Boku no Hero Academia 2 #24 – Impressões semanais
E mais uma vez, em seu penúltimo episódio, Boku no Hero nos entrega uma ótima luta clímax e um desenvolvimento e aprofundamento monstruoso de seus personagens.
Após a grande batalha entre Todoroki e Midoriya, no começo da segunda temporada, não pensei que veria tentando a mesma proposta de conflito e desenvolvimento. Porém, me surpreendendo, em um arco aparentemente focado em personagens secundários, o protagonista retoma a cena e reafirma a relação mais interessante da série: Midoriya e Bakugou.
O desenrolar da luta entre Midoriya e Todoroki no fim do arco do torneio na primeira parte da segunda temporada, foi quase que inteiramente apoiada no drama familiar de Todoroki e sua superação. Esta que feita de um modo fantástico com diversas cenas monstruosamente animadas e diversos espetáculos visuais, além do mais importante que uma luta épica deve ter: Entrelaçar o espectador com a cena.
Para realizar isso, o enredo normalmente extrapola os níveis de emoção em cenas destacando algum drama de um personagem, ou trazendo algum momento de superação à níveis grandiosos. Isso funciona muito bem, porém quando é feita de maneira errada pode causar uma sensação de ridículo; podemos citar como o exemplo o famoso ” Poder da amizade”.
Para entendermos o quanto a luta deste episódio foi significativa dentro do roteiro principal do anime, é necessário que percebamos a principal vertente do roteiro de Boku no Hero e o seu objetivo.
O enredo do anime sempre se deu em volta de dois principais pilares: A jornada de herói de Midoriya e a rivalidade entre o protagonista e Bakugou. A luta deste episódio conseguiu unir ambos e criar um bom senso de progressão à história, todo o drama entre ambos não foi resolvido nesse episódio, mas esse confronto foi essencial para demonstrar como eles evoluíram.
Bakugou é essencialmente um personagem estourado, é impulsivo, orgulhoso, competitivo e ainda é audacioso. Muitos podem não gostar de sua personalidade e não gostar de determinadas partes do anime por causa dele, mas é inegável que o seu desenvolvimento e a sua complexa personalidade melhoram e elevam o nível de diversidade de personagens de Boku no Hero.
A sua rivalidade com Midoriya atua como uma peça que faz o enredo progredir. Toda a sua relação com o protagonista é muito profunda e complexa, com origens desde a primeira temporada. É incrível ter uma perspectiva geral do anime e perceber como ambos evoluíram e cresceram como personagens, mas mesmo assim, em sua essência, continuam o mesmo.
E além disso, essa evolução não se deu de maneira superficial como acontece na maioria dos casos e até no próprio Boku no Hero, com a maioria dos personagens secundários. Até mesmo o desenvolvimento de Todoroki não foi um dos mais profundos, porém soube ser aproveitado de uma forma estrondosa ocasionando a luta mais épica de todo o anime.
No começo do episódio, podemos perceber como a relação entre ambos foi instável e sofreu mudanças de acordo com o amadurecimento de cada um. Antes, basicamente, tudo era em serventia de Katchan e Midoriya não tinha voz, porém essa situação foi se invertendo. Durante todo o anime, Midoriya passa a ganhar muito mais confiança em suas atitudes e Bakugou se sente abafado e limitado pelo crescimento de seu rival.
Chega uma hora em que Bakugou, assim como nos tempos antigos, bate em Midoriya; quebrando então toda essa barreira que estava o impedindo e o limitando e ele então começa a liberar toda a sua raiva. Midoriya, num primeiro momento, fica sem reação, similar aos tempos em que ambos brigavam quando crianças; porém ele reage contra Bakugou, provando toda a evolução que vem acontecendo.
Essa cena tem, em si, uma carga emocional gigantesca, trazendo uma quebra no paradigma instalado. A partir disso, tudo começa a se desenrolar e a batalha vai tomando proporções cada vez maiores e pesadas.
O principal confronto do episódio não foi a batalha entre All Might e os rivais, mas sim a discordância no ponto de vista de ambos sobre como resolvê-la.
Midoriya não conseguiria nunca vencer ou fugir de All Might sozinho, ele o endeusava muito. Toda essa admiração não o permitia pensar em planos que conseguissem, de alguma forma, fazê-los ganharem.
Já Bakugou estava cego pelo seu orgulho. Ter que cooperar com seu rival, que roubou sua movimentação, o provocou e claramente o desafiou, abalou o seu psicológico. Além disso, a pressão de ter que batalhar com All Might, até para ele, era muito grande. Por isso, mesmo que ele, durante as batalhas, fosse muito racional com ótima movimentação de luta; toda essa situação estava o afetando.
Apenas o formato onde toda essa situação se encaixou, foi genial. Para superar isso, ambos teriam de dar tudo de si e superar seus conflitos para cooperar. Percebemos que não foi exatamente isso que aconteceu; os personagens, mesmo cooperando, ainda mantinham a sua essência e não deixavam o coletivo apagar a sua individualidade.
O que gerou o clímax da luta não foi o fato ambos terem superados seus conflitos e trabalhado harmoniosamente sem conflitos, até por que isso não aconteceu. O que realmente causou foi a tentativa de ambos de reconhecer que no momento suas discussões não mereciam todos os problemas que estavam guardando. Cada um deles queria ganhar por um motivo próprio, não foram deixados de lado os interesses e a individualidade para uma suposta “paz”.
O All Might teve, também, um papel muito importante durante toda a batalha, representando um inimigo impossível de ser derrotado que conseguiu unir ambos. Ficou claro, nos primeiros minutos, que seu poder era monstruoso; mesmo com diversos pesos, mal conseguindo utilizar seu poder por 1 hora e claramente se segurando. O que foi mostrado na luta não foi somente uma demonstração de seus poderes, também mostrou-nos uma noção de como seria a gravidade do poder real de Deku em seu 100%.
A resolução da batalha, por mais que parecesse um pouco forçada no início, quando Bakugou e Deku conseguiram correr, com pouco esforço, de All Might, se mostrou mais complexa quando ocorreram os picos de emoção.
A maioria das batalhas tem os denominados “picos de emoção”. São momentos onde toda a tensão acumulada durante a luta explode em algum golpe com grandes proporções, e ainda uma sensação épica é passada.
Na luta entre Midoriya e Todoroki, esse momento foi quando estava prestes a explodir um grande conflito, com o segundo utilizando ao máximo seus poderes de fogo e gelo e o primeiro se esforçando ao máximo para conseguir derrotá-lo.
No caso da batalha do episódio de hoje, esse momento começou quando Bakugou se extrapolou e começou a sacrificar seu corpo, utilizando explosões de larga escala sem proteções adequadas. Não foi tão grandiosa ou bem animada quanto a da outra grande luta da temporada, mas o seu desenrolar recompensou.
Mesmo que sempre vá a ser absurdo quando dois jovens conseguem “ganhar” do super-herói mais forte do mundo(Com diversas limitações), no caso dessa batalha ela foi bem utilizada. Seus principais pilares de explicação foram o fato dos poderes de All Might estarem diminuindo a cada vez que ele usa e ele não estar lutando completamente à sério.
Comparando com o todo, esse episódio foi, junto com o décimo, um dos melhores da temporada para mim. Ele conseguiu não somente fazer jus a tudo que o anime vem produzindo e evoluindo, mas também representar todo um ciclo da relação entre o protagonista e o seu rival.
A emoção geral da batalha não foi tão grande quanto a do episódio 10, porém o seu desenvolvimento, somado ao fato de representar mais o enredo principal , contribui para que ela se iguale à outra. A animação não está tão boa quanto na outra batalha, porém apresenta picos de animação fluida muito belos e bem animados.
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E você, que nota daria a este episódio?
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