Impressões semanais: BokuMachi #01 e #02

Comecei meu impressões semanais em 2013 com um slice of life, depois fiz ação, depois ecchi, depois ação/aventura, comédia/ecchi, drama, ação/aventura de novo, e agora tentemos suspense. Não podem reclamar que eu não vejo de quase tudo.

BokuMachi episódio #01 e #02

Acho BokuMachi peculiar dentro do seu gênero de mistério e suspense. Animes desse modelo costumam ser um tanto quanto lentos. Esse, no entanto, está sempre com a narrativa em movimento. Nunca ficamos em uma cena ou conversa por mais tempo que o necessário. Lógico que, em parte, isso é devido a adaptação ter que enfiar 8 volumes de um mangá em 12 episódios, quando o normal de 12 episódios é adaptar de 3 a 4 volumes. Mas nesse caso o resultado parece estar sendo positivo, mesmo que com alguns cortes.

Se BokuMachi fosse feito no ritmo normal da maioria dos animes desse gênero, o que se passou nesse episódio seria o episódio 4 ou 5, e muita gente estaria reclamando de estar acontecendo pouco por episódio (eu incluso). Esse ritmo, inclusive, foi o que me animou a pegar ele para comentar. Meu medo era exatamente ficarmos no “não está ruim, mas quase nada acontece por episódio”.

Se no primeiro episódio tivemos uma boa apresentação do protagonista, seus poderes e o problema central que vai guiar o anime: concertar o passado para que a mãe do protagonista não morra no futuro. No episódio 2 tivemos uma introdução ao passado, seus personagens, e mistérios.
Achei bem realista o desespero do protagonista em querer ver a mãe, mesmo que ele estivesse no passado. Me parece o mesmo que eu faria depois de ver o que ele viu no presente: a mãe morta. Vai ser interessante ver tudo na visão de um adulto em corpo de criança. A introdução dos colegas dele foi muito bem feita também, soava natural a relação deles, o que é difícil de fazer. Assim como a interação dele com a garota.
O único porém em BokuMachi é que eu nunca na vida vi crianças de 10 anos falando daquele jeito, ou tendo pensamentos com profundidade, que soavam um tanto artificiais as vezes. O protagonista fazer isso eu entendo, mas a garota não. Vou relevar isso na maior parte do tempo, mas levando em conta alguns diálogos do episódio 2, os personagens terem uns 14 anos pareceria mais natural.
O episódio em si foi só uma nova introdução, ao passado dessa vez, e a resolução do protagonista sobre o que tem que fazer. A beleza não está no que aconteceu, mas em como aconteceu. Foi um episódio muito bem dirigido. As tomadas em pontos incomuns do cenário, as transições criativas, as partes sutis mas muito bem animadas, e alguns cortes de câmera mais complexos. O primeiro episódio foi ok tecnicamente, mas esse foi bem acima da média, em vários aspectos. A trilha sonora de Yuki Kajiura está excelente também, finalmente fugindo do padrão de arranjos que ela vinha seguindo faz uns 5 anos.
Em suma, outro excelente episódio. Sem um final com impacto, como o episódio 1, mas com uma narrativa bem estruturado, bem animado, e com uma trama que te instiga a querer saber o que está por vir.

Avaliação: ★    ★ (+)
Extras

Muito legal essa cena feita com “sutileza”. Ela quer ter peso, não te impressionar ou chocar. Ao deixar os abusos da mãe mudos e com uma cortina você tem ideia do que aconteceu e se sente mal, mas a cena não fica tão pesada, comparado a se mostrassem os abusos de perto.

Tem várias cenas em nível cinematográfico nesse episódio, com um belo uso de fotografia.

SAO não é bem animado por causa de verba (não que isso não ajude), mas sim porque o diretor conhece um bando de bons animadores e se importa com esse aspecto. Essa foi uma cena bem animada de graça. Normalmente economizam nesse tipo de cena, mas esse diretor tem contatos com um bando de animadores de ponta, então porque não animar os movimentos do personagem fazendo hamburger?

Cena mais bem animada do episódio.

A scene transition cool enough to make me pause an episode and think that was great. pic.twitter.com/TAeBPAmnLj

— kViN (@Yuyucow) January 14, 2016

Perguntam muito sobre o que classifica aspectos de uma direção criativa. Bom, elementos incomuns, uso de ângulos, transições, escolhas de storyboard em geral. Essa acima é uma delas, a transição dos colegas dele o empurrando, e o pé tocando na neve já mostrando ele se encontrando com a garota, mostra um dos aspectos que chamamos de “direção criativa”. São elementos simples, mas que dão um charme a mais.

Curiosidade 1: Episódio que vem vai ser dirigido , com storyboard e direção de animação do diretor de ação de Sword Art Online. Se preparem para outro episódio muito bem animado. Só não garanto tanta consistência, esse cara normalmente sacrifica ela por fluidez.

Curiosidade 2: A Opening desse anime usa uma música antiga de 2004 do grupo Asian Kung-fu Generation. Tudo a ver com um anime sobre voltar no tempo.

Curiosidade 3: A Ending “estilosa”, que provavelmente está cheia de spoilers disfarçados, foi feita pelo diretor de Shin Sekai Yori. Quem viu o anime vai notar o estilo dele. A música é linda alias, e embora um tanto quanto estilosa demais para o meu gosto, é uma senhora ending em termos de direção e animação.