve um Live Action em 2000, de autoria de Taiyou Matsumoto (de Preto & Branco, adaptado para filme e lançado no Brasil pela Conrad em 2001) concluído em 5 volumes publicados originalmente na Big Comic Sprits da Shogakukan. A história é basicamente sobre dois amigos Peco e Smile que jogam Ping Pong desde crianças, sendo que Smile sempre se acanhou perto do amigo Peco, até que um treinador vê que Smile tem potencial de ir para mais longe.
Ping Pong não é um anime acima da média comparado aos muitos que saem todo ano, mas ele é acima da média no que é normalmente o gênero esporte nas antologias e animações oriundas do Japão.
Como costuma ser de praxe, Esporte em mangá é quase que uma versão de coisas de porrada com uma bola ou corrida. Já vimos esse clichê em Yowamuchi Pedal, onde a força de vontade faz você subir uma montanha mesmo estando literalmente acabado. Ou como em Saki, onde a cada peça de mahjong que as meninas puxam sai um demônio.
Ping Pong é sobre heróis, mas sobre outro tipo de herói.
Smile é um garoto tímido, quase robótico que sofre bullying na escola por causa disso, já que crianças são cruéis, não seria um “Golgo” que seria poupado. Apesar do seu apelido, ele não sorri. Peco é o “herói” da história, ele é o grande amigo de Smile, quando ele está na escola, Smile não sofre com bullying, Smile é feliz e tem motivos para sorrir, ele é o modelo de pessoa para Peco.
“Eu posso ser como você?” é uma frase que exemplifica bem a relação dos dois. Ping Pong é sobre como um herói através do Ping Pong salvou uma criança e mais tarde, essa criança salvou o herói. A trama se desenvolve através de jogos consideravelmente emocionantes e realistas, aonde, ao contrário da maior parte dos animes de esportes atuais, não existem poderes. O se faz e pensa durante um jogo de tênis de mesa é colocado de forma realista na tela.
Mas que torna Ping Pong especial é seu pano de fundo, que ele desenvolve aos personagens, o jogo é algo secundário. Nós vemos como um esporte pode unir as pessoas, separa-las e possivelmente uni-las de novo. O motivo de Smile ser o “sorriso”, é porque quando ele sofria bullying, Peco foi o seu herói e o salvou e deu um motivo para ele sorrir através da união que eles criaram através do esporte.
E por ter sido salvo, a grande moral da amizade aqui é que o salvador pode ser salvo. Ele se perde, mas com a ajuda de seu amigo ele consegue dar a volta por cima, e repetir a história do passado. Afinal, “heróis não tem pontos fracos.”
Apesar desse excelente desenvolvimento por parte dos protagonistas, existe um demasiado desenvolvimento nos secundários, além de muita repetição de cenas. É louvável que realmente tenha um grande foco nos personagens, mas em alguns momentos existem panos de fundos que são dispensáveis. Como isso é uma história sobre esporte em primeiro lugar, seria bom que houvesse mais cenas de esporte.
A exemplo, temos Kazama e Yurie: desenvolver o Kazama é consideravelmente ok, visto que ele é um dos favoritos para vencer o torneio de Ping Pong, fazendo dele um elemento importante para a trama, mas Yurie é simplesmente inútil. Ela meio que serve pra preencher a cota de personagem feminina – existem duas (mas a outra tem total utilidade na história) -, e o editor na época deve ter falado “Ow, teu mangá tem homem demais, coloca mais umas mulheres ai.” E assim nasceu a Yurie. É totalmente irrelevante que eu saiba que ela quer ir pra Paris e ser desenhista de moda, se o Kazama não é influenciado em nada com isso. Aliás, nem o outro personagem que gosta dessa personagem precisaria dela existir, já que sua motivação poderia ser simplesmente ser melhor que o Kazama e ponto, não precisa de muito mais desenvolvimento que isso.
Também é irritante em plena final ficar fazendo flashback sobre sangue e ficar repetindo que sangue tem gosto de metal. Eu quero ver é a partida, não ficar tendo que ler (ou no meu caso, traduzir) pela milésima vez que sangue tem tal gosto.
Felizmente, Ping Pong soube a hora soube a hora de acabar. Vemos apenas de forma bem apressada (mas não mais que Aishiteruze Baby) o que acontece depois da final do torneio regional, mas é o suficiente. Ter ido mais além apenas ofuscaria a história, então eu agradeço a bravura do autor em terminar no momento ideal, mesmo que deixe um gostinho de quero mais. Foi um longo túnel que presenciamos, e o autor merece ser beijado por ter chegado até aqui sem ter se perdido nessa terra dos sonhos.
Confira essa ótima história de amizade sob o sol vermelho, que eu espero um dia ver por aqui em forma de mangá.
Live Action
Como citado antes, Ping Pong tem um filme de 2002 com atores reais, a principal diferença entre ele e o anime, é que o filme “corta” muitas cenas que desenvolvem os personagens (incluindo os principais, chegando ao ponto da relação entre Smile e o seu treinador ser um tanto mal desenvolvida, e as partes do treinamento do ressurgimento do Peco praticamente não existirem) e se foca bem mais nas partes de Ação. Apesar disso, é bem fiel até onde eu vi e possível ver com a família toda.
Para quem quiser ver o anime pode-se baixar
aqui, e o filme
aqui.