Made in Abyss #01 e #02 – Impressões Semanais
Design, ambientação e mistério. São essas três palavras que me fizeram confrontar Made in Abyss diretamente com medo do que poderia sair. Talvez por haver uma onda de fracassos em animações que causam certa estranheza ao público, ou simplesmente pelo PV ser bonito demais para ser verdade.
Passado o suspense de; será que isso vai ser cumprido? Comecei a levantar a hipótese do; será que esse nível vai ser mantido até o final? E por enquanto, tivemos dois episódios bem satisfatórios, o que pode significar sim uma boa estreia.
De início temos uma apresentação de história muito sutil, o que me agradou bastante. Há uma delicadeza inicial que mostra as personagens e aquele mundo envolto de forma muito natural. Não há desenrolares e uma explicação muito complexa sendo jogada logo na estreia, como se o intuito do primeiro episódio só fosse entregar o rumo que a história vai tomar.
Isso justamente acontece no episódio 2, porém voltado por uma perspectiva muito mais ligada ao cotidiano que o Reg começou a ter. Muitas explicações são dadas sem que de fato alguém as diga. Como a divisão das cores e classes dos apitos que foi mostrada simplesmente com uma peça no festival da cidade.
A parte principal da obra gira em torno do abismo. Suas explicações tanto de descoberta e explorações também foram sutilmente encaixadas, apenas para colocar o telespectador em contato com a realidade dali.
Além dos cenários exuberantes e a trilha sonora inicial, o que dá vida na obra são as personagens. A Riko, principalmente, consegue ter todo um drama familiar, mas transmite um carisma extremamente positivo e sonhador, além de parecer uma garota bem inteligente. Como “líder” ela realmente comanda a história e dá o eixo de entrada para as coisas acontecerem.
Todo o desenrolar até ela encontrar o Reg tem uma ambientação extremamente bonita. Isso serviu tanto para comprovar que os cenários são sim de tirar o fôlego, quanto para apresentar criaturas e o ambiente daquele universo.
Nesse quesito todo o conteúdo criativo está de parabéns. Sinceramente, fico na dúvida em qual cena teve melhor trilha sonora até agora, a do resgate do Reg ou do nascer do sol no abismo. Ambas conseguiram transmitir delicadeza e ao mesmo tempo aquele esplendor que uma estreia deve ter para conseguir se manter ao menos para o próximo episódio.
Sua sequência foi bastante corrida, em comparação ao primeiro. Contudo, além de diversas informações e um leve salto temporal, é justamente agora que a história de fato se volta para um enredo mais fixo.
A solução que as crianças tiveram para incluir o Reg na turma, foi particularmente bem inteligente, além de que é sempre divertido ver algumas travessuras infantis por aí. E esse aspecto voltado para protagonistas bem mais jovens transmite uma inocência sonhadora bastante cativante para mim.
Temos dois polos bem diferentes, o Reg mais reservado e a Riko mais espalhafatosa, porém concordo que de início eles formaram uma dupla divertida. Mesmo que a Riko ainda trate com tanto afeto o Reg, literalmente como se ele fosse um animalzinho de estimação extremamente precioso.
Por outro lado, o Reg embarca num conflito de ser um robô, mas parecer ter humanidade. Gosto do jeito que ele consegue seguir a vida sem se preocupar tanto com as respostas, assim parece que elas aparecerão na hora certa. E de fato estão.
A sociedade ali é bastante envolta na principal atividade econômica do local, tanto que virou tradição. Estando assim tão centrada na escavação. A Riko consegue ser uma personagem que, mesmo longe da mãe, ainda é plenamente focada em alcança-la.
Algo que me chamou bastante atenção foi o comportamento mais quieto dela perante as notícias da mãe. Sempre agindo de forma mais respeitosa e madura possível. Achei bem encantador porque mesmo meio desastrada e rebelde, em relação a sua mãe ela adquire um ar muito sensato. Provando que mesmo sendo uma criança, há uma personalidade completa nela.
O mistério do abismo já foi bastante revelado. E o final do episódio junto com o encerramento já entrega o que de fato o anime vai contar. Em relação as maldições, se a Riko realmente decidir explorar o abismo até o final coisas não muito legais poderão vir.
Made In Abyss pode provar ser realmente a obra mais enganadora como dizem, e com criancinhas pode ser que isso se torne ainda mais doloroso, porém cá estamos.
A abertura me lembrou bastante algumas músicas dos animes anos 2000’s, sem muita inovação no seu ritmo. O traço, que desculpe dizer, mas me lembra um tanto o Studio Ghibli e suas criações fantasiosas, consegue ser diferente, mais arredondado e menos proporcional que o normal.
Isso acaba seguindo o próprio design do mangá, que possui um traço ainda mais chibi. E foi justamente por isso que me interessei pela obra, pelo diferencial mais fofinho, admito.
Algo que me incomodou foi o design do Gilo, não consigo enxerga-lo como instrutor maduro e nem gostar da personalidade dele, mas isso é algo bem pessoal.
Há quem possa discordar que o segundo episódio não foi tão balanceado quanto o primeiro, mas ainda acho a ideia de jogar informações quando já nos familiarizamos com a obra mais interessante. Mesmo repleto de informações e acontecimentos, a divisão deles no episódio conseguiu deixar as coisas bem claras.
O que posso esperar da obra, além da manutenção do primor técnico, são os mistérios do abismo sendo revelados. Sendo transmitido como uma aventura entre crianças, mas ao mesmo tempo trazendo algumas coisas mais tristes, porque drama nunca é demais.
Como é uma obra com aspectos criativos bem diferentes, é difícil prever por exemplo a origem do Reg ou o que a Lyza está fazendo lá no fundo. Até porque é esse tipo de curiosidade, de entender como as coisas funcionam lá embaixo e o que há lá que acabam prendendo um público que gosta do gênero.
No mais, se mantermos tanto o humor mais infantil quanto essas ambientações maravilhosas, esperarei ansiosamente toda a semana para descobrir o que há naquele abismo, e que de fato a Riko seja o tipo de personagem que consiga chegar até o fim dele.
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E você, que nota daria ao episódio?
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