Sangatsu no Lion #14 – Impressões Semanais

Após um período turbulento em sua narrativa, Sangatsu volta aos eixos e transfere os solavancos para o Rei, como deve ser, afinal. Mesmo estando a 8 capítulos do fim, é de se considerar a profundidade de um personagem que ainda nos revela nuances desconhecidas de si.

Sim, por mais incongruente que soe, Rei, solitário e frágil, tem um lado arrogante. Isso já fora exposto em sua equivocada escolha ao estudar apenas um dos prováveis adversários, negligenciando automaticamente outros dois competidores. Erro fatal, que lhe custou muito mais do que uma partida ou um nível, e sim sua saúde mental.

Nesta parte da estrada, já imaginaria que o anime estaria em outro andar, mais feliz, em evolução, sempre ao lado das irmãs. Surpreendentemente, a participação das três diminuiu consideravelmente nas últimas semanas, e o garoto demonstrou como os pedaços de si precisam de mais, muito mais reparos. Foi um tombo retumbante – e por sua atitude, merecido, por mais que justiça não seja uma palavra em voga neste globo que habitamos. Rei fugiu de tudo e de todos, inclusive de si mesmo. Recorreu ao conforto do mundo dos sonhos e da solidão, apenas para descobrir mais desespero e sombras, em um trabalho já conhecido, mas sempre digno de nota da staff, sempre atenta na coloração certa para determinada situação. Reparem, por exemplo, como Rei migra, irredutivelmente, para um beco escuro, sombrio, assim como seu quarto parece submerso em água, para representar como está absorto em seu trágico interior.

Um mal, porém, necessário, como diria Ney Matogrosso. Uma pessoa assim nunca se recupera totalmente, já adianto. É uma cicatriz permanente, viciosa e à espera de uma brecha para voltar a arder. Porém, é possível lidar com ela, e ao perceber o quão medíocre e miserável estava em suas ações, ao reconhecer sua fuga, Rei fez algo até então inédito: tomar iniciativa. Na natureza do anime, uma iniciativa contundente, espero.

Então, para aliviar o clima, a obra recorre ao habitual professor, que embasbacado ou não, serve como mentor bonachão a Rei. Uma figura divertida, sem grandes pretensões. O que vale mesmo é o que vem a seguir, durante a partida de basquete (!).

A pergunta que fazem ao nosso protagonista, “O que você está fazendo?”, prontamente respondida por um inaudível “Não sei”, possui conotação além do esporte. Ainda adolescente ou não, reconhecer é, em instância, o primeiro passo para a mudança. Ele foi dado.

“Erros são, no final das contas, fundamentos da verdade. Se um homem não sabe o que uma coisa é, já é um avanço do conhecimento saber o que ela não é.” – JUNG, Carl.

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#Extras:

Catperson já ganha minha simpatia de súbito.

 

Carlos Dalla Corte

Curto 6 coisas: animes, cinema, escrever, k-pop, ler e reclamar. Juntei todas e criei um blog.