Mob Psycho ep 1 a 5 – Melhorou, mas… | Impressões

Mob é um anime meio complicado de criar simpatia. O design dele é qualquer coisa menos atraente, e o protagonista é uma ostra fechada de sentimentos, lembrando mais um robô inocente do que outra coisa. Tudo bem que isso é explicado no episódio 3, com os sentimentos dele sendo bloqueados pelo mesmo na tentativa de selar seus poderes. Isso, no entanto, não ajuda a tornar a personalidade de alguém incapaz de sorrir, ficar frustrado, sofrer, etc, em 99% do tempo de tela, menos chato. Só podemos ver emoção do garoto quando ele chega a 100% e libera tudo.

As partes de 100% alias foram as mais chamativas da obra até agora, tanto pelo show de animação com o uso de poderes absurdos quanto por finalmente notarmos que o personagem tem um emocional.

Aquilo, no entanto, está longe de fazer ele se tornar muito interessante, porque é um lado que raramente podemos ver, diferente de seu padrão robótico, que quase sempre ocupa a tela. O autor tenta contornar isso colocando a porcentagem da frustração emocional dele aumentando quando vê ou escuta algo que o incomoda, mas não expressa. Funciona como piada, mas é um substituto fraco a uma verdadeira reação emocional.

Para mim que achava ver um anime episódico a história até que mostrou uma linearidade de eventos bem maior do que eu esperava apartir do ep 3. O clube de marombeiros gente boa é uma coisa que achei que perderia o foco logo depois do ep 2, mas continua. E o chefe do protagonista que pensei que teria grande foco vira um personagem secundário depois do ep 1 também. Nesse sentido ao menos foi uma surpresa positiva. A história é sobre o Mob primariamente, os outros são secundários.

Agora, Mob continua mais voltado a comédia do que qualquer outra coisa analisando os 5 episódios que vi. Como foi ficando mais sério com o tempo talvez isso mude daqui pra frente, mas como disse, vai ser difícil se interessar quando tem uma porta desprovida de bom senso e que não aparenta ter sentimentos sendo o protagonista.

A própria história que teve até agora não foi lá muito interessante, com apenas inimigos novos surgindo a cada episódio. Um pseudo shounen de batalha aonde o protagonista é overpower demais para nos preocuparmos, e desprovido da movimentação vista em One Punch para empolgar. Sobra uma boa direção da parte emocional do protagonista, mas isso não funciona como substituto pra mim, ainda mais quando os conflitos dele são simples.

O episódio 5 é bem confuso nisso com a discussão que tenta levantar. É meio obvio que se você só nasceu com um talento se você não usa-lo você vai ser alguém comum, a não ser que tenha outros. Mas por que diabos um desenhista brilhante se privaria de desenhar? Se ele não gosta tudo bem, mas se é algo que o dá prazer ele não tem porque não usar seu talento, assim como alguém com poderes psíquicos tem pleno direito de usar seu talento para ter vantagem na vida (sem a violência, espancar os outros é moralmente errado com ou sem poderes).

Visualmente, mesmo com o design tosco o anime tem mostrado toneladas de animação fluida e criatividade, mas infelizmente isso não é o bastante para me prender. Se não sinto o mínimo de simpatia pelo personagem fica difícil querer saber como a história dele continua, e o protagonista de Mob foi feito para ser tudo, menos carismático. Bato palmas para direção do episódio 5, mas continuo recomendando o outro anime de garoto com poderes psíquicos da temporada chamado “Psi Nan”. Ele sabe o que quer e me diverte bem mais que Mob, que até agora é uma mistura louca de uma proposta voltada a comédia (que não faz rir na maioria do tempo), misturada com shounen de batalha e alguns aspectos psicológicos, com os maiores chamarizes sendo a boa direção e criatividade visual, não a história em si.