Impressões: Boku no Hero Academia Ep 1 a 8
Estão me pedindo a tempos para falar o que eu estou achando de Boku Hero (o que eu já fiz na análise de meio de temporada, vale dizer). Mas querem saber uma opinião mais atualizada e elaborada ao que parece. Então ok, vamos lá.
Boku Hero como já disse um bando de vezes é um shounen positivista, com a proposta de inspirar as pessoas com heroísmo altruísta e puro, ao invés da visão de apenas batalhas uma em cima da outra, motivações de vingança, ou a abordagem que ficou conhecida como “dark shounen”, que tem uma visão negativista do mundo, com traições, choques pesados de realidade, quebrando as crenças puras do protagonista, além de morte pra todo lado de membros do elenco. Em suma, uma visão mais pesada e cruel da vida, para alguns já cansados da visão positiva.
Ironicamente esse tipo de obra é raro de vingar por muito tempo, já que o público gosta da segurança de que os personagens que gosta não vão morrer, ou não precisar se preocupar de se sentir mal de ver algo muito pesado ocorrendo com eles. Shounens normais são mais fáceis de digerir, e embora também falhem e sejam cancelados, são apostas mais seguras em comparação a outra opção.
Muita gente confunde isso, achando que colocar um personagem ou vilão mais dark, ou até gore, transforma uma obra em dark shounen. Mas o relevante mesmo é a mensagem, ela é positiva ou negativa? O altruísmo é incentivado como algo bom ou caçoado como uma coisa estupida? O herói leva na cabela cada vez que tenta ser altruísta ou é recompensado e admirado pelo elenco? São essas as perguntas que você tem que fazer para distinguir.
Nenhuma é melhor, são apenas visões diferentes. E o problema que o shounen positivo enfrenta hoje em dia é o desgaste por tantos seguirem o molde. A solução para isso são novas ideias e com sorte um elenco que o público consiga simpatizar. O que BokuHero tem de novo é a proposta de heróis e estilo cartoon americano no traço, o resto são os básicos do shounen e um elenco que o público parece ter comprado.
Deku, o herói puro e altruísta que tem que superar desafios para crescer na história |
O protagonista de Boku Hero é o heroísmo altruísta, a bondade pura e inspiradora. Lembra o Naruto, assim como o Bokugo lembra o Sasuke, apesar de uma versão mais simples dele, com um ego ainda maior e traços vilanescos de cartoon. Eles são rivais, e enquanto um é talentoso em tudo que tenta, o herói tem que lhe dar com adversidades e usar outra armas, porque não consegue controlar seu poder selado. Naruto tinha criatividade para como usar seus Jutsus, já o Deko usa a inteligência.
O andamento da obra está meio arrastado a meu ver. É um anime com uma proposta simples e direção sólida, mas após 8 episódios a impressão é que só vi uns 5. Foi muito tempo e pouca coisa aconteceu.
Os climax foram OK, nada demais, até a chegada do episódio 7 pelo menos, aonde a bela trilha sonora central finalmente ganhou uma cena mais grandiosa. A tensão foi bem construída naquele final, e mesmo com animação não tão boa (sim, a animação ali foi um tanto quanto econômica se prestarem atenção) a trilha sonora e a cena fizeram o efeito de empolgar, com uma boa troca para drama quando o protagonista se explica antes da ending.
O episódio também deixou mais claro que o protagonista usa o cérebro, o que foi legal. Em suma, o episódio 7, apesar de um começo lento, foi de longe o mais empolgante da série por causa do final bem construído.
O anti-herói reforçado por traços com exagero nas feições, mudará ele de lado um dia? |
Quando ao Bakugo, não faço em ideia de qual é o propósito dele na obra. Ele parece um garoto que foi mimado até o ego não caber mais no corpo e por falta de disciplina dos pais se tornou aquele monstrinho. Querem desenvolver ele ao longo da série ou mostrar que mesmo um herói que está mais para vilão pode ser herói? Não sei ainda, mas o episódio 8 ao menos deixou claro que por mais cabeça quente que seja ele não é totalmente irracional.
Em síntese, BokuHero até aqui tem se mostrado um bom shounen dentro de sua proposta positivista do heroísmo. Mas apesar da boa direção peca um pouco na velocidade que conta sua história, parecendo que está esticando coisas que poderiam ser contadas em meio episódio as vezes. Talvez não tivesse um bom ponto para terminar e tentar adaptar o próximo arco depois desse em 13 episódios ficaria corrido demais, então decidiram por ir mais devagar. Não sei ao certo, só podermos supor.
A ação está aquém do que eu esperava do estúdio Bones. As cenas de ação pós-episódio 2 tem se mostrado um tanto quanto econômicas e desprovidas de detalhes. Não estão apelando para quadro estático, mas quem, por exemplo, está vendo Kabaneri, deve ter notado a diferença gritante nas cenas fluidas de ambos. E olha que não é por culpa da trilha sonora, porque a de BokuHero é muito boa também.
Suponho que fazer 3 animes na mesma temporada tenha um preço, e quem pagou foi BokuHero, já que Bungou tem mostrado várias cenas fluidas detalhadas (embora a história não valha a pena comentar). O estilo visual puxado para o cartoon americano, com corpos um tanto quanto desproporcionais (mãos e pés principalmente), talvez atrapalhe nesse aspecto, mas a produção claramente não está esbanjando como outros animes que já vi do estúdio.
Dito tudo isso, minha visão final continua a mesma do episódio 1. Um Shounen de heróis bem dirigido e com uma proposta altruísta (pra cima), aonde o protagonista vai superando obstáculos e crescendo fisicamente e psicologicamente. Quem busca algo assim deve estar bem servido aqui, desde que seja paciente com a velocidade dos desenvolvimentos. Já para quem espera outra coisa não é um anime que eu indicaria.
Por último, uma coisa que notei é a falta de background do mundo. Naruto tinha um mundo vasto cheio de facções, estados, cidades, mitos, deuses, histórias antigas de diversos clãs, lendas, etc. BokuHero não parece ter nada fora um bando de heróis que lutam contra vilões e provavelmente mais tarde vai aparecer uma organização maior para servir de inimigo principal. Mas como uma trama simples assim vai se sustentar por uns 500 capítulos, como outros títulos com histórias de fundo mais elaboradas? Fica a questão.
(Sim, ficou grandinho, pois não me esforcei para comprimir ao mínimo como de costume. Tenho que agradar o povo que gosta de um texto um pouco maior as vezes XD)
Extras
O pessoal que curte moe parece estar adorando as caras que essa garota faz.
Sabem como essa cena ficaria 10 vezes mais legal? Peguem o storyboard e desenhem a cena do soco detalhando a necessidade de muitos detritos voando e as coisas quebrando com mais detalhes. Depois a câmera vai subindo por dentro do prédio enquanto a parede dos andares vai quebrando e sai tudo voando pelo cenário em detalhes (ir por fora acompanhando as janelas quebrando é a forma econômica).
A câmera vai para fora do prédio mostrando o estrago por fora, dessa vez com detritos voando e animação fluida, não aquela cena de detritos semi-estática. A câmera então avança para frente, entra pelo janela quebrada indo em direção ao herói de armadura. Ela vira quando chega nele e podemos ver a cena da garota planando em primeira pessoa, como se tivéssemos vendo o que ele está vendo. Depois pode fazer parecido com o anime.