Zoku Owarimonogatari | Conclusões – Review

O fim da adolescência pode ser um período complicado. As crianças já estão velhas demais para serem crianças, porém, novas demais para serem adultas, e tudo o que sobra é uma espécie de limbo.

O que fazer? Para onde ir? O que sonhar? O que ser? O que não fazer?

É legal perceber que no final de Monogatari Series, no final de toda essa jornada ao lado de um adolescente egoísta e intrometido, o que temos é justamente esse pensamento: Como as coisas vão ser a partir dali?

Ser recebido logo nos primeiros minutos do episódio por um Araragi que se diz vazio e ausente de um título – de um rotulo –, foi algo que me pegou desprevenido.

Não foi nem por perceber que uma das minhas séries favoritas estava acabando, foi mais por sentir que as coisas estavam mudando.

Nem tudo continua como sempre esteve, rotinas simples podem facilmente desaparecer de um dia para o outro, e no final, mesmo que doa um pouco dizer, não há espaço para arrependimentos no futuro.

Em um dia está sendo acordado por imoutos, e no outro não é mais nada…

Introduções emotivas a parte, Zoku Owari, como um todo, foi para mim uma experiência bem divertida e nostálgica.

A sacada com o mundo dos espelhos combinou perfeitamente com a ideia por trás do arco, não só por criar aqueles aspectos simbólicos em cima do reflexo da alma, e outras coisas relacionadas a se enxergar de verdade, como também por reforçar a escrita que autor quis passar para os leitores/espectadores.

Zoku é uma continuação de Owari, e como tal carrega muito daquele sentimento de nostalgia.

De passar por cada um dos eventos que marcaram a vida do Araragi e relembrá-los de alguma forma, tanto que é exatamente isso que é mostrado nos primeiros minutos, com um compilado das novels sendo exibidas.

A diferença fica por conta do clima. Enquanto que em Owari as lembranças tinham um tom mais pesado, bem puxado para a busca de uma punição, em Zoku elas tem um tom mais leve e descontraído, remetendo a um sentimento de mudanças.

Como essa, por exemplo.

Foi extremamente gratificante reencontrar cada um dos personagens e ter a oportunidade de ver um novo aspecto deles.

A Hachikuji-onee-san, mesmo sendo uma das que mais destoa do original, ainda carrega muito da Hachikuji, e o mesmo vale para os outros.

É legal ver como o autor conseguiu criar a sensação de que aquelas não são versões alternativas, mas sim partes que existiam dentro dos personagens originais, como todo a ideia em cima dos espelhos tenta mostrar

Como o final você entende que aqueles personagens ainda são uma representação pessimista das ações do Araragi, mas durante os três primeiros episódios, o clima descontraído é o que te diverte.

E no final, é isso que ajuda a deixar aquela sensação de arrependimento, que algo muito bom está ficando para trás em nome de ver o futuro prosseguir.

Já que estamos falando de arrependimentos…

Dentre as que mostraram, as que mais gostei foram a da Kanbaru, porque ela é uma personagem bem espontânea, e o carinho que sente pelo Araragi não é uma mentira.

Mas o ódio que ela sente é algo que vai sempre existir dentro dela, e isso é algo inerente a pata do macaco estar ou não ali.

Foi legal ver essa manifestação sendo mostra, principalmente por servir como foreshadowing para as explicações, já que esse ódio é algo que o Araragi não podia fingir que não existia, em vista dos planos que tem com a Senjougahara.

Outra que achei que ficou bem legal, foi a situação da Sodachi, não só por ser uma oportunidade de ver um pouco mais da personagem que ficou linda de cabelo curto, mas também por ser mais pesada.

Aquele é um sonho que vive dentro dela, ou algo perto de uma esperança por assim dizer, e lembrar da garota desequilibrada de Owari, que nem mesmo notou que a mãe se decompôs no quarto durante os anos que passou sozinha, acaba criando uma situação triste.

Eu até queria que tivessem entrando um pouco mais nos dilemas do Araragi em relação a ela, porque a diferença vista ali é algo que partiu pela falta de tato dele em não sentir o clima.

Não culpando o Araragi, mas conhecendo o personagem, certamente seria algo que ele se cobriria em consertar de alguma forma

Isso, que por sinal, seria um dos melhores exemplos para explicar a criação do mundo dos espelhos.

Lá em Owari o Araragi se culpava pelas intromissões que fez, e pelas ações egoístas que tomou ao tentar ajudar as garotas, mas em Zoku esse arrependimento está mais ligado ao seguir em frente.

Ele não pode mudar o que fez, mas estaria tudo bem ter um futuro e se esquecer do que aconteceu?

A Sodachi teve uma melhora, por assim dizer, e conseguiu uma certa paz depois dos acontecimentos de Owari, mas aquela garota feliz, que poderia ser parte da família Araragi, é uma parte da Sodachi que nunca pode ver a luz.

Se por um lado é bom saber que tem uma parte alegre na Sodachi, por outro, isso é igualmente triste.

Para completar, e não deixar o texto gigante, confesso que esse foi um dos arcos mais complicados de acompanhar.

Algumas ideias são bem tranquilas, como entender o porquê dos personagens não terem sido invertidos ao pé dá letra, mas em outros aspectos, são tantas explicações que minha cabeça começou a sair fumaça até.

Por mais que o autor tente aliviar tudo dizendo que o mundo não faz sentido, e que as contradições ali são parte da “lógica” do lugar, você acaba querendo acompanhar o raciocínio, já que o arco tem uma pegada bem forte no mistério.

Eu, mesmo assistindo duas vezes, ainda sinto que deixei muita coisa passar, fora que, casos como o da mãe da Kanbaru, que tem uma participação importante para a resolução do problema, ainda pedem que você relembre/reveja arcos passados.

Provável que assistir Hanamonogatari depois de ver a senhorita Gaen Toe deva ficar incrivelmente mais complexo, já que ela deu várias dicas de como as coisas aconteceram para a pata do macaco desaparecer, mas é complicado lidar com tudo isso de uma única vez.

É admirável o que o Nisio faz, mas nem todo mundo é o Nisio, então lidar com tantas informações pode acabar sendo um problema no final.

E as conversas com a Ougi parecem sempre ter um milhão de significados.

Para encerar, se estamos falando do final da série, não tem como deixar de comentar o desfecho do último episódio, que se eu tivesse que ilustrar, seria uma imagem minha abraçando a tela da TV, porque eu amo esse casal!

Eu já tinha sacado o porquê da Senjougahara não aparecer no mundo dos espelhos quando explicaram que aqueles personagens foram criados pelos arrependimentos do Araragi em ter que seguir em frente e deixar isso para trás, mas eu queria ouvir dele.

Eu queria escutar esse safado que fica galinhando de loli em loli dizer que não se arrependia da Senjougahara, que ela era a única certeza na vida dele naquele momento, o que graças a Madoka aconteceu, e foi muito bonitinho de ver.

Sim, eu sei que deve ter gente que queria ver um beijo, mas o lado fanboy não liga, e eu, sinceramente, adoro como a relação dos dois e feita em cima de um relacionamento, e não de um romance (deu para entender?)

Ou seja, ver o Araragi assumindo que não sente arrependimento sobre a situação com a Senjougahara foi algo que fechou bem para mim esse final da série.

Claro, ainda tem Musubimonogatari e toda a Monster Season pela frente, mas por enquanto, ao menos quando estamos falando do Araragi, esse enceramento consegue fechar todo o sentimento de culpa e arrependimento do personagem pelo que fez, e fazê-lo dar o primeiro passo a diante no seu futuro.

Nota do Autor: 4.75/5

Extra

Como eu ri disso.
Preciso urgentemente assistir Hana de novo… Foi lá que a Ougi apareceu como homem, o que sugeri que isso só aconteceu depois desse caso com o espelho.
A percepção analítica de um homem pode ser impressionante.
Tão fofinha.
Trap de qualidade… Ou não.
Pelo menos não foi um aperto de mão
¯\_(ツ)_/¯
Acho que esse foi sempre o grande problema do Araragi… Nunca foi fácil para ele aceitar o que vi, então sempre acabava pensando demais.
A metáfora com o semáforo ficou bem legal.

Ao ter que seguir em frente você é obrigado a tomar uma decisão e dar um primeiro passo, mas às vezes o grande problema é saber qual perna você deve usar, e essa dúvida banal acaba te levando a ficar parado.

O sinal está ali, te avisando para ir adiante, mas por inseguranças, arrependimentos, medos, ou seja lá o que for, o corpo simplesmente não obedece, o que deveria ser uma simples ação se torna um grande dilema.

Vossa Majestade.

Eu quase surtei nesse parte porquê… Bem, além de ser a Kiss-Shot na forma humana, a maneira como fizeram a cena, e o conteúdo que vazaram durante essa conversa com o Araragi através do comportamento dele, é algo inexplicável.

A existência da Kiss-Shot, ou dando um spoilerzinho de leve, da Princessa Acerola, é algo maravilhoso. O Araragi queria se matar por ela, eu quero me matar por ela e é isso aí.

A direção fez um trabalho lindo é manter ela escondida e ir reforçando os pensamentos depressivos do Araragi sobre ficar diante de alguém como ela.

Se, ou quando, a Monster Season for adaptada, deve ter o conto dela (é uma obrigação ter), e essa cena com o Araragi vai fazer muito mais sentido.

Já sabemos a quem a Kanbaru puxou xD
Preciso de mais Toe, para ontem!
Difícil competir com ela e essas loucuras.
Não sei o que foi melhor… Mayoi-Onee-san.
Ou a Ononoki expressiva.

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.