Made in Abyss #03 – Impressões semanais
Depois de dois episódios introdutórios bem completos, contamos com apenas uma boa despedida. Há quem diga que é desperdício de tempo e história dedicar um episódio inteiro para o desenrolar de uma fuga e todo um sentimentalismo exacerbado, mas começo a discordar por conta de alguns fatos já levantados pela obra.
Um detalhe importante citado logo de cara no episódio é justamente a idade da Riko. Uma garota de 12 anos, órfã e cuja personalidade é completamente descontrolada, recebendo uma carta da mãe. Já era meio óbvio que ela iria se jogar de cara nisso.
O motivo do Reg é mais objetivo. Cada vez mais ele demonstra uma personalidade bastante humana para um robô e seu auto-questionamento está se tornando mais presente. Ainda assim, sua construção como personagem está me agradando bastante. Tanto sua personalidade mais educada e tímida, quanto ao seu lado protetor e decido.
De acordo com a Lyza, se a silhueta humana vista próxima da sétima camada de fato for o Reg, as coisas começam a se tornar ainda mais misteriosas. Porque é justamente por aquelas bandas que ninguém consegue mais voltar. Então a pergunta é: como é que o Reg chegou a borda?
Óbvio que já dá para levantar algumas teorias por trás disso. O Reg pode ter sido humano, agora modificado e milhares de outras hipóteses. E é por conta do leque cheio de opções e o mistério inserido pouco a pouco que as coisas tendem ir positivamente para os próximos desfechos.
Temos que lembrar que estamos lidando com uma obra com crianças, realmente representadas como crianças. E de fato, pode ser que incomode a decisão de fuga como uma ideia boba de uma garota.
Senti um leve aperto no coração e algumas dúvidas sobre o que pensar dessa situação. É uma perspectiva de sociedade completamente diferente. As pessoas vivem em função do Abyss em todos os eixos possíveis. Sua exploração datada como um modo de vida é algo muito difícil de ser idealizado completamente.
Existe um lado dramático em que temos a Riko perdendo a mãe justamente por conta dessa realidade e a única forma de esclarecer suas dúvidas é encarando ela. Somado a isso ainda temos o Reg sem memórias e sem nem ao menos saber se é humano ou não.
A partir disso comecei a encarar aquele modo de pensar como algo além de uma fantasia infantil, mas também como a descobertas de coisas extremamente importantes para aquela dupla.
Sem dúvida, o que marca o episódio é a despedida. Pode não ter me tocado tanto, mas teve um tom de amizade cômico bem confortável, até por conta de o traço ser mais infantil.
Não houve tanta profundidade, mas pelo trabalho dado a essa parte já deu para ter uma ideia da importância daqueles amigos para Riko. Ela realmente não expressa tão bem seus sentimentos, mas sabe escutar e seguir alguns conselhos.
É nessa parte que sua personalidade mais adaptável acerta bem quando ela se rende e se despede do Nat.
Também não há como tornar as coisas ainda mais dramáticas em um grupinho de crianças dando tchau mesmo sabendo que estarão encarando a morte. E isso até me incomodou um tanto.
Há muita perspectiva sobre o adeus e tudo mais, porém a parte que ainda não me agradou tanto é a Riko sabendo exatamente de todas as camadas e as regras, e mesmo assim não demonstrando uma preocupação tão evidente sobre isso.
Por um lado, é interpretável como ela sendo apenas aquela personagem que realmente não liga para as consequências e só quer apostar tudo. Mas ao meu ver essa aposta ainda é alta demais para sequer uma única demonstração de medo.
É como o Nat infelizmente teve que dizer. Ele tomou todos os medos que até eu estava sentindo e soltando uma hipótese com boas chances de serem verdadeiras a respeito da Lyza.
Bom, mas como o plano já foi feito e lá se foram eles para o abismo, não há mais o que reclamar.
Outro aspecto que me interessou no episódio foi a sutileza que algumas coisas “mais pesadas” apareceram. Foram extremamente mínimas, mas ainda assim me chamaram atenção.
Mais um aparecimento de corpos enterrados, a história de terror do Nat e suas expressões com os sintomas da maldição foram coisas bem menos bonitinhas do que já foi mostrado. Além, dos traços de alguns coadjuvantes ao fundo bem assustadoras.
Conspirações da minha cabeça? Talvez, mas a coisa certa é que a agora já podemos ter uma história para ser contada. Uma exploração mais detalhada e descobertas no caminho.
A maior curiosidade é se o Abyss realmente proverá aqueles que oferecem seus corpos para explora-los. Já sabemos que o Reg não sente os efeitos, mas e o corpo da Riko? Será que por ela ter nascido por lá ela realmente conseguirá se virar bem?
Perguntas e mais perguntas. E graças a ótima narração desse final de episódio esperarei pela exploração da primeira camada, sua ambientação e quem sabe algumas explicações interessantes sobre seu sistema ecológico. Antes de desvendar sua história de fato, seria bem satisfatório conhecer algumas criaturas de lá, como a mocinha da ending, por exemplo.
No mais, ainda há um certo tom poético na obra a respeito da voz dos apitos brancos ou toda cultura misteriosa que se instalou ali. São esses tipos de detalhes menos explorados, mas que continuam ali trazendo delicadeza para a situação que também conseguem sustentar esse início de história. E particularmente, é uma boa coisa para se admirar.
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E você, que nota daria ao episódio?
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Extras
Algumas informações a mais da obra que eu não refutei na estreia, mas sempre é bom explanar. Made in Abyss tem como material original seu mangá serializado digitalmente pela Takeshobo desde outubro de 2012. Até agora o mangá conta com 42 capítulos e 5 volumes não encerrados. Todos podem ser facilmente encontrados em inglês.
Mesmo com o mapa do abismo sendo mostrado na obra, alguns detalhes podem ter passado despercebidos. O Sigy explicou até a sexta camada, mas no mapa é possível ver a sétima e a profundidade aproximada do final do abismo com 20 mil metros. Para se ter uma ideia, o ponto mais fundo do oceano, as Fossas Marianas, nas Filipinas tem apenas um pouco mais da metade disso com 11 mil metros. Haja chão.
E claro, o mapa mais detalhado.