Kubikiri Cycle: As origens do autor de Monogatari – Review
Após uma dose de enrolação, junto de algumas sidequests que peguei para ocupar meu mês de outubro, finalmente consegui tempo para falar de uma das séries que mais gosto.
Zaregoto foi a porta de entrada do NisiOisiN na indústria, sendo assim, é meio que esperado que isso acabe com uma cara de review do autor, ao invés da obra em si, não que esse seja o objetivo aqui, mas meio que as duas coisas estão diretamente ligadas para mim.
Eu já devo ter falando isso mais de uma vez por aqui, e provavelmente vou falar ainda mais vezes no decorrer do tempo em que continuar escrevendo no site.
Nisio é um autor sensacional, um dos melhores que eu tive o prazer de ler e acompanhar recentemente, por mais que de vez em quando ele acaba derrapando(estou olhando para você Juuni Taisen).
Assim como Monogatari, Zaregoto me marcou muito, e sendo a primeira obra do autor, carrega muito do que ele tem oferecer como os seus trabalhos.
O próprio título já expressa muito da forma como ele trabalha suas histórias, sempre carregado de ironias e assuntos que, muitas vezes, podem parecer completamente aleatório, mas que no final, de uma forma ou de outra, voltam como um toque suave para toda a sua genialidade.
Kubikiri Cycle é uma anime sobre pessoas estranhas, tendo conversas estranhas, sobre coisas estranhas e, quando tiverem tempo, tentam resolver um mistério que está acontecendo no fundo.
Talvez soe desmotivador colocar dessa forma, mas é justamente esse aspecto que faz a história ser algo muito interessante e instigante de acompanhar. É dentro dessa loucura que os personagens criam, que está o brilho de um grande escritor, e de tudo o que ele pode oferecer, desde que esteja disposto a dar atenção ao que está sendo falado ali.
Quando se trata da adaptação, existem algumas ressalvas que daria para fazer sobre a mensagem que o autor pretendia passar com história, e a maneira como deixaram um pouco disso de fora do anime, mas detalhar cada uma delas acabaria fugindo um pouco do assunto, além de deixar o post muito grande.
Então, de maneira simples, Kubikiri Cycle conseguiu me entregar tudo o que precisava para garantir uma impressão positiva como sendo uma adaptação de uma das minhas novels favoritas.
O toque particular que o estúdio Shaft consegue dar as história do Nisio, sempre caem bem, e o aproveitamento do conteúdo, mesmo com alguns cortes, faz a adaptação fluir de forma agradável, sem criar uma sensação de corte pesada, por mais que existisse uma diferença de um mês entre cada episódio.
Essa aspecto da adaptação também se estendeu para como o estúdio apresentou sua clássica “excentricidade”, e visões sobre o que estava acontecendo em cena.
Diferente de Monogatari Series, Zaregoto é bem mais pé no chão quando se trata do seu universo, o que pode motivar aqueles que nunca tiveram contando com a série, ou causar um certo estranhamento para quem veio no sentindo oposto.
Não existe um sobrenatural tão denso e trabalhado como série citada acima, e os personagens são um pouco mais maduros quando conversam e interagem.
Essa característica existia na novel, e o estúdio conseguiu transmitir bem, sem exagerar tanto no lado mais cômico dos simbolismos, como acontece em Monogatari às vezes.
Por sinal, para quem tem aquele leve medo da Bake, ou coisas do gênero, Kubikiri Cycle pode ser uma excelente alternativa para iniciar em obras do tipo, já que pega mais leve nesse quesito.
Como disse mais acima, a série é bem mais tranquila em como conduz seus diálogos. Claro, eles ainda mantém o aspecto característico do autor, sendo usados para apresentar os personagens e carregados de informações para encaminhar a história.
Mas em vista de Monogatari, tudo ali flui de uma maneira bem menos exagerada, sem tantas piadas, e assuntos um pouco mais complexos.
Não existe um Araragi aqui, ou uma Hachikuji para animar os diálogos, o Ii-kun é uma pessoa quase fria, apresentando aquele lado mais calculista que alguns personagens têm. Não diria que ele é antipático, mas pode surpreender quem esperava um protagonista animado e cheio de humor, que fica soltando piadinhas todo o tempo.
Os demais personagens até têm seus momentos cômicos, mas no geral, diria que eles são bem mais adultos que na outra série, não só em termos de idade, como também na mentalidade em que conversam, e esse contraste fica mais evidente a medida em que você vê os diferentes temas serem abordados.
Mas deixando de lado os personagens, que já seria um bom motivo para assistir o anime, diga-se de passagem, vamos falar do enredo em si, que é o que realmente importa.
Kubikiri Cycle é essencialmente um mistério, digo essencialmente porque a forma como o Nisio entrega esse mistério acaba sendo um pouco diferente do convencional.
Dizer que foi genial seria exagero meu, em especial, por particularmente ter ficado meio pé atrás com as explicações da resolução do mistério a primeira vez que vi.
Você releva por se tratar de um obra de ficção, e o modo como as respostas são entregues acaba encobrindo parte dos questionamentos se a física funcionaria de forma tão propicia assim. Mas seja como for, o que mais me agrada nos mistérios de Zaregoto é o modo como ele te força a aprender o que está acontecendo ali.
Uma coisa sobre o autor, e também sobre a série, é saber que tudo ali é uma mentira, um papo furado criado pelos personagens para te entreter enquanto o tempo passa.
O Nisio, e o próprio narrador não são confiáveis quando se trata de criar mistérios, e vão sempre focar detalhes e situações que podem te influenciar a pensar sobre certas coisas, e deixar de lado o que, de fato, deveria importar.
Pode parecer “errado” colocar dessa jeito, mas existe um pequeno detalhe que vale ressaltar.
Eu costumo dizer que o Nisio tem o talento em mentir, sem deixar de dizer a verdade. Se você prestar a atenção em cada detalhe, e em cada contexto que os diálogos apresentam, tem grandes chances de ao menos ter uma leve ideia do que está acontecendo ali.
São foreshadowing e mais foreshadowing sobre o comportamento dos personagens, sobre a forma como eles pensam e agem, além de alguns teorias e pensamentos que, quando ligados de maneira certa, basicamente explicam tudo o que estava acontecendo ali.
Lei dos grandes números, citações de livros, e muitas outras ideias, tudo aparece de forma sutil nos diálogos e que depois são reintroduzidos para desenvolver melhor o plot final.
Normalmente os mistérios vem com um mistério particular dentro, que se desdobram em uma explicação adicional para as ações do assassino/culpado, que torna a situação ainda mais elaborada e intrigante, por conta da maneira como o autor dirige esse acontecimentos.
Sendo uma das minhas maiores expectativas para 2016/17, Kybikiri Cycle conseguiu entregar uma adaptação digna da série, sem decepcionar.
Existem algumas cenas que poderiam ser melhor trabalhas, principalmente no final, com a forma em que revelaram o culpado sem esconder muito bem quem era.
Mas no geral, para quem procurar uma bom mistério, com toques particulares e bons diálogos, além de personagens interessante e bem curiosos, o anime pode ser uma boa opção, especialmente por já estar completo com oito episódios.
Para quem é fã de Monogatari Series, acompanhar Zaregoto é quase uma obrigação, já que carrega muito daquilo que viria a ser uma das maiores sucessos do autor.
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E você, que nota daria ao episódio?
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