Dies Irae #12 a #17 – Impressões Finais
No fim das contas, vale a pena assistir essas 6 últimas OVAs de Dies Irae? O que mudou do final de 2017 para cá?
Para quem acompanhou minhas reviews do anime já sabe bem o que eu penso da obra, mas apenas no caso de você estar caindo de paraquedas aqui pensando se assiste ou não ao anime ou as OVAs: Eu não recomendo. Se estiver curioso sobre a história, jogue a Visual Novel. Se não quiser, aí infelizmente nada pode ser feito. Mas quem sabe você não consegue tirar algum entretenimento desses episódios finais? Se quiser arriscar, vá por sua conta e risco!
Falando das OVAs, essa reta final foi muito mais simples por apenas amarrar as pontas soltas e lidar com as batalhas finais, graças a isso as OVAs ficaram muito mais digeríveis do que o anime, onde a trama ainda estava se desenvolvendo e por estar sendo muito mal feito, acabou confundindo mais as pessoas do que deixando-as instigadas. No quesito adaptação somente, aqui nas OVAs foi onde houve mais mudanças em relação ao original, a maioria foi péssima, mas algumas eu gostei. As que funcionaram para mim foram todas em relação as lutas, alteraram bastante o desenrolar de várias delas e a essa altura, com o tanto de problemas do anime, acabou caindo bem. Claro, ainda teve algumas coisas que inventaram durante as lutas que foram bem ridículas, mas ao menos em nível de entretenimento foi uma melhoria no geral.
É possível tirar alguma diversão das lutas também pois surpreendentemente a animação melhorou em relação ao anime, as lutas ficaram muito mais dinâmicas e sem quadros estáticos que duravam vários segundos. Ainda parecia um anime de produção razoável feito há 10 anos atrás, mas já era alguma coisa.
Como dito antes, praticamente todas as respostas pendentes foram dadas ao longo das 6 OVAs, como já era esperado o anime fechou a história completamente. As poucas respostas que não foram respondidas, não serão mais. Isso, somado a várias outras coisas feitas às pressas foram problemas que poderiam ter sido resolvidos se tivesse alguns episódios a mais e uma boa equipe por trás do anime. Os minutos finais em especial foi onde a maior correria aconteceu, apesar de não parecer muito. As coisas só aconteceram rapidamente, sem tempo para digerir e entender os eventos que ali ocorreram.
Faltaram explicações mais a fundo de muitas coisas relevantes para o universo da obra, e consequentemente para o total entendimento da mesma, mas considerando que o anime já estava quebrando a própria lógica interna da obra para fazer cenas originais desnecessárias, não dava para esperar muita coisa.
Alguns aspectos do anime (Da obra em si) são mais facilmente compreendidos quando se tem um conhecimento prévio de certos assuntos abordados. Um exemplo óbvio seria a alquimia, que foi usada como a real fórmula para trazer o Reinhard de volta, com todas as “cores” representadas por personagens específicos ou usar levemente temas religiosos com alusão do Mercurius e o Reinhard serem, respectivamente, Deus e o diabo.
Por outro lado, temos elementos históricos, folclóricos, filosóficos e literários que provavelmente passou batido pela maioria que resolveu encarar esses últimos episódios (E os anteriores também), tal como Assim Falou Zaratustra, Cagliostro, Saga dos Volsungos, Rusalka, alguns dos personagens e eventos do passado que na verdade são figuras e eventos históricos que realmente existiram e aconteceram ou o próprio hino Dies Irae.
Mas como meu pai já dizia: “Tudo falado é muito bonito”. O anime estava com a faca e o queijo na mão, mas conseguiu cortar a si mesmo, e pouco se pode tirar de todos esses elementos interessantes da narrativa. Ao longo do anime muitas escolhas medonhas foram feitas onde quem assiste fica confuso, dificilmente consegue gostar dos personagens e apreciar as batalhas muito malfeitas (O que melhorou nos últimos episódios, como já disse), mas aos trancos e barrancos ele consegue chegar a um final levemente satisfatório. Digo no sentido de você realmente chegar no final de uma história, coisa difícil de se ver hoje em dia nos animes.
Um dos aspectos que também ficaram bem fechados foi o romance, o que já é de praxe vindo de uma Visual Novel. O romance do Ren e da Marie foi deveras superficial, mas ao mesmo tempo muito funcional dentro da história. Vimos a aproximação dos dois acontecer rápido demais para ser mais impactante no final, mas ainda assim tiveram foco o bastante para que não parecesse algo forçado tirado do nada.
A resolução do romance dos dois, mais a Marie assumir o trono em seguida e aplicar suas leis no universo como a nova Deusa do mesmo foram cenas que eu gostei. Claro, meu nível de familiaridade com os personagens provavelmente contou muito em apreciar melhor as coisas, então quem não jogou a VN talvez não sinta nenhuma conexão com eles.
A resolução dos demais personagens deixou muito a desejar seja a nível de impacto emocional, seja a nível de explicações ou mesmo por pura má execução das cenas. Tome a morte do Shirou e da Erii como exemplo, ficou muito estranho pois em nenhum momento eles pareciam feridos o bastante para morrerem do nada daquele jeito, diferente da morte da Kei cujo corpo já estava caindo aos pedaços e acabou sendo muito mais funcional. O desfecho da Kasumi não poderia ser mais irrelevante também, ainda pior já que mudaram como as coisas realmente deveriam ter sido e deixaram ela ainda mais de lado.
No fim, tivemos uma espécie de final feliz, com todos os personagens principais que morreram reencarnando no futuro e ficando juntos, e o Ren finalmente reencontrando a Marie depois de tantas décadas. Depois de tanta bizarrice é até algo inesperado de se ver.
Dies Irae é uma obra onde toda sua base é baseada na metafísica, então é necessário ter um ponto de vista externo sobre o roteiro. A maior parte dos eventos acontece de acordo com o roteiro de um personagem de dentro da obra, é como o próprio Mercurius diz no anime: “O roteiro é conveniente”. É uma ideia meio louca, e como toda ideia meio louca, tudo depende de como executam ela. No original é realmente algo bem inteligente, mas infelizmente no anime é uma grande bagunça em todos os âmbitos.
Apesar de tudo, a maioria das coisas ainda são “explicadas” no anime, é notável que existiu uma tentativa de fazer algo decente na adaptação, a maioria dos personagens tiveram suas histórias exploradas de uma forma ou de outra e quase todas as peças para resolver o mistério por trás de tudo estiveram lá o tempo todo. O problema foi a péssima execução, o ritmo corrido e escolhas questionáveis de alterações que mais serviram para confundir do que para esclarecer. Talvez esse seja um ponto de vista muito tendencioso de alguém que jogou o original e tinha total compreensão do que estava acontecendo (Tipo reassistir o filme Sexto Sentido, por exemplo), mas era notável para mim todas as pistas e quase explicações que eram deixadas aqui e ali, por isso nunca achei a obra em si confusa. Talvez eu não as percebesse se esse fosse meu primeiro contato com a obra, nunca saberei. O problema é que mesmo que esteja escrito no quadro que 2+2=4, se em cima desse cálculo fizessem incontáveis rabiscos, a maioria teria dificuldades para entender o que estava no quadro, certo? Então não dá para culpar quem ficar confuso também.
O que dá para concluir é que normalmente toda adaptação de VN falha ao tentar colocar conteúdo demais em episódios de menos, principalmente sem uma boa staff por trás, esse só foi mais um desses casos. As OVAs finais deram uma melhorada em relação ao anime, mas no fim das contas acredito que no máximo funcionaria como o que chamam por aí de “Guilty Pleasure”. Ao menos é possível apreciar bastante a trilha sonora, tirada da obra original e levemente alterada, pois as ótimas músicas acabam servindo de grande suporte para as cenas de ação das OVAs.