Tsuki ga Kirei #01 a #03 – O Anime mais Lento vira o mais Rápido – Impressões Semanais
A Lua demora para surgir no céu, mas quando aparece o brilho dela se torna encantador.
Aqui é o Marcelo, e eu também peguei Tsuki ga Kirei para fazer as Impressões Semanais.
Confesso que os dois primeiros episódios do anime não me agradaram muito logo de cara.
Basicamente eles se resumem em: início do ano letivo japonês, com todas aquelas situações típicas de costume (flores de cerejeira, grupos de amigos sendo separados, formação de novas amizades, e amor a primeira vista).
Para quem está acostumando com Slice of Lifes e romances isso deve ser relativamente normal, eu mesmo não me importo com animes lentos, mas em Tsuki ga Kirei isso é um pouquinho extremo. Tudo bem que a aproximação do casal é “bonitinha”, mas o ritmo em que tudo acontece pode deixar uma sensação ruim, é como se os 40 primeiros minutos fossem uma obrigação estarem ali, até finalmente entrar na parte interessante.
Você tem a apresentação dos personagens, e alguns eventos do cotidiano japonês. O festival escolar que eles participam não tem outra função, que não seja a de aproximar os protagonistas um pouco mais e apontar algumas direções que os personagens secundários podem seguir, ou interferir na história.
Kotarou, o protagonista, segue uma linha mais intelectual. Ele sonha em ser escritor, porém, carrega uma regra para si de nunca revelar os textos que escreve para outra pessoa, isso graças à influência de uma das filosofias de Dazai. Kotarou leva a ideia de: “uma pessoa não pode influenciar outra, ou ser influenciado por outra” bem a sério e por isso acaba se trancando um pouco no seu próprio mundo. Por seguir as filosofias de Dazai, que em grande parte são bem negativas, o esperado era que ele fosse um pouco depressivo.
Eu não diria que ele é energético, mas está longe de ser um personagem que sofre influências do pessimismo de Dazai, como acontece com alguns outros que seguem as ideias do autor. Por mais que ele tenha alguns pensamentos mais profundo sobre questões como felicidade, e hierarquia social, no fundo, acaba sendo meio que superficial. As referências estão ali, mas funcionando como um adicional à personalidade dele, e não como um traço marcante.
Akane por outro lado, segue o padrão esportista. Ela é membro do clube de atletismo, e adora correr. Sua personalidade vai de pontos extremos, como um pouco de timidez, até momentos em que ela é bem espontânea e fala tudo o que pensa. O fato dela precisar de um bichinho que pelúcia para aliviar o nervosismo dá uma certa característica particular a ela. Normalmente, personagens que praticam esportes são animados e bem confiantes, então ver ela um pouco retraída em alguns momentos ajuda a fixar o fato de que ela gosta muito de correr, chegando ao ponto de superar esses pequenos obstáculos para fazer isso.
O único ponto marcante que me vem a cabeça durante esses dois primeiros episódios, é o bom uso da frase mais acima. Ver o Kotarou abrindo mão da sua “filosofia de vida” devido as palavras da Akane cria um bom sentimento em relação ao futuro romance entre os dois.
O garoto que não acreditava ser possível influenciar, ou ser influenciando, acaba, sem perceber, sendo levado pelas palavras da garota que acabou de conhecer.
Se tudo parecia se encaminhar para um romance fofinho e lento, o terceiro episódio aparece como uma voadora no peito de quem não estava botando fé no anime… Certo, talvez isso tenha sido apenas comigo, mas não tem forma mais pratica de colocar a minha sensação ao ver o episódio, que não fosse essa.
Minhas impressões mudaram completamente depois de ver esse episódio, e eu não estou falando apenas pelo final, estou falando em um sentido amplo. A ideia de dar detalhes do cotidiano através de uma boa trilha sonora e focar mais nas conversas pelo celular ao invés dos momentos constrangedores criados por estar cara a cara com a pessoa de que se gosta. Tudo isso acrescenta um dinamismo muito bom para o enredo, além de acabar representando perfeitamente os relacionamentos atuais.
O episódio passa de forma tão tranquila que eu quase não notei que tinha chegado ao final, até finalmente entender o que estava acontecendo ali.
Se apenas essas mudanças já não fossem o suficiente, temos o final.
Existe uma bela Lua nessa história, uma que só brilhou nesse último episódio, mas que nem por isso deixou de ser impactante. A cena é tão surpreendente que eu não acreditava que fosse realmente acontecer até que as palavras foram ditas. E aquele dialogo… Foi poético, simples assim.
Se não fosse pela ajuda do Ryuuji (redator de VNs do blog), eu teria perdido 70% da beleza daquela cena. Desde os pensamentos do Kotarou, até a forma como os diálogos são conduzidos, tudo é poético.
Para quem se perguntava, assim como eu, sobre o sentido do nome do anime, aqui vai a respostas: Tsuki ga Kirei pode significar “eu te amo” em japonês. Essa foi uma tradução sugerida por Natsume Soseki por achar que “aishiteiru” não correspondia ao verdadeiro sentido que os japoneses davam para o amor. Em essência, aquela cena final onde os dois estão conversando é o “tsuki ga kirei” para cultura literária japonesa.
A Lua é bela por você estar com a pessoa que ama, ou por estar apaixonado. A cena dos dois interpreta perfeitamente o conceito de Tsuki ga Kirei, e isso foi tão incrível que me fez reavaliar o anime em um contexto todo.
Se antes a minha expectativa estava mediando, depois desse último episódio elas subiram muito.
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E você, que nota daria aos episódios?
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Extras
Os cenários ficaram bem feitos, mas em contra partida o design dos personagens pode ser normal demais para certos tipos de gostos.