Made in Abyss #13 – Impressões Finais
Quando foi anunciado um episódio de 1 hora para Made in Abyss, já estava decidido não só a quantidade de informações que ele ofereceria, mas também o cuidado no qual ele seria feito. O desfecho do arco da Nanachi não é o clímax principal história para quem leu o mangá; porém, se não fosse por ele, não teríamos chegado até esse ponto de uma forma extremamente profunda.
O episódio já começa com gostinho de final, recapitulando diversas cenas desde o início da temporada. Logo de cara, a ficha já cai e percebemos que estamos realmente no final disso tudo.
Os impactos já começam com o flashback do passado da Nanachi ainda como humana. Todo o cenário de inverno acaba transmitindo a cena de uma forma ao mesmo tempo triste e esperançosa. O problema em questão é que estamos lidando com crianças abandonadas e sua única porta de escape acaba sendo o Bondrewd. A pior porta possível.
O destaque da personalidade da Nanachi já começa aí. Sua fragilidade como criança ainda é vista muito intensamente naquela época. Além disso, sua devoção pelo abismo previamente já a coloca como o centro da história de uma forma bastante natural.
Sua diferença óbvia com a Mitty acaba sendo retratada mais rapidamente, porém passou o recado. A parte curiosa é que elas duas tem objetivos parecidos em volta do abismo, mas personalidades muito diferentes.
Enquanto a Mitty é cheia de energia (muito parecida com a Riko) e quer se tornar um apito branco, a Nanachi é mais reservada, evita contato físico e tem um conhecimento muito mais teórico sobre o abismo.
Querendo ou não, a crença que elas cresceram ouvindo é a mesma. O abismo é o único objetivo em que toda aquela sociedade consegue se voltar e mais uma vez isso é refutado muito claramente.
Mas são nessas diferenças que a amizade delas consegue ser bem construída. Primeiramente, elas são crianças, então mesmo que a Nanachi parecesse não querer ter amigos, isso era uma grande mentira.
As pessoas não se aproximavam da Nanachi, enquanto também fugiam da euforia da Mitty. E são nessas condições que ela acaba colocando um ponto extremamente positivo na vida da Nanachi: Ela é sua primeira amiga.
Em todo esse contexto mais emocional, a experiência do Bondrewd já começa com algo preocupante: jogar uma penca de crianças na quinta camada. A ideia já não é muito boa e, como conhecemos a Mitty na sua forma atual, o pior estava sendo previsto.
Antes disso, entender o que se passa na cabeça do Apito Branco é extremamente difícil. Ele é basicamente um cientista obcecado pelo abismo e quem foi mais longe em crueldades para poder entendê-lo. Mas essas características me parecem muito rasas para torná-lo quem ele é e o flashback acaba pecando justamente na parte em que não podemos conhecer muita coisa sobre ele.
Aí vem a parte que dói o coração. Primeiro, eu não queria acreditar que realmente eles iriam ascender duas crianças da sexta camada tão rapidamente. Depois, tinha que concordar que aquele era o único jeito em que a Mitty poderia ter ficado assim. E veio a cena.
Foi um misto de tristeza e de raiva. Somado aos pensamentos da Nanachi naquele momento e uma transformação no mínimo perturbadora, finalmente deu para entender os níveis de personalidades e histórias que se encontravam no abismo.
Não é um conto de fadas, uma aventura qualquer que nos conecta com outro mundo. É apenas uma realidade tão cruel e verdadeira quanto qualquer outra, onde se prova mais uma vez que o ser humano tem lados bons e extremamente ruins.
Não o bastante, a condição da Mitty de imortalidade gera um desconforto enorme. E então finalmente podemos entender o pedido da Nanachi ao Reg. Nunca morrer, apenas sentir dor, presa dentro de um corpo que aprisiona sua alma. Essa é uma das condições mais tristes que eu acabei tendo que assistir.
É uma sequência de fatos ruins e mórbidos até sabermos que a Nanachi tentava matá-la, mas era sempre em vão e com muita dor.
De volta ao presente, os pensamentos do Reg representam bem o sentimento de quem está assistindo. Ok, não estivemos realmente naquela situação da Mitty e da Nanachi para entender 100% do sofrimento delas duas.
Mas o pensamento do Reg em ter que matar alguém que ainda parece estar vivo se assemelha a muitas dúvidas a respeito do que realmente sentir nessa situação. Deixá-la viver é triste, assim como matá-la também é.
Em meio a todo esse clima de tristeza, o episódio ainda mantém seu humor mais humilde e suas características técnicas primordiais. Era uma atmosfera mais tensa sobre o abismo, mas ainda assim a obra não perdeu sua essência.
Tomada a decisão, que ainda incluiu a informação sobre o incinerador do Reg ser um tipo de relíquia, vimos uma das cenas mais difíceis do desfecho.
Foi num cenário incrível, um campo de Eterna Fortuna, rodeada de brinquedos e mimos como uma criança deve ser. Lágrimas de uma amizade envolta em todos os presentes ali, desde o Reg até a própria Mitty. Foi ali que, para alguns, terminava o sofrimento de uma alma angustiada, mas ao mesmo tempo nascia a tristeza de alguém que talvez nunca veremos novamente. Foi libertador.
Depois de muito tempo desacordada, a Riko, que particularmente eu sentia mais falta, ressalva algo extremamente positivo em toda essa história. Seu sonho conecta diretamente todos os pontos soltos sobre a Mitty: O que será que ela realmente estava sentindo?
A explicação do Reg sobre a Riko poder ter uma conexão com o abismo justifica muita coisa. Mas ainda creio que seja uma conexão mais pessoal. A Mitty acaba vendo na Riko uma personalidade extremamente parecida com a dela.
E a Riko acaba conseguindo entender todo seu sentimento de prisão até ser libertada e conseguir de alguma forma seguir a crença do abismo em que todos sempre retornam para ele. É complexo, mas dá para findar tudo com a ideia de que a liberdade da Mitty foi obtida e ela um dia voltará.
Mesmo que cedo para discutir esse ponto, ainda creio que uma boa teoria seria a de que no final do abismo todos os caminhos se encontrariam e que todos que morreram lá fossem justamente alocados em seu final. Mas, pelo nível do episódio, acho que seria um desfecho muito positivo.
Ainda assim, é misterioso pensar que a expressão que a Riko soltou “Aquele olhar que eu vi estava cheio de saudade” e a cena da Mitty retornando não fosse algo relacionado a ela realmente regressar ao abismo.
Bom, depois de todo o lado triste da história conseguimos ver a Nanachi se reerguendo e tendo a certeza de que fez a coisa certa. Ao mesmo tempo, a recuperação da Riko sendo milagrosa e a cena do banho mais vergonhosa de todos os tempos.
Ainda não entendo bem esse autor que consegue ir colocar seios na Mitty até colocar uma conotação mais “adulta” sobre o Reg. Acho que ele lida de uma forma muito natural todos esses conceitos mais “humanos” inserindo isso na cultura do mangá, mas sinto falta de um romance mais bobinho entre a Riko e o Reg.
Por fim, a cena final de toda a preparação para a viagem e o balão chegando a superfície fecha a temporada de uma forma muito especial. A OST estava mais do que impecável e todos os detalhes cenográficos estavam inteiramente voltados para aquele momento. Era um retrocesso, a única ascensão que eles poderiam oferecer, agora como trio.
Cada pedaço, cenário e personalidade da temporada foi sendo observado de baixo para cima, emergindo com a única esperança de conseguir chegar a superfície. E foi assim na primavera, em meio a cidade com milhares de exploradores que sentem a mesma afeição e curiosidade pelo abismo, foi ao redor dele que nos despedimos de uma obra de arte detalhada cuidadosamente para nos fazer sentir parte daquele universo.
Não antes de sermos bombardeados com uma cena final esperançosa. Mas, mesmo que ainda tenhamos alguma chance de uma próxima temporada, não me importaria de aceitar esse final contínuo como um dos mais completos em termos de conteúdo e sentimentalismo.
E é com esse curtinho desabafo que termino com o sentimento de ter literalmente conseguido mergulhar no Abyss.
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E você, que nota daria ao episódio?
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