Impressões Semanais: Ansatsu Kyoushitsu 2 e Musaigen no Phantom World #5

Sabe quando você abre o freezer, vê um pote de sorvete, e com os olhos brilhando e a boca umedecendo, o ataca ferozmente, para então descobrir que era feijão? Provoca uma decepção danada, e é assim que estou com AssClass nessas últimas semanas.

O episódio até possui um cerne bonito e rico em conteúdo, mas a forma como foi desenvolvida me soou exacerbadamente infantil. O foco inicial em Isogai, lhe atribuindo características de um bom líder, em contraste com o sistema opressor e ditatorial de Asano, assim como a mensagem de igualdade que permeia por todo o roteiro do anime foram sobrepostas pela disputa da classe E entre a A. Não que eu ache que um tema mais complexo explorado por meio de diversão e ação seja um problema, mas o que me incomodou aqui foi justamente isso. 

Desde a 1ª temporada de AssClass eu venho reclamando como as cenas de ação são, para mim, o ponto fraco do anime, e esse capítulo teve praticamente metade de sua duração voltada para o gênero, o que expôs a fragilidade que tanto me irrita. Achei a disputa enfadonha, previsível e pouco atrativa do ponto de vista técnico, com vários plot twists que sem empolgação.

Quanto a Asano, mesmo se mostrado brilhante, Koro-sensei e os acontecimentos do episódio deixaram claro que seu método egoísta e individualista não tem surtido efeito contra a classe E, sendo que o humilhado foi, novamente ele. Durante a conversa com seu pai, aliás, me bateu o pressentimento de que talvez o garoto possa se tornar um aliado – ou talvez apenas alguém menos mesquinho, jogando a vilania justamente para o diretor do colégio. São apenas suposições, mas interessantes, e que instigam alguma esperança para melhoras futuras na obra.

O que eu mais gosto em produções audiovisuais ou literárias, são os seus personagens. É a personalidade e carisma destes que nos conduzem pelas histórias, e é graças a eles que nos envolvemos ou não em uma obra, nos importando ou não por seu destino. Dito isso, estou gostando muito a paciência com que Musaigen tem tido para desenvolvê-los. Primeiro Mai, depois Reina, e agora foi a vez da enigmática Minase Koito ter seu passado explorado.

Apesar de não ter se aprofundado demasiadamente em sua vida – afinal, estamos em uma obra de 1 cour -, os detalhes revelados servem pontualmente para justificar seu comportamento solitário e esquivo, por vezes até rude. Reparem como quase todos os enquadramentos na personagem são de costas ou de perfil, evitando mostrar seu rosto de frente e dialogar olhando nos olhos, o que denota sua falta de intimidade e confiança nos outros. Fragilizá-la foi uma maneira inteligente de forçar a proximidade do grupo de Ichijou, já que mesmo negando, ela precisava de ajuda. Apesar de  teimar ao máximo, sua reação de agradecer o protagonista talvez seja indício de que Koito fará aparições mais frequentes e relevantes para o anime. Gostaria muito disso, pois tenho uma grande predileção por personagens com seu estilo recatado e silencioso, além do visual charmoso e com o toque cool dos fones de ouvido. Talvez seja minha Waifu da temporada.

Com o foco total em Minase, pouco sobrou para os outros personagens. Haruhiko ressaltou seu altruísmo heroico e deixou uma duvida no ar: quando ele vai conseguir invocar os Phantoms dos desenhos? O cachorrinho é engraçado e tudo mais, mas sua utilidade é certamente limitada. Haruhiko, aliás, ainda não ganhou ou capítulo todo para si, o que deve ocorrer em breve. Ainda assim, temos ideia de seu caráter devido o comportamento apresentado para com os outros.

Já Kurumi, que teve participação relâmpago há duas semanas atrás, deu as caras de modo contundente. Apesar da aparência ingênua, possui um grande poder com seu ursinho caça phantoms. Um modelo criativo de combater as criaturas. Quanto a sua personalidade, apenas ficou explícito uma insegurança e anseio por ajudar, mesmo com a pouca idade.

Musaigen tem realmente me agradado, tanto que estou gostando até da abertura, que critiquei duramente na primeira review que fiz sobre o anime, mas espero que nas próximas semanas, após já estabelecer seus personagens, a obra defina um arco narrativo, e não se conforme sendo mais uma animação episódica.