Primeiras Impressões: One Punch Man

Aproveitando a pre-estreia do episódio 1 que teve essa semana resolvi fazer um review adiantado do episódio, que é um bom exemplo de como fazer a adaptação ficar melhor que o original. Mas será que vão conseguir manter o nível?

Retrospecto da obra

One Punch Man é uma obra estranha. Embora muitos façam propaganda da arte sensacional do Murata (desenhista) e das lutas, ele é em essência uma paródia de um super herói entediado com a vida por ser forte demais, aonde por mais legal que sejam as lutas, elas são sempre criadas em um contexto nonsense. Os vilões (e vários dos heróis) são um mais ridículo que o outro, com sua história de criação sempre sendo uma espécie de paródia a Power Rangers ou shounens de ação, e o herói, que fica mudando de uma carinha séria para uma que lembra aqueles “modos chibi” o tempo todo, também dão uma noção de que a obra não se leva muito a sério. 
Se a pessoa for com a ideia que One Punch é uma comédia com cenas de ação legais (ele se encaixaria bem no meu Top 5 de comédias com ação até), ao invés de achar que vai assistir algo sério, irá se dar muito bem com a obra. Caso contrário pode se frustrar um pouco, como já vi alguns fazendo por pensarem que seria um shounen de ação com super heróis.
Saitama e Genos.
Adaptar o começo de One Punch era meio complicado porque são apenas 4 histórias soltas com o protagonista cada hora enfrentando um inimigo diferente ou falando da vida dele antes de virar um super herói (ele era mais “cool” com cabelo falando nisso, o que segundo ele foi o preço pagar por treinar tanto hahaha). Se você notar dá até pra trocar as coisas de ordem no episódio 1 sem afetar nada. Só quando Genos (o herói meio robô da última imagem acima) aparece que a história ganha um pouco mais de linearidade, ainda que não tenha plots muito longos, ao menos começa a haver uma sensação de continuidade e progresso na história, conforme o Saitama sobe nos ranks da associação de heróis com seus feitos e vai fazendo amizade com outros super heróis.
O Genos é uma ferramenta do enredo para gerar comédia junto ao protagonista e alguém para criar lutas mais movimentadas, já que apesar de ser muito forte ele não é exagerado como o Saitama, então as lutas dele são bem disputadas. A não ser que adicionem partes originais não espere o protagonista se movendo igual nesse final do episódio 1, ao menos não até a saga do alien super sayajin Borus, lá para o final do primeiro cour. Quem vai protagonizar as lutas de movimento apartir do episódio 2 do anime é o Genos, como os trailers do final do post revelam bem.
Primeiras Impressões do anime

Esse primeiro episódio de One Punch fez um ótimo trabalho em apresentar a principal frustração do protagonista: “ser forte demais é chato”. Uma coisa que é levada de forma cômica na obra mas muitos autores por ai deviam refletir sobre, já que colocam personagens absurdos em suas obras sem inimigos a altura, gerando um bando de lutas tediosas no processo. A maioria das pessoas quer ver o personagem ao menos suar nas lutas, não ganhar com cara de tédio, ou se o fizer, ao menos que o enredo esteja consciente do quanto isso é chato, como One Punch Man faz.
A parte do episódio com o protagonista melancólico e uma OST de fundo triste pelo vazio que ele sentia a cada dia por não ter um desafio de verdade ficou muito legal. A interação e luta dele com os vilões ficou boa também, cheia de cortes fluidos e um pouco de comédia. Mas foi o final que me ganhou. Com base naquela luta do final começo realmente a achar que esse pode ser um dos destaques do ano, e não só um bom anime seguindo o original fielmente.

Luta do final do episódio 1:

Dei uma editada no som para OST ficar mais destacada, principalmente apartir de 30s quando ela entra no ápice, mas ainda assim é recomendável escutar com som alto (a edição de som desse anime deixa a BGM muito discreta, ou então é a qualidade ruim do arquivo).

Essa luta do anime é do capítulo 4 do mangá, mas são só umas 6 páginas, quase tudo que teve no anime naquela luta foi original, transformaram 5 páginas em 4 minutos de luta! E que luta! Mesmo eu não sendo tão fã da distorção de design para gerar impacto, foi um senhor show de animação fluida e excelentes coreografias de ação (vai ter maluco dizendo que vão corrigir as deformações do design ou cortes de animação meio cartunescos no BD, mas não esticam personagens em cortes fluidos sem querer! Fazem de propósito! Eu entendo quem prefere um design sem deformações em lutas fluidas como em Fate, mas aquelas de One Punch são propositais, e como é um anime de comédia eu acho até que combina).

A OST pela qual eu não dava muito depois de saber quem era o compositor (aqui), ficou até boa, ela realmente empolgou na luta da ponte e emocionou na luta contra os gigantes. O problema é que de uns 5 a 7 tracks diferentes que tocaram só 2 se destacaram (os da última luta).

A melhor parte do episódio ser algo quase todo original do anime é um ótimo sinal, o problema é que agora fica a expectativa para que façam mais disso, já que ninguém quer que essa seja a luta mais legal do anime, queremos algo ainda melhor. Só que honestamente, não lembro de nenhum luta empolgante como essa no mangá, então espero que inventem uma no anime (podem tornar aquele Alien mais desafiador do que foi por exemplo, fazendo o Saitama se mexer mais, como na luta desse episódio 1). De qualquer modo, se One Punch não cativa com uma trama que você quer saber como continua – a lá Attack on Titan -, ao menos ele te dá lutas bem legais, te incentivando a voltar para ver mais.
Avaliação: ★     
Número de episódios
O número de episódios ainda é um mistério. Usaram metade do volume 1 nesse primeiro episódio, o que funcionou bem. A luta contra o alien Borus, que é o maior climax que teve até agora no mangá, vai do meio do volume 6 até o meio do volume 7. Se levar em conta que uns 4 capítulos nesses 7 volumes são praticamente gifs com movimentação de luta detalhada, que vão ser adaptadas em menos de 1 minuto no anime, essa luta contra o Alien do volume 6 deve dar as caras no episódio 11 ou 12.

Se for 2 cour (24 episódios) só com o material do mangá (9 volumes), não vai dar, então vão muito provavelmente usar o mangá original (One Punch era um mangá amador que foi relançado com desenhos do desenhista Murata depois. O original ainda é publicado e está bem adiantado comparado a versão refeita, então podem usar ela de base para fazer um segundo cour, totalizando uns 24 episódios). De qualquer forma, com 12 ou 24 episódios o anime deve fica bem legal se continuarem aumentando as lutas como fizeram nesse episódio.

Editado 01/10/2015 -> O anime foi confirmado como 12 episódios.

É sempre bom lembrar
O grande público vai puxar o saco da Madhouse se algo ficar do jeito que eles queriam e reclamar da Madhouse do que não ficou do jeito que eles queriam (como a animação ser meio cartoonizada as vezes), mas fica dica de que o diretor principal dessa obra é um freelancer sem ligação com a Madhouse, que cada hora está em um estúdio diferente (o último trabalho dele foi Space Dandy do Bones). O diretor de animação principal e designer também é um freelancer, assim como os principais animadores que estão trabalhando na obra (alguns são do estúdio Bones). A Madhouse é basicamente o estúdio que eles estão usando como suporte mas a adaptação é feita por um bando de freelancers talentosos sem ligação com o estúdio, lembrem-se disso na hora de dar todo crédito ou meter o pau no estúdio. Mencionar o diretor em vez disso é uma ideia melhor. Ninguém dá o crédito ou reclama da Warner Bros pelos filmes do Cristopher Nolan, então porque fazer isso com animes?

Uma coisa que não gostei, por exemplo, foi a arte dos backgrounds ser bem genérica. É algo pequeno, então não importa tanto, mas um background mais destacado sempre dá um charme a mais (principalmente se você quiser um tom cinematográfico). Quem escolheu eles foi muito provavelmente o diretor, já que quase nenhum estúdio faz backgrounds, eles encomendam de estúdios especializados nisso. Então mesmo acertando no geral tá ai uma coisa pra cutucar nas escolhas da direção. É aquele famoso “não ficou ruim, mas poderia ter ficado melhor”.

O próximo mega hit?
“Mega hits” são animes fechados de temporada que viralizam na internet a ponto de ficarem super populares em todo canto do mundo. Aquele anime que tem tanta gente assistindo que você, mesmo não estando afim, começa a ver também, só para não ficar por fora das frequentes discussões sobre o mesmo.

Muito se especula se One Punch vai ou não virar o mega hit de 2015 (que até agora não teve nenhum). Virar um mega hit não é muito fácil, depende não só de características como plot acessível para quase todas as etnias (não ser muito focado em costumes da sociedade japonesa), ter um enredo simples e personagens que o público consiga simpatizar, mas sempre tem um pouco de sorte envolvida também.

O último mega hit foi SnK em 2013 e SAO em 2012, em 2014 teve animes bem populares mas nenhum “mega hit”, e esse ano ainda não apareceu nenhum também. One Punch Man tem chances? Eu acho que sim, super heróis é uma coisa bem universal e o enredo de One Punch é bem simples (até demais para seu próprio bem). Mas devido a ser uma comédia sem plots que durem mais de 2 episódios, ao invés de um anime sério com enredo linear, pode acabar não dando tão certo para todo mundo como se pensa, afinal, nunca houve uma comédia mega hit, só animes de aventura, ação e suspense que se levavam a sério (Code Geass, Death Note, SAO, SnK). Outro problema pode ser a animação estilizada que aparece as vezes, que muita gente não tolera, mesmo em comédias.
No mais veremos se uma comédia com bastante ação vai conseguir o posto de mega hit pela primeira vez.

Trailers

Relacionado:
AnimeTopics #05 – A OST / BGM / Soundtrack – Porque ela é tão importante?
-AnimeTopics #02: Estúdios X Staff X Produtoras – Quais suas respectivas relevâncias? Existe um mais importante?
Animação boa x Animação ruim, como diferenciar