A Bela e a Fera 2017 – Belo, Luxuoso e Inacabado
Se pedissem para eu descrever a Bela e a Fera de 2017, belo, luxuoso e inacabado seria as características que lhe atribuiria. Mas acalme-se meu amigo Disneyista (caso tenha algum neste recinto), ao contrário de muitos, não estou aqui para terce rios de críticas negativas sobre a obra, mas jugá-la de maneira honesta no meu humilde ponto de vista, afinal não sou nenhuma especialista.
E como remake, o filme cumpre com o seu papel de homenagear o seu homólogo de 1991. Contudo é indiscutível que este não consegue ter o encanto e o mesmo prestigio da obra original.
E apimentando essa discussão, acho incoerente você reclamar que o filme foi muito semelhante a animação sendo que, a produção deixou mais do que claro que esta era a proposta do filme, o que vocês já podem notar apenas vendo o vídeo comparativo dos trailers abaixo.
Então se me perguntassem se era necessário esta produção, diria que não, porque não acrescenta em nada ao cinema hollywoodiano e pode ser facilmente esquecida, diferente do clássico, que pra mim já bastava.
Mas também não caio no erro de dizer que o filme seja ruim por isto, pelo contrário, ele te possibilita uma nova experiência com uma história já conhecida.
Então esta produção realmente não tem nada de diferente do original? Não, o roteirista fez pequenas mudanças e adaptações no enredo, mas elas são irrelevantes para mim porque não afetam tanto o todo, sendo assim, as considero apenas alguns adereços a mais.
Outra critica que acho desnecessária é reclamarem que o filme teve muitos números musicais… sendo que, O FILME É DO GÊNERO MUSICAL. É a mesma coisa de você reclamar que um cachorro é um cachorro.
Mas admito, que sacrificaria o acréscimo desses números por mais interação entre personagens. E sendo mais específica, que o roteirista pegasse este tempo para desenvolver mais a relação dos protagonista.
Afinal, sendo sincera, eu acho que as mudanças no relacionamento dos dois ainda foi muito abrupta, mesmo que recorram a um time skip para você entender que a Bela passou um bom tempo com a Fera.
E, este time skip funcionou bem na animação de 1991, mas no filme senti que deveria ter algo a mais. E sendo franca, com aquele tiquinho de tempo dá para alguém se apaixonar por um bicho que parece Satanás e que te tratava de forma grossa? Criar empatia e amizade eu até creio que dá (até porque os objetos contam um pouco sobre ele para ela), mas amor? Só em contos de fadas mesmo XD
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Quando você se apaixona por alguém por ele ter te apresentado um livro e dançado com você XD
Agora falando um pouco dos personagens. Este filme é indiscutivelmente dos coadjuvantes. Luke Evans e Josh Gad deram uma alma nova aos personagens Gaston e Lefou. sendo que, Gaston ficou bem mais malicioso e maquiavélico do que em sua versão animada de 1991.
Havendo uma progressão do macho alfa narcisista a praticamente um psicopata durante a narrativa, ilustrando claramente uma bestialização em contraposição a humanização da Fera como Lefou canta brilhantemente em um trecho acrescentado a canção da multidão.
E falando em Lefou, o personagem ser homossexual não prejudica em nada a narrativa. E o tão temível momento gay que gerou certa discussão desnecessária sobre o filme não dura nem 1 minuto e é tão irrelevante que se cortassem este trecho ninguém perceberia.
Além disso, gostei como o tema foi tratado com sutileza e não de forma forçada. Inclusive, o trajeito gay do Lefou deu mais cores ao personagem.
O tornando mais vivo, divertido e cativante. E de um puxa saco caricato, ele se tornou bem mais humano, alguém com identidade própria.
Ewan McGregor (Lumière), Ian McKellen (Horloge) e Emma Thompson ( Madame Samovar), também não ficam para trás, dando bastante expressividade e carisma aos habitantes do castelo, e graça a eles, conseguimos acompanhar o trama porque a atuação de Emma Watson é tão mecanizada, travada e artificial que dificilmente alguém acharia esta Bela verídica.
Isto porque a protagonista simplesmente não tem a mesma leveza e naturalidade da Bela que vemos na animação de 1991. Então, mesmo que o roteirista tenha conferido mais independência a garota, isto não basta para convencer o público, porque a atriz não passa autenticidade em suas ações e emoções.
O que é engraçado porque até a Fera feita completamente em computação gráfica consegue ser bem mais natural. Falando em Fera, eu achei que Dan Stevens e Bill Condon conseguiram dá legitimidade e mais nuances ao personagem.
No entanto, concordo que pecaram bastante no design da criatura. O rosto ficou muito inchado e demasiadamente humano, quando eu esperava algo mais animalesco, sendo que, ele me lembra muito mais um sátiro do que uma quimera como no original.
Inclusive, a Fera da produção francesa de 2014 consegue ter um design muito melhor nesse aspecto e podem acrescentar a isto aquelas coisitas que te incomodam como os chifres que subitamente somem no travesseiro quando ele esta deitado.
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Fiquem com seu design preferido. O meu é o francês.
No entanto, estaria mentindo se dissesse que a Fera de Dan Stevens não consegue ser de certo modo assustadora e passar aquele ar de pessimismo e melancolia de um ser amaldiçoado.
Agora uma coisa que achei legal por parte da produção é terem acrescentado um número musical (Evermore) para o personagem já que no original a Fera só cantava um pequeno trecho de Something There.
E o filtro digital também ajudou a dá uma tonalidade mais profunda para a música, lembrando bem uma pegada de ópera. Alguns podem reclamar que esta artificialização praticamente apagou o ator.
Contudo, achei necessário já que com isto conferiram um tom mais animalesco para a voz do Dan que é coerente com o papel que ele faz.
Agora partindo para os cenários. Eles foram bem arquitetados, principalmente o castelo da Fera que ficou bem sombrio, frio e com aquele toque de decadência ao mesmo tempo que ainda era deslumbrante e mantinha aquela pegada luxuosa e requintada da nobreza. Também percebi que o diretor teve uma preferencia em manter uma paleta de cores mais fria e escura para destacar bem essa sensação de melancolia e maldição que residia sobre a propriedade da Fera e seus arredores.
A direção também optou em dá um tom mais realístico para os objetos do castelo, o que achei bom, por mais que vejo reclamações que a mão pesada de Bill Condo prejudicou na expressividade deles, mas tipo, o que funciona em animação, não funciona em um live action.
E para ser sincera, achei o design, principalmente de Lumière e Horloge bem bonito e requintado. E querendo ou não, eles ainda remetem a sua base que é o conceito original de 1991.
Mas fixando o assunto em o que funciona e não funciona, Be Our Guest é um bom exemplo a ser citado. O número é deslumbrante e aceitável na animação, mas neste remake de 2017 já fica algo muito deslocado. Simplesmente porque prejudica o tom mais realístico do live action.
Afinal, pratos voando e guardanapos dançando não é lá muito pé no chão. E a única coisa que eu salvaria aqui é a simpatia e desenvoltura do Lumière de Mcgregor.
E o que gostei bastante é dos figurinos que ficou bem parecido com o original, além de possuírem um bom aspecto da época e localidade do filme que é aquele período do absolutismo francês.
Contudo, apesar de todos este luxo e detalhamento, este filme é inacabado porque não tem o encanto e a alma da obra original. Mesmo adicionando novos tons a certos personagens queridos como Lefou e a Fera, os atores não substituem os belos quadros da animação de 1991.
Notas
Computação Gráfica: 8/10
Direção/Roteiro: 8/10
Figurino/Ambientação: 9/10
Trilha Sonora: 10/10
Entretenimento:8/10
Nota Final:
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E você, que nota daria ao filme?
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#Extras
Se não indicarem esta composição para melhor canção original no Oscar eu vou ficar descrente.