Tate no Yusha #01 e #02 – O herói traído |Impressões Semanais
Não apenas pela cena que transcorreu no primeiro episódio em si, mas com o possível desenvolvimento que pode ser feito com o protagonista e a história.
Uma traição não é novidade, afinal, desde que o mundo é mundo, as pessoas se traem por múltiplos motivos e interesses.
Mas apesar de não ser algo tão incomum, dá para contar nos dedos o número de histórias que começam com tal evento.
O interessante então não é a traição em si, mas o que levou aquelas pessoas a traírem o protagonista, já que, querendo ou não, ele era um dos quatro heróis lendários.
Portanto, acredito que deva haver uma explicação maior para o porquê aquela garota foi tão traiçoeira e cruel com Naofumi, além de querer ficar com o dinheiro e os equipamentos dele.
Afinal, acusar uma pessoa de um ato tão vil não seria gerado por mero desejo de dinheiro, mas provavelmente com o intento de querer realmente desgraça o indivíduo.
Uma das explicações para o ato de traição e descarte poderia ser pelo herói do escudo ser, aparentemente, o mais fraco e vulnerável de todos, e por isso quisessem se livrar dele de alguma maneira.
Contudo a forma escolhida para se livrarem do herói, levando a população a odiá-lo, me leva a crer em uma motivação oculta.
Em vista que o herói do escudo era tão menosprezado e desprezado, mesmo que necessário, me leva a acreditar que ser o herói do escudo é um problema.
E o que me convence que esta dedução é a mais correta e viável é o fato do segundo episódio dizer que o herói do escudo era gentil com os demi-humanos.
Quando a narrativa dá indícios que os demi-humanos são enxergados com maus olhos naquele reino e são depreciados ao ponto de serem escravizados cruelmente.
Então um herói que aparentemente se compadece de raças não humanas, e que possivelmente são vistas apenas como bestas e mão de obra, não seria tão absurdo ser mau recebido ou traído.
Já que este seria visto como uma ameaça e inimigo do estilo de vida daqueles que usufruem com a escravidão dessas raças.
No entanto, ainda não deixa de ser uma má escrita, já que o herói anterior se sensibilizar com tais criaturas não seria sinônimo que o próximo agiria da mesma forma.
No entanto, com a suspensão de descrença é uma desculpa até que razoável para o ato de traição, mesmo a obra deixando claro que ele é essencial para se evitar a catástrofe trazida pelas tais ondas.
E vou admitir neste recinto que tenho uma queda por animes de fantasia, principalmente aqueles que procuram retratar problemas como escravidão e o preconceito por uma outra raça ou religião.
Porque, querendo ou não, o que é estranho para um indivíduo acaba sendo visto como uma ameaça, principalmente quando esta tenta influenciar de alguma maneira um ponto de vista predominante.
Igual aquele refrão na musica da multidão da Bela e a Fera: não gostamos daquilo que não conhecemos.
É basicamente o problema do Outro, o Outro é hostil a nós, até que ele passa a ser conhecido, deixando de ser visto como hostil.
Ah, Sirlene, mas você não achou exagerado a garota acusar o protagonista de estupro? e as vitimas de estupro real, não se sentirão ofendidas com isto?
Sinto-lhes dizer, que não, porque é meio que realístico, já que, em um reino no qual o maior crime de todos é o estupro, e as mulheres são protegidas.
Você acusar um homem de estupro seria a maneira mais rápida e pratica de desgraçar o nome dele e fazer ele ser visto como um monstro, um ser humano da pior espécie pelos cidadãos daquela região.
Além disso, existem realmente casos de acusações falsas de estupro, não achem que todas as mulheres são vitimas ou santas, a mãe de Calígula é um exemplo de como algumas mulheres são inofensivas e vulneráveis.
Então, apesar de no meu ponto de vista a obra não ter nada de inovadora ou tão fora do comum quando você já leu, ou viu, várias coisas do gênero.
Ela ainda é uma boa recomendação para esta temporada por apresentar uma construção de enredo que cumpre com o básico para conseguir prender a atenção do público.
E o que seria isto? basicamente, a historia ter picos de eventos altos que acabam incentivando o leitor, ou espectador, a continuar acompanhando a obra.
São os chamados clímax, toda a historia é escrita de forma que o seu progresso vai formando praticamente uma linha ondulada, que se assemelha a uma montanha russa.
Dessa forma, as pessoas acabam não ficando entediadas ou cansadas com a narrativa, já que sempre esta acontecendo algo nela que acaba levando a alguma situação tensa ou emocionante.
É o caso desse segundo episódio, no qual os eventos do anterior levaram a compra e aquisição da Raphtalia.
E esta interação da escrava com o herói amargurado e que não confia mais em ninguém, leva a um desenvolvimento da própria escrava.
E apesar de ser clichê é algo funcional, já que o desenvolvimento é trabalhado com o sentimento de abandono e solidão que são comuns a qualquer ser humano.
Então apesar de a garota ser apresentada como uma personagem traumatizada com a morte dos pais e depois de sofrer tanto, encontra um tutor gentil não ser uma direção incomum em histórias assim.
Esta escrita acaba se adequando ao tipo de obra que Tate é, já que como dito, ela é apenas uma fantasia padrão e light que realmente não apresenta traços de que o seu conteúdo será tão denso.
Em suma, esta primeira interação dos dois se assemelha ao relacionamento de pai e filha. Mesmo que não intencionalmente, Naofumi vai ajudando aos poucos a garota a se reerguer e superar o seu trauma.
E não apenas sendo gentil, mas rígido e um tanto que cruel também, já que seu objetivo é fortalecer Raphtalia para ela ser uma lutadora e o ajude a sobreviver.
Então o que ele faz não é por caridade ou compaixão, mas para suprir a sua necessidade de ter uma parceira ou parceiro para subir o seu nível de experiência.
E isto reflete bastante a natureza humana, já que nem sempre estamos em busca de ajudar outra pessoa, mas de nos ajudarmos e acabamos que ajudando por consequência de ações.
No entanto, para alguém que se desiludiu com as outras pessoas, ele acaba fazendo outro indivíduo se afeiçoar a ele, e como toda ação tem uma reação, ele claramente também vai se afeiçoando a ela.
Em suma, isto remete a velha filosofia, que para se curar uma ferida causada por uma pessoa, é necessária outra pessoa.
E eu quero muito acompanhar este progresso entre Naofumi e Raphtalia, porque, como indica a opening e a ending, ela vai ser o caminho de volta a luz para ele.
Sendo que isto acaba referenciando o próprio relacionamento e convívio humano, já que todo o ser humano em processo de relação acaba sendo ferido.
Mas também é acalentados e incentivados a superar essas feridas. No entanto, a superação também só é possível com a interação com outros indivíduos.
E estas pessoas que nos perpassam outras perspectivas, já que sozinho não é possível chegar a outro vislumbre, pois uma nova visão só é produzida com estímulos externos ao individuo em si.
E gostei bastante que o segundo episódio do anime focou mais no psicológico e sentimento dos personagens do que na ação em si, já que dessa forma é possível criar um vinculo maior entre o espectador e os personagens retratados na obra.
Em suma, apesar de Tate ainda ter uns problemas sérios de escrita, como a situação de traição do protagonista exigir um pouco de descrença pelos outros heróis não questionarem a acusação e levarem em conta a alegação de inocência do acusado.
O enredo acaba sendo interessante e pode proporcionar bons diálogos e discussões acompanhadas de desenvolvimentos promissores, ou assim espero.
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E você, que nota daria ao anime?
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#Extras