Princess Principal #06 – Impressões Semanais

Esse foi um episódio um tanto quanto complicado de avaliar. Eu diria que ele é bem contraditório em vários pontos, o que deixa difícil dizer se foi bom, ou apenas aceitável. A ideia de ampliar a personagem da Dorathy era fundamental, principalmente depois de  uma introdução tão boa, quanto a da Chise.

Talvez, seja esse o exato problema aqui. Os acontecimentos do episódio tem o seu valor, mas em vista do que foi apresentado até agora, se tornam bem fracos e inconcisos. A forma como levam o drama da Dorathy, e a construção da sua missão, acaba desviando um pouco daquilo que o anime vinha oferecendo, e deixando uma sensação estranha.

Sou obrigado a concordar com a Beatrice.

O sexto episódio avança bem mais a frente, passando até mesmo o episódio de estreia e criando um ponto para explorar o passado da Dorathy. Por mais que o envolvimento dela com a Comunidade não seja tão profundo ou elaborado, quanto o das outras, essa “introdução” ajuda a entender melhor a personagem e deixá-la um pouco mais humana.

Pessoas tem diferentes visões e desejos, a ideia de “todos reunidos por uma bandeira” é boa, mas se torna fraca quanto todo mundo é extremamente fiel aquela causa. A Ange, Princess, Beatrice e Chise tem seus objetivos, e cada uma se ligou ao grupo por interesses particulares, o que já não é o caso da Dorathy.

Esse passado criado para ela é bom, ao mesmo tempo que é simples demais, enquanto que foi empurrado de uma forma estranha, ao mesmo tempo que funciona como um gatilho emocional básico, e no final, eu não sei mais se colocar assim vai fazer sentido, por isso, vamos por partes.

Respira fundo e vamos pela ponto de vista profissional.

Quando você para para pensar nesse episódio em uma construção política/universo de espiões, as coisas ficam bem diferentes dos demais casos. Enquanto nos outros elas prezavam pela descrição e “furtividade”, nesse as situações seguem para uma linha oposta.

Graças a existência do pai da Dorathy, e os surtos que ele tem por conta dos seus problemas, toda a atenção caí em cima dela, e isso só se agrava mais quando se leva a situação em que as duas chegaram ali. É uma condição extremamente seleta a filha desaparecida voltar quando o pai está incumbido de uma “missão”.

O diálogo da Beatrice entra para tentar amenizar essa situação, dizendo que é normal pessoas se refugiarem em necrotérios e coisa do tipo, mas quando o pai da Dorathy expressa claramente a existência dela para um dos membros do Reino, tudo fica um tanto forçado.

Qualquer organização de inteligência ligaria os pontos da relação pai e filha, envolvendo um surgimento repentino em um momento especifico demais. Pode ser que voltem com isso como um parte do roteiro, e ponto de ignição para a descoberta da relação da Princess com a Comunidade, mas seja como for, em um primeiro momento, deixa uma sensação de falta de cuidado por parte do roteiro.

Agora sim, a parte mais complicada… O ponto de vista dramático.

A questão do pai da Dorathy também é uma das coisas que acaba sendo um pouco estranhas… Se é que dá para chamar assim. O personagem por si só já não me agradou. Ele tem o problema citado mais acima no texto, de como força todo mundo a olhar para ele enquanto grita e faz, literalmente, birra sobre as coisas.

Existe um passado para ele, e uma condição delicada que justificaria o comportamento, mas, seja pela forma de falar, ou agir, o pai da Dorathy não consegue me vender essa ideia. Ele deveria ser uma personagem detestável, já que fez aquilo com ela e tudo mais, porém, no lugar de desprezá-lo por ser um lixo de pai, você odeia o personagem por ser um estereotipo de bêbado padrão, e isso, por consequência, acaba gerando um outro “problema” mais a frente.

O passado da Dorathy é bom, existe um drama e um motivo para ela ter se envolvido com a Comunidade (por mais que seja bem simples em relação as outras). Mas esse mesmo drama, acaba virando… Como posso dizer, um pequeno ponto vago nos sentimentos que aquilo deveria passar.

O problema é que…

Existem informações ali que te levam a entender a situação da Dorathy. Um flashback, uma memória nostálgica, e um final buscando o drama. Mas na minha concepção, não existe um ponto que faça a transição entre esses dois lados.

O maior dos problemas, é aquela falha de comunicação/informação que gera uma cena forçada e clichê. A Dorathy encontra seu pai com um certo receio, ela apresentada um passado que intensifica esse “ódio” e sua fuga de casa, enquanto  tenta remeter um certo arrependimento nas suas ações.

Mas o pai dela não te convence dessa evolução. Os sentimentos dela existem, claro, e não estou dizendo que uma relação e pai e filha seja tão superficial, ao ponto de ser apagada completamente por alguns erros. Mas quando você vê aquela cena dele preferindo a filha, ao invés do dinheiro, logo após a Dorathy se frustrar por ter justamente considerado essa possibilidade de “troca”, não surgiu um verdadeiro sentimento de emoção.

O episódio da Chise pesa ainda mais em cima disso, porque foi incrivelmente bem trabalhado nesse aspecto emocional, e em como conduziu essa conclusão ao final da história.

Eu não sei se isso vai fazer sentindo, mas a sensação mais próxima que daria para usar, seria a de quando você está lendo um texto de forma rápida, ou sem prestar muita atenção, e uma palavras, especifcamente grande aparece, e você não nota que estava falando um letra, como foi o caso da que acabei de usar há pouco. O sentido não desaparece, você consegue pegar a ideia e até achar bom, mas quando volta para ler, nota que estava errado.

O cérebro mente por você, para completar a falta de informação.

O episódio focado na Dorathy ajuda a construir uma personalidade mais humana para ela, e adiciona um pouco mais de conteúdo para o grupo de garotas. O drama em seu passado, e a construção de um momento fúnebre usando a cantiga que os dois tinham em comum, traz um bom apelo para cena, mostrando a Dorathy esperando no bar.

Em contra partida, a personalidade do seu pai, e algumas escolhas de comportamento baseadas nos exageros criado por ele, acabam deixando uma sensação estranha a respeito da construção do clima de espiãs que vinha se formando. No final, o episódio não é ruim, mas me deixou com uma sensação estranha por certas escolhas.

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E você, que nota daria ao episódio?

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Extra

Quando sua vó pede para ensinar a usar o PC.

Interessante ver que ela usa o nome da mãe, ao invés do seu.

O drama foi bom, só foi uma pena terem explorado os dois extremos (pai bêbado x redenção) sem terem muito tempo para isso.

Não mexa com a Dorathy….

… Ou deixe ela brava…

 

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.