Dororo #06 – Impressões Semanais

Primeiro de tudo…:

Não, cara! Só não!

Até demorei para criar coragem para escrever, porque esse episódio foi… É… Complicado. Eu já esperava um final do tipo, mas não queria ter que encarar a realidade de que fosse realmente acontecer.

Mas, infelizmente, a vida é assim, e nem tudo vai seguir como você gostaria que fosse, e por mais que doa dizer, o anime conseguiu transmitir isso de uma maneira bem impactante.

Eu preciso respirar fundo depois desse episódio.

Vou acabar sendo repetitivo nisso, mas não tem como deixar de ressaltar como Dororo trabalha bem a questão dos impactos da guerra, e como isso se reflete na vida das pessoas presentes na mesma.

Aproveitando muito bem do que foi mostrado na semana passada, esse episódio consegue ser ainda mais impressionante por conta da forma como liga tudo para criar um efeito dramático profundo.

Eu já tinha ficado bem balançado pelo que aconteceu com a Mio na semana passada, e dessa vez, o episódio veio para terminar de dar o golpe final na minha resistência.

Foi bem intrigante ver mais dessa condição que a personagem foi submetida, e a forma como isso foi se desdobrando em coisas que iam muito além de algo que desse para ser evitado.

É cruel? É. Queria que ela tivesse terminado bem? Queria, mas mesmo que seja complicado lidar com esse final amargo, a Mio ainda é uma personagem que vai ficar na minha mente pela forma e força com que ela foi trabalhada.

Nem chorei, só fiquei tremendo.

Uma das coisas que mais gostei de ver em tudo ali, foi a conversa com o Dororo, e a forma como a Mio tem consciência da sua situação e não se culpa.

Ela pode não estar confortável como a prostituição, mas entende perfeitamente bem o que faz, e o porquê faz, e isso cria uma profundidade para ela que é muito bacana, porque não a deixa em uma condição onde a sua existência funciona apenas para o enredo.

O que ela representa é extremamente importante para narrativa e concepção do que a obra quer trabalhar, assim como a própria personagem e esse desfecho trágico.

Isso, por sinal, é o que normalmente as pessoas cobrar em obras que tentam abordar temas como o do tipo.

Não é só colocar as coisas em cena e esperar que tudo se resolva dentro do roteiro. É importante mostrar e trabalhar o personagem que está envolvido ali, e levar as pessoas a questionarem e entenderem o que está se passando naquele universo.

A forma como a Mio se machuca, e a todo tempo fica aquela sensação ruim de que ela está se esforçando demais, são ótimos exemplo de como fazer isso funcionar.

Você sente que ela é uma pessoa, e não somente um mecanismo para progredir com a história e chegar a um resultado.

Se sempre fosse assim…

É legal até mesmo reparar em como o Hyakkimaru se relaciona em tudo aquilo.

Ele nunca foi o herói da situação, ou a esperança para as crianças e a Mio, ele estava até em condições piores do que eles.

Foram as decisões da Mio que levaram aquela situação, e não um efeito colateral da aparição do Hyakkimaru.

Isso foge daquela típica condição onde um personagem precisa ser a vítima para evolução do protagonista, alguma toma de decisão, ou, o pior de todos, simplesmente gerar ódio no espectador.

Cada acontecimento tem um propósito, e não destoa do que está sendo mostrado até ali, forçando situações que parecem criadas apenas pelo momento.

Ser taxada como espiã era um risco que a Mio tinha assumido desde o início, assim como a reação do Hyakkimaru é natural a as condições em que foi colocado.

A perda da Mio o afeta, mas de uma maneira lógica. Ele foi influenciado por ela, e acabou naquela situação, assim como, de certa forma, foi o mesmo para a gente que estava assistindo.

Não dá nem para dizer que foi pouco, porque foi brutal.

A questão que quero chegar é que esses dois episódio formam um conjunto bem harmônico. Mostrando a perspectiva da Mio, e a maneira como ela vive, com o desenrolar da jornada do Hyakkimaru.

Dá para sentir através dos eventos que tudo está começando a se relacionar e a se encaminhar para algo grande, onde os diferentes pontos da história vão se encontrar, e tudo isso é feito de uma forma memorável.

A cena final certamente vai ficar na minha memória, não só por mostrar como o Hyakkimaru tem lados bem mais complexos do que apenas ser uma vítima dos demônios, mas também por representar o sentimento que esse arco acaba criando na gente.

Nota do autor: 4.75/5

Extra

Tudo lindo, maravilhoso, mas sejamos justos..

Eu gostei bastante do episódio, mas teve certezas coisas que me deixaram meio pé atrás.

Primeiro, achei bem forçado o Hyakkimaru entender o que a Mio estava falando e reagir as palavras dela. Uma coisa é escutar sons, outra é aprender o idioma em tão pouco tempo, sendo que ele não tinha forma de fazer isso. Ele não enxergava, não escutava, então conhecer um idioma, ainda mais nesse período histórico, era bem improvável.

Segundo, ficou muito confuso as condições da volta da voz do Hyakkimaru. Pelo que me falaram, pelo fato do demônio ter comido a perna dele, tinha que devolver algo, meio que em uma regra de só poder possuir uma parte do corpo, mas, se não fosse por essas informação externa, eu não teria sacado essa lógica por trás, já que ninguém comentou, ou falou nada sobre, o que acaba sendo uma mancada do roteiro.

Quando o monstro saiu da jaula, ninguém segurou…
Você é uma lindeza, Mio ;-;
Se apenas a Mio não fosse o bastante, ainda tem isso..

Essa cena, assim como a do final, e as que mostram a Mio trabalhando, passam um sentimento muito forte.

Selo babaca de qualidade.
Mio!
Isso…
…Ficou
Sensacional!

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.