Review – Digimon Adventure Tri #01: Legal para nostalgia, mas….

Pra quem queria ver os personagens que fizeram sua infância de volta, essa terceira temporada dividida em 6 filmes/OVAS (que foram divididos em 4 episódios cada) é até legal, mas o roteiro……

O começo é bem parado, reapresentando todos os personagens e o que eles fizeram da vida ao longo dos anos, somado ao início de um estranho evento, ligando o mundo digital com o real. Para quem conhece os personagens o tempo passa até rápido pelo fator “nostalgia”, mas se você não conhece a série vai ser meio chato (se bem que essa OVA não serve para quem não viu Digimon Adventure, não explicam quase nada).

Depois da primeira parte vem um pouco de ação, e nessa parte a história até que fica divertida. Diferente da série em geral, que tem uma animação comum, as lutas foram melhor animadas, mesmo que em geral quase todo o investimento seja em efeitos de fumaça e explosões, não em coreografia de luta e movimentação.

Aqui já começamos com o primeiro problema lógico da série no entanto. Na serie anterior, após adquirir uma nova evolução, os personagens sempre iam pra ela direto. No caso, porque Agumon virou Greymon em vez de MetalGreymon ou WarGreymon? Que poderia ter vencido aquela criatura facilmente. Eu pensei que eles estavam com algum limitador, e ai tudo bem, mas chega o final e os dois usam todas as transformações do nada.

O filme/OVA segue na parte 3, e agora tentam desenvolver um conflito para o protagonista, Tai. Desenvolvimento de personagem? Legal. Só que não! O conflito interno dele, embora lógico, acaba se tornando sem sentido com o passar do tempo.

Como assim? Ele não quer lutar, porque se ele o fizer pessoas vão se ferir. Ok, valido, acho bacana esse tipo de preocupação, que ele não tinha antigamente. Mas como todo mundo já explicou pra ele, se ele não lutar ainda mais pessoas vão se ferir. A questão é controle de danos, porque evitar eles não dá. Ele se recusar a lutar enquanto vê um monstro destruindo coisas e machucando pessoas não faz sentido.

Esse “bloqueio psicológico” dele, fica portanto, parecendo uma forçação de barra do roteiro, tentando criar um desenvolvimento de personagem para dar maturidade a série, só que sem notar que não existe nada de maduro no prolongamento desse conflito. Refletir sobre o assunto faz sentido, mas decidir não lutar é ilógico, já que mais pessoas ainda acabam se machucando se eles não agirem. E pior, deixa o personagem que tanto gostávamos parecendo um fresco, que dá pra trás em todas as lutas do meio da OVA pra frente (esse era o cara do brasão da “””bravura”””?).

Se queriam esse tipo de desenvolvimento, que fossem mais fundo. Alguém querido pra ele tinha que ter se machucado gravemente ou ele tinha que ter visto alguém morrer. Desse modo, ao menos teríamos um trauma a ser superado, e não um conflito, que ao meu ver acabou ficando sem sentido na parte 4 da OVA. A série não mostrou nada disso, só alguém randômico dizendo que seu parente se machucou.

No climax final da OVA vem a parte mais estranha. Depois de ficar usando só a transformação de Greymon a OVA toda Agumon e Gabumon usam suas transformações lv2 e lv3 do nada, em cerca de 5 segundos, e depois se fundem virando Omnimon. Porque eles não usaram isso antes (transformação lv3) para derrotar aqueles monstros do início da OVA? Porque eles foram se transformando e batendo no Alphamon em vez de virar WarGreymon e MetalGarurumon, e se fundirem de uma vez? Dar alguns “fanservice” para alegrar os fãs tudo bem, mas acho que criar uma história coesa é mais importante.

Chegada a batalha final da OVA você pensa, “agora vai ter uma luta legal pelo menos”. Mas acaba não acontecendo muita coisa. O embate dura poucos segundos, Omnimon prepara um super golpe e…….bem, seria spoiler contar, mas foi bem anti-climático.
No fim das contas o que mais gostei desse filme foi a interação natural dos personagens e a tentativa de formar pares românticos (a nova personagem deve fazer par com alguém). Mas a história em si eu achei mal desenvolvida.

Sobre a animação, ela não está no nível de um filme, é nível de anime para TV com cenas de ação razoavelmente bem feitas e o resto comum (o melhor das cenas de ação estava todo naquele trailer que soltaram faz uns meses). Claro que, vindo da Toei não ter um bando de “quality” com certeza já é lucro, mas quem esperava algo alto nível pode se decepcionar (aqueles backgrounds com arvores fosforescentes são estranhos também).

A direção soa um tanto quanto amadora em algumas partes (o irônico é que esse diretor não é um novato), não consegue desenvolver o conflito do protagonista de forma a parecer algo palpável, e não sabe criar tensão nas lutas, você nunca tem a sensação de alguém do grupo pode realmente morrer.

Diria que esse anime vai ser muito bom para quem tem um forte senso de nostalgia, essas pessoas vão se divertir bastante. A direção tenta evocar nostalgia com tudo que pode, até a trilha sonora é a mesma da série original (pensei que ia rolar um mix ou coisa parecida, não usar a mesma). Além disso a maioria vai ficar feliz vendo os personagens e as interações românticas começando a surgir entre alguns deles.

Mas a nível de história eu achei essa OVA fraca. Foram 4 episódios, é o tempo padrão que a gente costuma dar para um anime de 2 cour (24 episódios) mostrar a que veio, então ser o começo não é uma desculpa. E foram eles que escolheram esse modelo de distribuição em filmes/Ovas separados. A nível de filme de Digimon o de 2000 do Mamoru Hosoda é uma opção muito melhor (isso é um climax legal!).

Fico meio triste com isso, porque esperava que essa OVA fosse ao menos muito divertida. Mesmo se tivesse animação ruim, o que não foi o caso, eu perdoava, mas lutas sem emoção ou lógica, e conflitos psicológicos que acabam perdendo o sentido na narrativa ao longo do tempo? Ai complica. Pode melhorar nas próximas OVAs em 2016? Pode, mas depois desse início fiquei com o pé atras. Ainda assim, eu gosto da obra, então espero que o roteiro fique mais redondo nas continuações.

Direção: 6/10
Roteiro: 6/10
Animação: 7.5/10
Entretenimento: 7/10
Nota final: 6/10

Extras:

Esses dois parecem aqueles casais de homem que as fujoshis adoram shippar, não sei se fizeram de proposito, mas é o que ficou parecendo.

Porque o Tai em alguns momentos tá vermelho pra caramba e em outros tá normal? Qual é o problema com a “direção de cores” desse anime? (pessoa da staff responsável só por supervisionar as cores).

As Arvores fosforescentes que falei, e não tem detalhes ainda, ficou bem estranho, parecendo meio amador até.

Curiosidade: A Toei não fez nada desse anime. O projeto é dela, mas ela repassou para um outro estúdio fazer toda a animação ¬¬. Esse é o nível do “me importo muito com essa série” que ela tem.

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