Grimoire of Zero #04 – Impressões Semanais
Grimoire of Zero continua com sua atmosfera tranquila, o que deixa o anime com mais pegada de slice of life do que de ação e aventura propriamente dito. Não que eu esteja achando de todo ruim esta narrativa mais lenta, focada nas interações dos personagens como bem expus nos reviews anteriores.
A proposta desse anime é uma fantasia medieval, e eu acho que já está na hora de ocorrer algum evento mais emocionante, afinal, em animes desse gênero você espera por batalhas épicas, histórias envolventes.
Tudo bem que ainda estamos no início das aventuras e o autor está querendo apresentar bem os seus personagens para o público, mas em praticamente todo o tipo de história, precisamos de algum momento de tensão para nos mantermos presos à narrativa, o que ainda não ocorreu de verdade nesse roteiro.
Por mais que o anime esteja ambientado em um cenário de perseguição e guerra, sem a tensão, o público não vai conseguir sentir que há perigo real para o trio principal.
Então compreendam que esta minha crítica é em relação a isso, ainda não surgiu algum grande infortúnio para os personagens, e espero que o autor esteja guardando eles para o próximo episódio, já que terminamos com um pequeno gancho.
Contudo, nem o gancho conseguiu me transmitir alguma emoção ou sentimento abrupto de receio pelo o que poderia acontecer com os protagonistas. Nesse caso, mesmo que a direção tenha mostrado os corpos dos aldeões queimados, a maneira com que os quadros foram dirigidos foi tão insosso que uma cena que deveria impactar só causa um ‘ok’.
Compare isso com a cena do massacre do vilarejo de RE:Zero, não precisou mostrar completamente os corpos, mas apenas pela expressão e gestos do protagonista, você consegue sentir a tensão da situação.
Esses detalhes que mostram o quanto uma direção é importante. O roteiro por si só não vai perpassar todo o potencial da história para o público.
Para isso se faz necessário a presença do diretor que dá realmente vida à obra com os giros de uma câmera, a coordenação dos atores ou o tom de voz dos dubladores em determinada cena (um diretor de verdade dá vários petelecos).
Sobre os personagens, o roteiro está desenvolvendo até que de forma bastante razoável algumas partes de suas personalidades e história pessoal, ao longo do percurso que o trio traça. Mesmo que não seja algo ainda bem aprofundado, com isso já conseguimos ter um pouco mais de noção do âmago do mercenário, da Zero e do Albus.
Inclusive a bondade do mercenário é sempre um atributo que o autor não para de tocar, desde o primeiro episódio. Mesmo sendo alguém bem maltratado pela vida, ele ainda é um bestial com compaixão.
“Onde encontramos essa compaixão?”, você pode se perguntar, e lhe digo: no ato dele causar medo às crianças humanas para que elas não se aproximem de outros bestiais, posto que eles podem ser mais agressivos e perigosos em virtude do que vivenciaram no passado.
Com isso entramos na discussão sociológica de que: “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”, de Rousseau. Realmente a sociedade influencia o indivíduo e pode encaminhá-lo para um comportamento mais agressivo, até mesmo para sua sobrevivência, acabando por despertar esse lado mais animalesco do homem que não dá valor à vida de seus semelhantes, mas somente à sua autopreservação.
Só que aqui também entramos na questão da individualidade, uma pessoa sofrer alguma violência e agressão, viver uma vida difícil, não quer dizer que ele estará fadada a ser “um monstro”, isso também depende muito das escolhas que cada um faz. Mesmo que a coerção social seja forte, não podemos esquecer que possuímos uma consciência individual.
Gosto extremamente de ver de como aos poucos esse mercenário está tendo o coração domesticado pela Zero. Alias, a Zero e o mercenário continuam sendo os pontos fortes do anime, sua relação continua sendo bem agradável, divertida e carismática.
Só que acho meio forçados certos diálogos dela com o protagonista, como o pedido de um beijo. Tudo bem que ela possua um conhecimento enciclopédico de magia, mas é praticamente uma criança para o mundo por ter vivido isolada, mas gostaria que o autor não apelasse para tanto.
Se bem que ela pode ter se inspirado na protagonista de SukaSuka, né? Agora falando sério, admito que pedidos e respostas como essa e a do episódio anterior não são tão comuns, então pela criatividade e ousadia o autor ganhou um pontinho comigo.
Entretanto, gosto que o relacionamento entre personagens seja tratado de forma séria e sutil do que com avanços muito bruscos e frases provocantes. Aprecio que o desenvolvimento gere momentos como o pedido de namoro de Tsuki ga Kirei, de forma direta, mas natural e sincera.
Também compreendo que cenas assim são mais adicionadas para causar momentos cômicos e às vezes fofinhos com o protagonista do que realmente progredirem o romance.
E admito que precisamos destes alívios, já que não possuímos aqueles instantes eletrizantes, e só diálogos causariam um certo tédio no espectador, mas ainda assim esta ação é algo dispensável.
Então no geral, esse episódio foi mais parado que o anterior, mas de certa forma divertidinho. No entanto já está passando da hora de inserirem um momento de tensão maior para incentivar mais o público a continuar acompanhando a obra.
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E você, que nota daria ao episódio?
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#Extras