Amaryllis in the Ice Country – Robôs vivendo na era do gelo | Review

Sinopse:

Humanos e robôs viviam juntos em harmonia, até que um dia a era do gelo chegou, congelando todo o mundo. Os humanos foram mantidos adormecidos em capsulas de frio dentro de uma instalação chamada “A Princesa de Neve”. Os robôs ficaram com a responsabilidade de cuidar das capsulas e formaram vilarejos no subsolo, vivendo para sempre lá.

Amaryllis, uma jovem robô, como vice-líder do vilarejo, sempre trabalhou duro na manutenção da “A Princesa de Neve” que foi danificada por tremores e o envelhecimento das peças, tudo para poder voltar a viver novamente com a humanidade no futuro após o fim da era do gelo. Até que…

Autor: Takeshi Matsuyama

Ilustrador: Parsley

Volumes: 1 (Completo)

Takeshi Matsuyama é um autor que costuma escrever novels relativamente diferentes, seja no cenário ou nos temas abordados. Além disso, quase todas as suas obras são bem curtas, então são sempre recomendações melhores para quem não está acostumado do que algo mais mainstream que tem mais de 20 volumes para ler.

Koori no Kuni no Amaryllis tem uma premissa muito incomum, com robôs vivendo no subsolo durante uma nova era do gelo e o autor consegue explorar a ideia muito bem ao longo do livro. O interessante da obra é poder observar como uma mini sociedade composta apenas por androides se comportam na situação que vivem, basicamente em cavernas.

Quando eu digo que o autor explora bem o conceito, não digo só mostrar um slice of life de robôs no gelo, mas sim algo estruturalmente mais complexo, como mostrar as funções separadas de alguns personagens relevantes, como eles se organizaram no subsolo, transporte e uso de materiais, até mesmo aspectos culturais criados por eles mesmos.

Nós temos, se bem me lembro, mais ou menos metade do livro só estabelecendo todos os aspectos sociais deles, incluindo “saúde” e política, antes das coisas começarem a se mostrarem mais do que parecem. É notável que existem segredos por trás daquela situação que eles se encontram e vamos aos poucos descobrindo sobre isso antes de chegar o ponto de virada do livro.

Além disso, a obra ainda trás uns pontos de vista interessantes. Por exemplo, como na obra os humanos que sobreviveram estão adormecidos em capsulas de frio, quem cuida deles eternamente são os robôs e a obra trás esse pensamento sobre os androides serem dependentes dos seus criadores mesmo eles tecnicamente sendo livres.

Em alguns pontos, principalmente na reta final, a obra infelizmente acaba ficando bem previsível. É um caso realmente incomodo principalmente em uma determinada cena onde vemos um possível desenvolvimento podendo ocorrer, mas sabemos que o caminho clichê será aquele a ser explorado, e como se não fosse o suficiente, ainda usam de grandes conveniências de roteiro.

No entanto, a história como um todo acaba fluindo bem, então mesmo com esses problemas você acaba conseguindo relevar muitas das coisas e aproveitar as ideias que o livro oferece.

Os personagens não são nada muito surpreendente, a protagonista, Amaryllis, acaba sendo a mais interessante do cast. Apesar de ter algumas fortes ressalvas em relação a ela, os conflitos que ela acaba tendo que encarar são bem legais. O personagem principal que fez o papel de “par romântico obrigatório” não me desceu, no entanto. Com uma personalidade enfadonha, quase toda cena com ele era difícil de ler, ainda mais se considerar o quão previsível ele também era.

Os demais personagens conseguem cumprir bem seu papel, mas nada além disso, o que é compreensível dado o maior foco na construção de mundo e o mistério por trás de tudo.

Além disso, devido aos temas propostos durante o livro, conseguimos ganhar perspectivas mais atraentes desses personagens pouco desenvolvidos, como seus comportamentos, suas formas de viver e escolhas que decidem seguir aqui e ali. Por isso embora não dê para dizer que é uma obra com personagens memoráveis, ainda dá para dizer que os personagens são bem feitos dentro da narrativa da novel e imagino que isso sirva mais que o suficiente para manter o interesse na obra até o fim.

Embora as revelações ao longo da novel sejam questionáveis, ela tem um final bastante satisfatório até, com um ritmo mais acelerado e mais dramático que até então a obra ainda não havia usado, para uma história de volume único até que acaba valendo a pena a leitura. Apesar de ter momentos dramáticos, por não haver tanto apego aos personagens, eles não me afetaram emocionalmente, até por outros motivos que considerei problemáticos. Porém, isso pode variar bastante de pessoa para pessoa, então não recomendo levar essa parte muito em conta e tirar suas próprias conclusões ao ler.

No fim, apesar de não ser uma obra grandiosa nem nada do tipo, acredito ser uma ótima recomendação para quem quer começar a ler LNs ou simplesmente algo curto para ler devido a sua história e construção de mundo diferenciados. Os personagens podem ou não acabar sendo um incomodo dependendo dos seus gostos, mas ao menos é certo que se estiver gostando, vai conseguir se envolver melhor com o drama da obra e suas reflexões. Algumas revelações são previsíveis, mas não significa que são ruins, e o final fechado te deixa com uma boa sensação ao chegar na última página do livro. Vale uma conferida sim.

Testarossa

Escritor amador, fã de animes, mangás, light novels, visual novels e outras coisas da cultura japonesa. "Nunca tenha certeza de nada, por que a sabedoria começa com a dúvida."