Bokutachi wa Benkyou ga Dekinai – Bem mais do que um sucessor de Nisekoi | Review
Haréns são um caso complicado, diria até que é um dos clássicos exemplos de “ame, ou odeie”. Eu não tenho uma completa repulsa pelo gênero, mas tenho um pé bem mais para o lado do odeie, do que para o ame. Encontrar algum em que eu posso dizer que foi realmente legal, sem usar a frase “Tirando o fato de ter harém”, logo em seguida, é bem difícil.
Sendo assim, casos como Benkyou ga Dekinai merecem uma nota de consideração, já que, até o momento, tem se mostrado bem mais do que um mero harém, ainda mais, por herdar o posto de Nisekoi, que bem… Segue a vida…
A história do mangá gira em torno de duas garotas, que são conhecidas por serem gênios em determinadas áreas de estudo, mas uma completa negação para a área oposta (Literatura x Exata, e vice-versa). No meio disso, entra o protagonista, um típico aluno humilde, que precisa se esforçar para ajudar a família e manter suas boas notas.
Por mais que soe como um clichê básico, é em cima disso que o mangá consegue fugir um pouco dos demais haréns, e trazer um bom diferencial para a história.
De forma sutil, ele acaba trabalhando essa questão do esforço x talento de um jeito bem legal, mostrando o lado das expectativas em cima de pessoas com talento, e os objetivos de vida que cada uma têm, o que, em certos casos, pode significar abrir mão de um futuro promissor, para correr atrás de um talvez.
Claro que, se você for esperando longos debates intelectuais sobre o assunto, vai acabar se decepcionado, já que não é essa a proposta central. Mas o mangá consegue encaixar bem essas questões, usando do esforço de cada uma das garotas para superar as dificuldades que tem nas áreas que escolheram para estudo, assim como, todo o trabalho que o protagonista teve para chegar até onde está.
Em resumo, mesmo sendo um comédia romântica, a série ainda consegue trazer um conteúdo bacana, além de humanizar as heroínas e o protagonista, mostrando pontos interessantes sobre os objetivos de cada um, e dando aquela motivação junto.
Mas se estamos falando de um harém, não podemos deixar de comentar sobre a relação entre os personagens.
De forma simples, o protagonista consegue ser bem agradável e maduro em relação aos sentimentos que as garotas têm. Na verdade, a forma como elas vão descobrindo o que sentem, chega a ser uma das partes mais divertidas, porque vai acontecendo aos poucos, sem aquele súbito “eu preciso gostar do protagonista”.
Elas não ficam se matando por ele, e ele, mesmo sendo um pouco denso, não é um completo babaca em relação ao que está acontecendo ao seu redor, como 80% dos personagens masculinos que existem por aí.
Ele percebe facilmente as mudanças, e toma atitudes, muitas vezes sozinho, dando motivos para que elas comecem a se interessar por ele.
Fora que, mesmo o harém girando em torno de três garotas, apenas duas delas são “principais”, deixando a terceira com menor foco, e agindo como um espécie de “auxiliar”, já que ela tem facilidade em notar sentimentos, então acaba pegando as coisas no ar.
Isso ajuda a quebrar um pouco do clima óbvio de disputa, e deixa algumas possibilidades interessantes, como a fuga do final mais esperado.
Em adicional, um ponto que me incomodou um pouco, porém, sem se tornar um real problema, foi o fato de, a medida em que novas garotas vão entrando, a forma base da personagem delas acaba soando repetitiva.
Atualmente existem cinco, sendo as três principais, uma extra, e a Sensei, que está ali apenas para te fazer desejar algo que nunca vai acontecer, como sempre. Mas se o autor cair na besteira de tentar adicionar novas meninas, isso pode virar um problema, já que parece meio maçante sempre envolver alguém inteligente em uma área, mas que falha nas outras para que o protagonista possa ensiná-la.
Em outras palavras, o mangá é bem promissor, e vale a pena ser conferido por quem gosta de comédias românticas, principalmente por oferecer algumas ideias bacanas no meio disso.
O protagonista, assim como as garotas, consegue ser carismático e trabalhar bem os relacionamentos, sem te fazer sentir ódio, ou vontade de colocar fogos neles, devido a tanta ignorâncias e insegurança.
Resta rezar para Jump, e o autor, saberem aproveitar o tempo da série, sem deixar virar aquela bola de neve tediosa, que a maioria dos mangás se torna depois dos duzentos capítulos (… meio improvável que não acontece, mas não custa nada sonhar).
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