Review – Bakemono no Ko: Do criador de Wolf Children e Summer Wars
AVISO: POST CONTÉM ALGUNS SPOILERS LEVES SOBRE A OBRA
Sinopse: Ren, um garoto abandonado pelo pai e órfão de mãe, é adotado como aprendiz por Kumatesu, uma besta de um mundo paralelo chamado Juutengai, que disputa com Iouzen a posição de Grande Mestre. Kumatesu nomeia Ren de Kyuta e o treina na arte do combate por vários anos. Sem saber, o jovem embarca em uma aventura que pode afetar ambos os mundos.
Análise:
Bakemono no Ko (The boy and the beast, O menino e a besta) é um filme de Mamoru Hosada (Wolf Children, Crianças Lobo) que estreou em 2015 no Japão.
Particularmente gosto de quase todas as obras desse diretor, por elas se mostrarem bem interessantes. A sua direção, arte, animação e roteiro, são muito bem trabalhados.
Contudo, ele pecou na direção desse filme, que considero um belo conto sobre busca pessoal e amadurecimento, mas é o mais fraco de sua carreira.
A interação de Kumatesu e Kyuta foi uma das coisas que eu mais apreciei na primeira parte do filme, principalmente pelos dois serem o espelho um do outro.
Tanto o mestre quanto o aprendiz são pessoas problemáticas com temperamentos parecidos, portanto, as brigas e discussões eram bem corriqueiras e sendo sincera, chegava a irritar um pouco.
Apesar do relacionamento entre as personagens ser bem caótico, os dois se respeitavam e acabavam evoluindo juntos. Também era engraçado ver o Ren tentando imitar o Kumatesu.
Entretanto, um desenvolvimento mais aprofundado da relação entre mestre e aprendiz, é prejudicado por um roteiro que insere uma amontoado de acontecimentos de forma abrupta, com as coisas sendo apenas jogas na cara do espectador. Dessa forma, o trabalho em cima das personagens ficou superficial.
As personagens secundárias também são subaproveitadas e apenas colocadas em meio ao show. Incluindo o pseudo-vilão que aparece quase do nada na segunda parte do filme.
Sendo inserido um clímax repleto de ideias bagunçadas com praticamente a direção tentando introduzir, mas de forma muito esdrúxula e exagerada, o confronto interior do homem contra si mesmo e a natureza na figura da escuridão que consumiu o vilão.
[showhide type=”1″ more_text=”Clique aqui para ler o spoiler” ] Com o personagem tomando a forma da baleia, da obra de Moby Dick, e perseguindo o protagonista [/showhide]
Basicamente, as ideias que Hosada tentou abordar, são legais, mas por falta de consistência e um embasamento mais consistente, acabam ficando apenas soltas no meio da história.
O pseudo-romance da obra também é introduzido bruscamente e de forma bastante clichê. Kaede, suposta namorada do protagonista, é apresentada completamente às pressas para o público.
A relação dos dois também é construída de forma muita abrupta, com ela ensinando o que Ren havia perdido no período que foi criado por Kumatesu em Juutengai, na primeira parte do filme.
Para mim, o tempo que os dois passaram juntos é muito curto para o desenvolvimento de um sentimento mais forte ao ponto dela pegar a mão dele e sair correndo em meio a multidão, além de fazer aquele discurso na batalha contra a baleia.
A relação deles ficou superficial demais, apesar dela ser mostrada como uma das ancoras do protagonista que não o deixou cair em escuridão.
Se isto não bastasse, Hosada quase não aborda os problemas dela, que são apenas citados e deixados por isto mesmo. Não precisava de uma abordagem profunda, mas uns flashback ou cenas rápidas focando isso não fariam mal.
E para complicar mais a bagunça da segunda parte da história, temos o reencontro de Ren com o pai biológico. Eu fiquei meio cética, “vocês querem mesmo trabalhar isso tudo com tão pouco tempo de filme?”.
A relação entre os dois fica apenas jogada e muito mal desenvolvida. Acabam resolvendo tudo em poucos segundos, sem nem mostrarem a reconciliação. Uma baita falha no roteiro por ter muita coisa entulhada.
Agora saindo do roteiro e indo para a parte técnica, como eu já havia dito, a animação e arte de Hosada são trabalhadas com muito esmero, sendo uma das coisas que eu mais gosto desse diretor.
O background e a arte estavam lindíssimos, apesar dos traços mais simplificados, que são marca desse diretor. A animação é boa, tendo algumas lutas bem coreografadas, mas que não são o foco da obra, já que a arte marcial, é inserida apenas como um elemento secundário da história.
Contudo ele teve alguns problemas em relação ao deslocamento da câmara em determinadas partes do filme. Destacando aqui o momento que o Ren encontra a Kaede.
Os quadros com a “câmera passeando” (traveling) pelo cenário, foram um tanto quanto mal colocados, porque os personagens ficaram muito fora de tela, me causando primeiramente uma certa estranheza. Este recurso é comum em filmes, principalmente live-action, mas requer cuidado ao ser utilizado.
A trilha sonora é boa e muito bem colocada, casando bem com as situações, é fácil de se emocionar.
No geral, apesar das falhas, principalmente no roteiro, gostei do filme e achei ele bem divertido. E como disse no início, Bakemono no Ko é quase um conto sobre busca pessoal em que duas pessoas imperfeitas e problemáticas acabam aprendendo uma com a outra e encontrando o que lhes faltava para assumir os seus respectivos papeis: Kumatesu como “pai” de Kyuta, preenchendo o vazio do “filho”, e Kyuta como seu”filho” encontrando a “força” que lhe faltava em Kumatesu para prosseguir em sua jornada.
Conclusão:
Por eu ter abordado tanto as falhas da direção, pode parecer que eu não gostei ou não recomendo o filme, mas pelo contrário, eu indico que vocês o vejam para que possam tirar as próprias conclusões.
Também admito que se Hosada tivesse trabalhado melhor o roteiro, sem abordar muitas ideias de forma apressada e superficial, o filme chegaria a ser uma obra prima. Por isto considero está animação a mais fraca do diretor.
Notas
Animação: 8/10
Direção/Roteiro: 7/10
Trilha Sonora: 10/10
Entretenimento:7/10
Nota Final:
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E você, que nota daria ao filme?
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