Sangatsu no Lion – Impressões Finais e Review
E no fim, é apenas óbvio e natural que a última visita a Sangatsu tenha sido uma antípoda de si mesmo, entre uma metade boa e outra, no mínimo, questionável, como o conjunto em si. Inverte-se apenas a ordem. Aqui, a primeira parte deixa a desejar, enquanto os minutos finais, na troca de capítulo, nos dão uma despedida saudosa.
Pela maneira como terminara o episódio anterior, imaginei que as Kawamoto marcariam presença firme. Erro meu, infelizmente. Como uma separação e introdução a recomeços, iniciou-se um novo semestre para um novo Rei. Sim, Kiriyama não é mais o mesmo que vimos meses atrás. Isso, em síntese, é positivo. Houve um inegável desenvolvimento. Agora, ele vai atrás da mudança, e até sua aparente auto-depreciação cômica ilustra uma diferença na atitude, ao invés de apenas encarar como o decorrer natural das coisas. Não conformar-se com o que lhe abala é primordial para se desafogar.
O professor, que sempre estivera presente para, irritantemente, alegrar o dia do rapaz, se mostra mais e mais resiliente e impactante no destino do aluno. E o andamento deste novo clube só veremos a partir de Outubro, mas não é preciso se arriscar em dizer que terá consequências oportunas em sua vida. Sempre movido pelo jogo de tabuleiro, o brilho no olhar de Rei quando é requisitado como um mentor a homens mais velhos diz por si só que a importância do game vai além da estima trazida pela vitória; e sim na agregação propositada pelo jogo. Assim, cumpre-se o propósito ideal que o Shogi deveria ter na fábula de Rei: um artifício de condução, não o automóvel em si, como ocorrera no período mais frágil e decepcionante do anime.
Entretanto, é na segunda metade que 3-gatsu ressurge e desperta nossa automática negação em aceitar o fim – agora temporário – da obra. Desde a cena inicial, de conteúdo melancólico, mas construído em prisma iluminado e esperançoso, uma paralaxe de perspectiva na jornada do rapaz. Até o passado tinge-se em cores vibrantes. Uma pessoa contente enxerga o bom em detrimento do perverso – e vice-versa. E a memória do agora é certamente melhor que as do recente passado.
Rei teve tempo suficiente para, em silêncio, tornar-se rei (há) de si mesmo. O assento vago é uma lembrança que tende a tornar-se longínqua, brilhantemente ensaiado pela staff ao quebrar a introspecção do protagonista ao chamado de seu companheiro Totoro. Ele não está mais sozinho; se a reclusão fora fruto da falta de opções, não é mais.
Faltou o brilho final das irmãs, que são a pequena alma de Sangatsu. Mas, como bem disse Rei, ele e seus camaradas seguem agora à luz. Elas estarão lá, em Outubro.
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E qual sua nota, leitor(a)?
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Review:
Sangatsu não foi o que eu imaginava nem o que podia. Pelas suas notas, leitores(a) imagino que pensem o mesmo. Um início monumental e perigosamente auspicioso, o que formou uma expectativa jamais próxima de ser atingida. O maior tropeço, aí, se dá curiosamente na velocidade da adaptação. Se tanto nos acostumamos a criticar os pulos e negligências de estúdios enquanto nos contavam histórias já conhecidas de Novels ou Mangás, o pecado da shaft se dá justamente na sua parcimônia e fidelidade para com o material original.
Por um tempo, funcionou. A apresentação da persona Rei, com seus flashbacks e amálgama de coadjuvantes, fora instigante. Criou simpatias imediatas no ninho abarrotado e reconfortante da morada das garotas com seu avô, antipatias interessantes em Kyouko e sublimou figuras que teriam, cedo ou tarde, alguma participação contundente no percurso de nosso herói; Totoro, o sensei etc.
E foi, lamuriosamente, na personalidade mais representativa e significante para a reviravolta comportamental de Rei que residiu a fraqueza de 3-gatsu como produto de entretenimento. Pobre Kai. O cadavérico homem, cuja sofrência e penosas condições refletem numa compleição 20 anos à frente de sua idade real, possui uma relevância que merecia melhor desenvolvimento do que o tido. Leiam bem: melhor, não maior. Porque foi exatamente no tamanho da participação onde o personagem teve seu potencial prejudicado.
Foi na tentativa de explorar seu passado nebuloso, tornar as ações do presente justificáveis – por que a insistência em revigorar Rei? – e criar uma empatia para consigo, que chegamos mais perto do contrário, ao ponto de, infelizmente, desejar a remoção do engravatado da série.
Sua marca no futuro de Rei – e, logo, da animação – é indelével e perene. Ele foi, respeitado o contexto, o Merlim, o Dumbledore tardio do estudante. Deu o empurrão que desafundou-o da lama em que estava. No entanto, a gordura de sua passagem é visível. Gordura esta que maculou a impressão acerca do todo.
As duas metades foram tão diferentes entre si que soa injusto ressaltar uma à outra na avaliação final. Maleficia que seja a parte de encerramento a claudicante. Logo, saímos de sorriso amarelo, pois o esmero ficou escondido em camadas de notas 2,5 e 3.
Resta, então, torcer para que a segunda temporada traga um balanceamento e dinamismo inexistentes aqui. É utópico esperar por 22 episódios de nível celestial. Apenas aguardo, humildemente, que as amenidades estejam distribuídas entre momentos de pura inspiração.
Há muita qualidade disponível. Já vimos disto. Que ela volte e permeie-nos de alegria em breve.
Direção: 8
Roteiro: 6,5
Animação: 7
Trilha Sonora: 7,5
Entretenimento: 7
Envolvimento Emocional: 6,5