Kimi No Na Wa (Your Name): Bem mais que um Romance de Troca de Corpos

 

 

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Kimi No Na Wa está fazendo muito barulho (positivo) no japão, e deve fechar o ano como o filme animado de maior bilheteria no país, passando os filmes do popular diretor Mamoru Hosoda. A versão vazada na internet é meio ruim, mas não aguentei esperar 6 meses pelo BD e acabei assistindo.

O filme conta a história de 2 pessoas que começam a passar por experiencias aleatórias aonde um vai parar no corpo do outro por algumas horas. Ambos tentam se adaptar e começam a mudar a vida do outro para melhor com a experiencia, até que o protagonista descobre algo inesperado.

A obra é feita de um modo que uma crítica muito objetiva como gosto de fazer entregaria demais do enredo, que funciona melhor quando você sabe pouco dele. Então vou tentar uma análise “um pouco” mais subjetiva e longa para variar (soa mais como uma conversa).

Makoto Shinkai sempre conseguiu vender razoavelmente seus filmes no cinema, mas pelo primeira vez um deles virou um hit. Alguns alegaram que foi devido a uma mudança de estilo, outros simplesmente uma história melhor que as anteriores.

A verdade é que ambos estão certos e errados ao mesmo tempo. O filme é com certeza uma obra no “estilo” desse diretor, com novamente a aparição do tema “distancia entre duas pessoas que se gostam”, com um peso dramático trabalhado sem exageros em cima disso.

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As cenas matutinas do protagonista no corpo da garota eram hilárias

A mudança, portanto, não foi no estilo, e sim como ele foi aperfeiçoado. Além de Kimi No Na Wa ser a obra mais positiva de Makoto Shinkai em tempos, o que dá um ar de novidade depois de tantos filmes melancólicos dele.

A animação tem 2 personagens muito mais carismáticos e pra cima que suas obras passadas, bastante humor em sua primeira parte, e, apesar de um drama mais forte em sua segunda metade, uma conclusão que não vai ter deixar pra baixo como 5 Centimeters per Second (a mensagem do cara que não segue em frente e da garota que segue é interessante, mas depressiva). Ou te deixar pensando “eu queria algo mais conclusivo” como em Garden of Words. Ainda que não seja o final super completo como se costuma ver em filmes da Disney.

Nesse filme o conhecido diretor pega tudo que deu certo anteriormente em seus filmes e melhora. É um filme longo comparado a seu anterior (Garden of Words), permitindo uma história mais ambiciosa e elaborada. Tem por base a ligação entre um casal, mas ao invés de usar isso em uma trama simples como na maioria de seus filmes mais populares, adiciona sobrenatural para criação de um drama e climax com sensação de urgência.

O longa tem vários momentos memoráveis, mas minha parte preferida é na primeira metade, quando começa a tocar a música tema por uns 2 a 3 minutos e acompanhamos vários flashs e comentários dos protagonistas sobre eles tentando se adaptar a rotina louca da troca de corpos. A cena do protagonista gritando no topo da montanha e quando a garota lê o que ele escreveu são lindíssimas também.

E de todas as cenas cômicas, me surpreendi em como uma piada banal do protagonista apertando seus peitos quando no corpo da garota poderia soar tão engraçada (não conseguia parar de rir na cena que ele fica tentado mas diz que não iria tocar pelo bem dela, e quando a irmã abre a porta do quarto….bem, eu ri muito da obsessão que ele criou).

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A cena do choro sem explicação é bonita porque ninguém te diz com palavras o motivo, você tem que interpretar, e isso dá um extra.

Achei meio abrupto quando revelam de forma subjetiva (e bonita) que a protagonista feminina está apaixonada pelo personagem masculino, e ele descobrindo o mesmo logo depois, já que ocorre depois de um salto temporal de alguns meses (isso é meio obvio que iria ocorrer, nem conta como spoiler).

O diretor, no entanto, faz um ótimo trabalho de convencimento na segunda metade do show, com uso de flashbacks e outros recursos que permitem ao protagonista vislumbrar toda a vida da garota. No final, mesmo com uma desconfiança inicial, você está torcendo muito pelo casal, e sofrendo com ele, em momentos lindos na segunda metade.

E com tudo isso o roteiro ainda arranja tempo para um crescimento pessoal da personagem feminina, quando tem que tomar uma atitude especifica no final.

O aspecto sobrenatural é abordado de leve, dando pelo menos dicas de que não foi algo ao acaso, sendo um evento recorrente na família da garota a muito tempo. Deixam até uma dica para você criar teorias de ficção cientifica sobre o caso (o meteoro que formou o lago teria começado tudo). Isso é importante, já que enquanto não necessariamente se busca uma explicação nos mínimos detalhes, tira a impressão que é só algo que o diretor jogou ali para criar a base da história, sem ter toda uma mitologia base criada por trás para embasar.

Kimi No Na Wa é tudo que se conhece de Makoto Shinkai, só que melhor: personagens mais carismáticos e uma história mais ambiciosa com o uso de sobrenatural e sci-fi para gerar uns ótimos twists. Além de um climax forte e um final mais positivo, que embora alguns reclamem que queriam algo mais completo, deixa indicado o que vai ocorrer dali pra frente (meio obvio, não?).

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Cheio de cenários de cair o queixo como todos os filmes do diretor

Tecnicamente o filme é lindíssimo, como todos do diretor. Cenários de cair o queixo (mesmo na versão em qualidade porca que vi), animação fluida e uma direção acima da média em explorar o ambiente e se aproveitar da fotografia para cenas estonteantes.

O mérito maior não está nesse aspecto, já conhecido e usado nos filmes anteriores, mas sim no roteiro (também pelo diretor). A história é bem montada, divertida, com um bom drama e não se perde no uso do sobrenatural ou tentativas mais ambiciosas de climax (como seu filme de fantasia de 2011).

Além disso ainda consegue uns twists muito bons na metade. Não é só mais uma obra de troca de corpos, tem muito mais que isso ali. E é ótimo ver uma boa ideia sendo bem executada, já que normalmente o que ocorre é o contrário.

Um elogia também para a ótima trilha sonora, reforçando os momentos mais agitados e dando peso aos dramáticos, sem ter a necessidade de se sobressair demais em altura pra isso. Tem várias canções letradas nos momentos chave, algo não tão comum em filmes.

Essa é quase que indiscutivelmente a melhor obra de Makoto Shinkai. O tema recorrente de distancia entre duas pessoas continua sendo abordado, mas dessa vez em uma narrativa mais divertida, com personagens melhores, e com desenvolvimentos e twists mais inusitados que as histórias de vidas cotidianas contadas anteriormente pelo diretor.

Para quem quer um bom romance que mistura drama/sci-fi e comédia é super recomendado. De todos os filmes japoneses que vi até hoje foi de longe o que mais gostei (não, não é o melhor filme de animação que já vi, esse seria A Bela e a Fera e O Rei Leão).

Direção: 10/10
Roteiro: 10/10
Soundtrack: 10/10
Animação: 9/10 (É muito bem animado, mas não tem nada fantástico fora os backgrounds)
Entretenimento: 9/10

[yasr_overall_rating size=”medium”] (9.5/10)

 

E você, que nota daria ao filme?

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