Ohayou, Ibarahime – Um romance sobrenatural nada clichê
Aviso: POST CONTÉM SPOILERS LEVES DA OBRA
Autor/Arte: Morino Megumi
Status: Finalizado (6 volumes)
Gênero: Drama, Shoujo, Slice of life, Sobrenatural
Sinopse: Misato Tetsu, estudante do 3º ano do ensino médio, começa a trabalhar meio-período na grande mansão rodeada por rosas da cidade. A filha da família, chamada Shizu, que parece pura e inocente, vive ao acaso e sozinha numa casa anexa logo após o enorme jardim, sendo temida pelos outros empregados da mansão. Porém, muitos mistérios a cercam, e caberá a Tetsu vencer o medo para desvendá-los.
Quem é você, e o que o define como pessoa? O que é realmente viver? O que é realmente gostar de algo ? o que é ser e ter uma família? Ohayou Ibarahime é um mangá shoujo de autoria de Morino Megumi que desenvolve com cuidado estas questões através de um enredo que não apela para dramalhões, mas que possui uma boa carga de situações que conseguem sensibilizar e imergir o leitor nos problemas do elenco.
E o mangá pode parecer um pouco apressado, ou superficial, em seu primeiro capítulo por apresentar um cenário digno de novela mexicana com o protagonista se apaixonando pela senhorita da mansão, da qual ele é empregado, praticamente a primeira vista, mas a partir daí o enredo ganha um corpo sobrenatural e, principalmente, os aspectos de uma história sobre aprendizado pessoal e crescimento como ser humano de seus personagens.
E falando em personagens, eles não são padronizados. O protagonista masculino é carismático e do estilo que se sacrificaria por outras pessoas, mas por isto mesmo ele não é perfeito, suas atitudes são bastante vívidas, já que são baseadas principalmente em premissas um pouco mais racionais.
A exemplo, ele é egoísta, porque em determinada situação do mangá concordará em algo, não por apenas simpatizar com a protagonista feminina, mas por motivos pessoais que são bastante críveis.
O que sinceramente, eu adorei, porque acaba com a imagem do cara legal, que só faz as coisas por ser legal, e não espera algo em troca, o que sinceramente é nada realístico já que a maioria das coisas que fazemos tem uma razão e um motivo para o fazermos que muitas vezes é gerido pelo nível de intimidade que possuímos com determinadas pessoas ou objetivos que se pretende alcançar.
E isto é do que se trata a historia desse mangá. Quem somos, ou o que queremos, é construído através das relações que estabelecemos com outras pessoas, inicialmente com os membros da nossa família que é um dos fatores chaves para a estruturação da personalidade, sendo este um dos problemas da garota chamada Shizu.
Como alguém que dá prioridade ao bem estar de outras pessoas, ela não possui nem se quer uma definição de seu próprio eu, do que ela gosta, do que ela quer. É praticamente uma folha a deriva em um rio que são as outras “personalidades” que tomam conta dela.
A relação dela com Tetsu e estas “personalidades” (que também interagem com ele ) é que vão realmente modelando o seu ser, a fazendo descobrir a resposta para quem eu sou. Além disso, a história vai estruturando o que é realmente gostar e começar a gostar de alguém, o que é amar, o que é cuidar, o que é ser uma família, em cima do convívio de Tetsu com a garota.
O romance dessa obra gira realmente em torno da aceitação da pessoa como ela é, e para se aceitar uma pessoa, primeiramente devemos a conhecer em profundidade, então o afeto e o carinho do casal vai nascer da intimidade que os dois adquirem com o decorrer da trama. Não vai ser algo mágico e instantâneo, mas realmente desenvolvido e construído entre os personagens enquanto lidam e superam seus traumas e problemas pessoais.
Contudo, um dos fatores que mais me agradaram nesta história acima de tudo, é praticamente a inexistência de um rival amoroso. O amigo do protagonista que poderia ser usado como tal (já que ele tem um segredo que poderia engatilhar isto), simplesmente é utilizado de forma significativa no fortalecimento da relação do casal.
E falando em casal, o mangaká não esquece de forma alguma de tocar na família dos dois que em outras obras é quase completamente esquecida. Aqui, mesmo que não sejam focados a todo o instante, ou de forma bem corriqueira, a família ganha realmente relevância já que a interação dos personagens com seus familiares e problemas com estes também influencia bastante nos próprios e nos eventos que se seguem.
E outro fator que ajuda bastante nessa imersão além do desenvolvimento bem cadenciado do enredo, é o traço do mangá que é bem detalhista e se foca bastante nas expressões dos personagens. Aliás, os olhares trocados entre o elenco são substanciais, já que com o progresso da protagonista, seu olhar vai ganhando mais cor, mais sentimentos que tem clara relação ao seu despertar para o mundo e para o realmente viver. Se tem algum rival e antagonista nessa história, é a própria situação vivida pelos dois.
Concluindo, Ohayou, Ibarahime é um romance com elementos sobrenaturais que dispensa a utilização de clichês para nos contar uma história sobre amor e como ele é construído em cima da superação das adversidades.
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#Extra