Review – I Am Setsuna – Um jogo nostálgico de volta aos clássicos RPGs japoneses

Olá a todos! Sou o Luiz Felipe, o novo redator de jogos do IntoxiAnime­. Estarei trazendo análises e conteúdo de jogos, não somente aqueles extremamente populares, mas também todos que de alguma forma chamaram minha atenção e que, talvez, despertem a atenção de alguns de vocês. Então, sem mais delongas, vamos para a análise.

I AM SETSUNA

Uma obra nostálgica que nos leva de volta aos clássicos RPGs japoneses, através de uma comovente jornada

 

Desenvolvedora: TOKYO RPG FACTORY (Square Enix)

Gênero: RPG

Plataformas: PC, PLAYSTATION 4, NINTENDO SWITCH

Lançamento: 19/07/2016

I am Setsuna é um jogo de RPG que toma como inspiração o modelo clássico dos RPGs japoneses das gerações passadas, com forte influência de jogos tradicionais como Chrono Trigger e Final Fantasy 6. Tal comparação é intencional por parte da desenvolvedora, que objetivou um estilo retrô com gráficos modernizados.

Logo nos primeiros minutos já somos apresentados ao jogo de um modo bastante interessante. Após um breve tutorial sobre a mecânica de jogabilidade, o protagonista, Endir, um mercenário, recebe a missão de assassinar ninguém menos do que Setsuna, a personagem que dá nome a obra. Em seguida, nos é informado que Setsuna é um sacrifício humano, destinada a completar uma jornada para uma terra distante e que cessará os constantes ataques de monstros pelo mundo por anos, em troca, claro, de sua vida.

E assim, diante da situação de matar alguém já destinado a morrer, Endir decide se juntar a guarda de Setsuna e acompanha-la até o fim de sua jornada como sacrifício humano.

O primeiro encontro dos protagonistas. Setsuna, a garota destinada a morrer.

A jogabilidade segue os elementos que consagraram os RPGs clássicos, dando o ar de nostalgia para quem cresceu jogando estes jogos, mas com sua própria pegada. As batalhas ocorrem quando se encosta em algum monstro encontrado pelo caminho, iniciando o combate por turnos, mas sem quebra de tela e com fluidez.

Para os combates é possível utilizar até três personagens do grupo de uma vez, cada um com uma barra que indica quando o personagem poderá fazer seu próximo movimento e um sistema que adiciona propriedades especiais aos golpes, o que dá dinamismo ao combate. Uma das mais interessantes mecânicas de combate é a possibilidade de fazer combos a partir da utilização de habilidades de 2 ou 3 dos personagens simultaneamente.

As batalhas possuem mecânicas bastante fluidas.

 

Os combates, entretanto, não apresentam grandes desafios aos jogadores, que após se acostumarem com as mecânicas, não precisam criar elaboradas estratégias para vencer a grande maioria dos adversários, com exceção de alguns poucos chefes.

Aqui não há um sistema de armaduras, escudos e vestimentas, tudo é bem simplificado, somente há que se escolher as armas, específicas para cada personagem, e amuletos. Não há classes ou atributos para gastar seus pontos de experiência. Ao evoluir, aumenta-se automaticamente a saúde e a mana dos personagens, cada um evoluindo aspectos de forma diferente dos demais.

Assim, o grande atrativo para os combates fica a cargo do grande rol de habilidades e combinações que os personagens podem possuir. As habilidades, em sua maioria são únicas de cada personagem e são postas em amuletos, não podendo levar todas para o combate.

O jogo, entretanto, sofre com uma linearidade excessiva. Não há muito o que se fazer além de seguir a missão de levar Setsuna ao seu destino. A exploração do mundo também somente ocorre conforme se avança na história.

Todos os elementos do jogo são voltados ao tom melancólico da jornada do sacrifício humano. A trilha sonora, composta por Tomoki Miyoshi (que trabalhou em Soul Calibur V), é belíssima, com ampla utilização de piano, ajudando a dar o tom depressivo ao jogo.

A ambientação é praticamente toda feita em cenários com bastante neve e mostra um trabalho cuidadoso da desenvolvedora com os detalhes como, por exemplo, o rastro deixado na neve pelo caminhar dos personagens que vai se cobrindo aos poucos com a neve que cai. A ideia do próprio criador, Atsushi Hashimoto, era que os ambientes de neve fizessem a ligação emocional do jogador com a história triste da jornada para o sacrifício.

Se por um lado essa atmosfera nos imersa ainda mais emocionalmente, por outro a desenvolvedora pecou em não dar mais variedade aos ambientes, que só se diversificam, um pouco mais, na reta final do game. Até lá, vemos cavernas de gelo e passagens em estradas estreitas cobertas de neve aos montes, o que faz com que nenhum dos ambientes se torne único e memorável, criando ainda a sensação de um jogo repetitivo até a referida reta final do game.

O início da jornada, em termos de enredo, também não é dos mais empolgantes. Após a boa e intrigante introdução dos dois personagens principais, os acontecimentos seguintes são contados de forma apressada. Como exemplo, o protagonista, mercenário, que resolve não cumprir seu contrato e ajudar Setsuna em sua jornada. Tal decisão se dá em poucas linhas de dialogo, que o próprio protagonista quase não participa, fazendo tal decisão parecer pouco realista.

Mas a evolução do enredo, entretanto, é surpreendentemente boa. Todos os companheiros do grupo possuem ótimas histórias pessoais, que são bem exploradas e vão evoluindo conforme o jogador avança na história. A simpatia pelos personagens acontece de forma natural e o jogador acaba de fato se importando com o destino deles. Alias, achei os personagens, apesar de alguns clichês, uma das melhores coisas deste jogo.

Há também alguns “plot twists” durante o jogo e mesmo que alguns fossem previsíveis, há aqueles que realmente nos surpreendem, o que ótimo para manter o jogador interessado na trama. O enredo não é excepcional, mas consegue prender a atenção e fazer o jogador querer entender mais sobre o mundo do jogo.

I am Setsuna é jogo que atrai os jogadores por seu sentimento nostálgico ao mesmo tempo que os prende por sua boa trama. A Tokyo RPG Factory, subsidiária da gigante Square Enix, fez um bom trabalho dando as jogadores experiências consagradas dos grandes clássicos de RPG, de forma simplista e bem desenvolvida, mas esbarra na linearidade excessiva.

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