Sakurada Reset #21 a #24 – Impressões Finais
Sakurada Reset surgiu na temporada passado com dois episódios iniciais bem interessantes. A proposta de desenvolver a história em torno de uma cidade misteriosa, onde os habitantes carregavam habilidades “aleatórias”, acabou chamando minha atenção, o que, por consequência, gerou essas Impressões Semanais.
Eu não diria que o anime foi uma obra prima, ou que chegou perto de ser alguma marca para o gênero e estilo narrativo que propôs, mas ao menos nos seus momentos finais, consegue entregar um conclusão satisfatória para tudo aquilo que vinha trabalhando, e passando a sensação de que não foi em vão acompanhar esses 24 episódios.
Se tivesse que resumir esse arco final, em especial a conclusão da história, eu diria que foi a combinação de quase tudo aquilo que deu certo durante o anime, e que poderia ser levado como um elogio, caso você tivesse que recomendar para alguém.
Teve um forma inteligente de usar as habilidades de cada pessoa, filosofias encaixadas para expressar pontos de vistas sem, necessariamente, entrar em grandes explicações ou exposições, o Kei mostrando novamente ser um personagem estratégias que sabe organizar, e utilizar, as informações que têm, e claro, um pouco da insanidade do personagem em tentar resolver as coisas se jogando em “perigo”.
O primeiro dentre os três episódios, no caso, o 21º, mostra o início desses planos do Kei, e a abordagem que ele usa para enfrentar o Urachi. A forma como ele se aproveita de algumas brechas dentro dos planos do Urachi e, em certos pontos, na própria lógica do personagem, foi uma das coisas que mais me chamou a atenção.
Não chegou a ser uma grande batalha de estratégias, mas foi bem elabora a forma com o Urachi tentou pegar o Kei, não só usando o amigo/segurança para selar as habilidades dele, como por jogar usando as regras do próprio Escritório para culpar o Kei, que por suas vezes, também usou das mesmas regras para encurralar o Urachi por estar “fugindo” dos ideias da Organização.
A construção do plano do Kei, em usar a habilidade da Eri para selar as memórias dos membros do Escritório, acaba gerando uma tensão relativamente interessante. Era previsível que ele não se deixaria selar, mas ainda dá para sentir uma certa hesitação em como as cenas vão decorrer.
Em cima dessa questão, o que mais me incomodou, foi o fato de se apoiarem muito na quesito “precognição da Souma”. A memória do Kei, certamente, é impecável, o que justifica todo o domínio que ele teve sobre a situação e os eventos, mas senti falta de uma explicação mais clara para nós, espectadores.
Talvez alguma ponto que demonstrasse melhor que o Kei realmente cogitou todas as possibilidades, e que o melhor resultado alcançado é, de fato, o melhor possível. Seria até interessante para reforçar ainda mais a questão do egoísmo dele, e ampliar um pouco mais as questões morais que são levantadas no episódio 22, com a relação de salvar muitos, ou salvar todos.
Por falar no episódio 22… Eu diria que ele me deixou na dúvida sobre o que pensar a respeito da solução do problema.
Após o sequestro do Urachi, e mais uma das loucuras do Kei, onde ele mesmo se usa de refém, temos um diálogo bem interessante entre os dois, até chegarmos a conclusão da história.
Eu realmente gostei de como o Kei usou a metáfora/hipótese dos marinheiros para fundamentar toda a lógica em cima do que o Urachi estava fazendo, e de como ele pretendia resolver os problemas de Sakurada.
O desenrolar das explicações, envolvendo os poderes de mais de um dos integrantes do grupo, deixa tudo interessante, principalmente por soar como um plano inteligente, e não uma mera coincidência que todos os envolvidos com o Kei tenha o exato poder que ele precisava para resolver o problema.
Isso contribui para deixar a história mais compacta, usando de tudo sem parecer forçado. As habilidades da Nono, e do garoto de óculos já vinham sendo utilizadas de outra forma, então o Kei apenas reaproveitou elas de uma maneira inteligente para criar uma alternativa provisória para os problemas.
Deixarem que o Kagaya tomasse a decisão a respeito do que fazer, foi algo bem interessante também, e tira parte daquela sensação de que o Kei precisava resolver tudo sozinho, e ser o dono da razão. Ele pode até ter levado os personagens envolvido ao raciocínio que pretendia, mas a decisão final não foi dele, o que dá uma cara de novidade para o final da história.
Junto desse final, tem a questão que me deixou um pouco divido… Eu não esperava que o Urachi fosse se “render”, pensava que ele fosse até o fim como o seu plano, e que teria alguma cena onde fosse preso, já que estava indo contra algumas política do Escritório, ou então o Kei simplesmente frustraria os seus planos e ponto.
Ter aquela espécie de aliança no final não é ruim, e no fundo eu gostei daquele final. Entretanto, indiretamente significa que todos os arcos tiveram quase a mesma conclusão.
Kei encontra uma pessoa com problemas, ou sendo o problema, estuda as possibilidades em cima disso, faz um reset e depois traz a pessoa para o seu lado, ou termina de uma forma em que todos fiquem em “bons termos”.
Não é algo que incomode, já que o roteirista/escritor consegue amenizar essa sensação deixando-a quase imperceptível, mas pode ser vista por alguns como uma “deslize” do enredo por se aproveitar de uma mesma rotina. Porém, caso isso não seja um problema, e o que levantei não faz sentido, daria para interpretar como uma forma de reforçar a característica principal do Kei: salvar ambos os lados e fazer o bem para todos.
Por último, o episódio 24 acaba sendo um epílogo para a Souma, e o relacionamento do Kei com as duas garotas. O plot twist em cima da verdadeira Souma era algo que eu não esperava, principalmente por ela ter “afirmado” que era uma copia da original.
O dilema dela em relação ao Kei acaba sendo ainda mais intensificado por conta da forma como a Souma expressa seus sentimentos, dizendo que ficou aquela tempo todo esperando que ele desse uma “existência” para ela.
Os diálogos com a Haruki também são interessantes, e mostram que ela se tornou ainda mais humana depois de tudo que passou.
A escolha de usarem a pedra foi bem legal, por remeter aquela conversa que a Haruki teve com a Bruxa a uns bons episódios atrás, sobre o valor que a pessoa teria, caso se tornasse uma pedra. Então, quando tenta agarrá-la para evitar derrubar, mesmo não acreditando que fosse o Kei, ela acaba respondendo a pergunta da Bruxa.
Toda a conversa seguinte com a Souma também é muito interessante, ainda mais por levantar as questões da memória apagada que o Kei “devolveu” para Haruki. A relação das duas acaba ficando no meio termo, sendo que ambas desejavam ser a outra.
Por fim, a Souma acaba ficando na friendozone (ou nem tanto assim. Detalhes nos extras), e decidindo continuar sua vida daquela forma.
Esse episódio acaba colocando os pingos nos “i”, e encerrando tudo o que tinha ficado para trás a respeito da Souma e sua verdadeira forma. Para quem esperava um happy ending para ela (como eu), as coisa foram até que bem positivas. Ela voltou a vida e pode continuar vivendo por ali junto do Kei.
Sendo assim, e com três episódios comentados, vamos a conclusão de tudo o que aconteceu, e o que foi acompanhar esses 24 episódios.
Sakurada começou com uma proposta bem interessante, me convencendo de que poderia ser bom nos seus primeiros sete episódios. Depois disso, o anime acabou decaindo um pouco, entrando em uma espécie de looping onde viva empurrando mistérios, apenas para respondê-los alguns episódios depois, o que não necessariamente é ruim, só não é do meu agrado.
De longe, o que mais me agradou foi o desenvolvimento da Souma, onde souberam balancear bem a questão do questionar e criar mistérios, para assim forçar as pessoas a pensar no que estava acontecendo ali, deixando uma linha bem clara, onde quase todos os seus comportamentos acabam sendo aproveitados.
Por outro lado, não posso dizer o mesmo do Kei e da Haruki. A evolução deles acontece, e não é ruim, mas também não me causou qualquer forte impressão. O personagem de ambos funcionavam em cima da questão de não saber expressar sentimentos, ou escondê-los, talvez por isso essa sensação, mas mesmo com o auxilio de eventos chaves para expor essa evolução, a sensação de que eles não melhoraram tanto assim, pode incomodar alguns.
O desenvolvimento do enredo também foi agradável, e por mais que não tenha gostado da forma como explicaram a origem do Escritório, todo o resto é eficiente, e cumpre bem tudo o que o anime se propôs a fazer e entregar.
O fato de usarem situações criadas no início da série, deixa uma boa impressão, mostrando que o autor teve o trabalho de conectar o máximo de informações possíveis para levar a conclusão da história. Entretanto, justamente em cima dessa quantidade de personagens e habilidades sendo reaproveitadas, a impressão de que personagens foram esquecidos, ou mal aproveitados também surge.
O melhor exemplo, seria a Murase, que teve um bom arco onde demonstrou uma boa personalidade e ideias que seria facilmente exploráveis no decorrer da história, mas acabou se tornando um personagem auxiliar qualquer, que acaba aparecendo para “encontrar coisas”, ou resolver problemas por fora.
Sakurada é uma boa opção para quem gosta do gênero, principalmente por não ser tão comum de se encontrar por aí. Ele carrega seus problemas, mas não chega a ser um grande incomodo, o mais pesados, seria a forma como os personagens acabam parecendo “lentos” demais.
No geral, para quem busca um anime de suspense/mistério com uma proposta relativamente diferenciada, onde o protagonista usa de forma inteligente condições e situações do seu redor para resolver os problemas, pode ser uma boa opção.
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E você, que nota daria ao anime?
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Extra
Para quem não conhece, a expressão “Tsuki ga Kirei” (A lua está bela), pode se interpretado em japonês como um “eu gosto de você”.
Eu ainda não faço ideia do porquê dela colocar o anel para usar as habilidades… Isso foi explicado e eu acabei deixando passar, ou realmente deixaram mais um furo nas mãos da nobre Ukawa-san?