Sangatsu no Lion #18 – Impressões Semanais
Escrever diálogos é mais difícil do que parece. Quer dizer, escrevê-los é simples. O problema é fazer direito, fazê-los funcionar no contexto e não parecerem palavras vazias e desconexas que nos façam perder o interesse no que vemos.
Quando bem escritas, geram momento fascinantes, como podem ver em trabalhos de Quentin Tarantino e Haruki Murakami. Nem precisa-se estabelecer uma conexão entre personagens-espectador. Se for um debate interessante, mesmo que despretensioso e estrambólico, nossa atenção será irremediavelmente fisgada (vejam Cães de Aluguel e sua cena inicial onde vários homens que não conhecemos discutem sobre o significado de Like a Virgin, de Madonna).
Sangatsu, em contramão, não é um exemplar do que citei acima, como bem deixam claro as trocas de ideias entre o clube do Shogi; compreende-se seu objetivo de mostrar um Rei mudado, receptivo e participativo. Porém – a mim, pelo menos -, pouco tira-se de relevante de tudo aquilo. As ideias são insonsas e o alívio cômico da briga é basicamente nulo. Seria sensato, até recomendável, uma famosa rushada, um pequeno corte da interação, o que ainda deixaria claro que nosso protagonista esta a subir a escada espiral de seu melancólico universo particular.
Visitas ao local ocorrerão, mas fazer destes períodos curtos e não a moradia é o que ele busca – e avança para atingir.
E, voltando ao papo anterior, o fato de que Rei acaba voltando à casa para mais partidas particulares apenas ressalta a brevidade em que a cena anterior poderia ter sido esboçada. O foco mesmo está nas partidas solitárias entre ambos, o veterano e o novato – pois Rei, atualmente, está num quase-recomeço -, o mestre e o aprendiz pródigo, ávido para retornar ao caminho do sucesso que lhe escapou por escolhas questionáveis e a perdição solene da adolescência isolada.
A premência da torcida de Rei para o tio, aliás, expõe bem o crescimento moral do jovem. Seu apoio denota a empatia gerada e, talvez, um símbolo pessoal de vitória, ou o simples pensar de que, aquele que o derrotou humilhantemente, é o melhor. Não precisará superar ninguém mais. Plano que foi por água abaixo. Mas divago.
No entanto, se o tema fundamental da vez discorre sobre relações e confabulações, a mais curiosa, provavelmente, se dê quando as tenras Takamatsu visitam o amorfo apartamento de Rei. Precocemente, imaginei que escreveria aqui que a garota ter se disposto a ir até o local buscar os potes sugere uma desigualdade no que tange ao que sentem um pelo outro. Afinal, além de conceder o alimento, ela também fora retirar o objeto. Representação obsoleta de figuras femininas.
Muito mais simplório, entretanto, é a causa da aparição: ciúmes. Hinata tenta disfarçar, mas é claro sua urgência em esclarecer a relação que envolve Kiriyama e Kyouko.
Estranho, então, que a chama da paixão se acenda logo nas semanas finais da transmissão do anime. Tempo. Só ele nos dirá onde isso irá chegar.
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E qual sua nota, leitor(a)?
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