Boa Noite Punpun – O mangá mais depressivo de todos os tempos
Punpun (recentemente lançado no BR) é uma obra que ou você lê se envolvendo e sofre bastante (ainda mais nos arcos finais) ou faz como eu e não se apega a quase ninguém, lendo mais por sadismo (ai você se diverte em vez de sofrer). Sim, é possível, ainda mais quando você detesta o protagonista, como era o meu caso. O interesse romântico dele não, só ele mesmo.
Eu não gostar de um personagem, no entanto, não quer dizer que acho a história ruim, e no caso de Punpun, fora uns exageros de expressões/reações e falas surreais as vezes, tem uma história interessante, e um modelo de narrativa que entra no que eu chamo de “é diferente, para variar”. E acredite, depois de ler uma quantidade absurda de mangás como eu, você lê qualquer coisa diferente só pela curiosidade de ser algo diferente.
A sinopse é simples, a história acompanha um garoto em uma família bem problemática. O estranho é que toda família dele são pássaros, ou mais precisamente, representados por pássaros, porque para o resto do elenco são humanos normais. Não precisa quebrar a cabeça aqui, o próprio autor revelou em entrevista que fez isso por experimentação e tentar atrair mais público, já que como a obra é pesada, achou que as pessoas podiam pensar que leriam algo simples e bobinho ao ver um pássaro rascunhado na capa. Isso também mascara e reduz o peso de algumas partes.
Esse pássaro muda um pouco de aparência ao longo da obra, o que levou pessoas a teorizarem por anos que era na verdade algo que mudava de acordo com a psique do protagonista. Qual a surpresa desses quando o autor disse em entrevista para ANN que só estava cansado de desenhar sempre o pássaro da mesma forma, por isso mudou ele de aparência e cor depois, nada mais. Entendem por que me irrito quando um maluco começa a falar como se sua interpretação de algo fosse uma verdade absoluta e quem não concorda é porque não entendeu? Só o autor sabe a resposta certa!
Fora o tom pesado e depressivo um tanto quanto curiosos, o que mais me chamou atenção é que os personagens, mesmo com seus exageros aqui e ali, são bem construídos. Não existe o famoso mal absoluto ou bem absoluto, o pai do protagonista é super legal com ele, mas bate na mãe. A mãe por sua vez é a vítima, mas gostar dela é quase impossível, sua personalidade é detestável e ela odeia a própria vida.
O tio do protagonista é uma pessoa boa, mas fez besteira no passado. O rival romântico do protagonista parece a pessoa mais gente boa do mundo, e a heroína pode ser cruel… Se pudesse elogiar algo sem dúvidas a boa construção dos personagens, quer eu goste ou não deles.
O começo da história, vale dizer, tem suas coisas pesadas, embora algumas sejam levemente subjetivas, então podem passar despercebidas por alguns. Ainda assim, é um começo lento, e a história só começa a “dar muito ruim” com o tempo. Se quer descobrir porque é considerado o mangá mais depressivo, por exemplo, vai ter que chegar no arco final. É ali o ápice da depressão.
Como a ideia é um review de primeiras impressões do volume 1 e 2 lançados no BR, não vou elaborar muito sobre o final, só digo que “se preparem para surpresas!” (quando lançarem todos os volumes faço um review com spoilers, eu tenho que falar daquele final!). Mas para quem quer uma história bem diferente para variar (ou só ter um mangá diferentão para trollar seu amigo chato que chama tudo de “clichê”), com certeza vale a pena. Você nunca leu nada igual!
O mangá em português está em promoção na Amazon do Brasil em formato 2 em 1 (400 paginas por volume), e será encerrado em 7 volumes. Ou você pode ler por ai em ‘sites alternativos’.