Carole & Tuesday #05 – Impressões Semanais
Nem sempre boas histórias são orquestradas apenas pelos protagonistas, naturalmente, a existência de personagens que façam suporte – e sejam igualmente interessantes – é bastante necessária, felizmente, Gus e Roddy vêm desempenhando essa função bem; aliados a boas discussões intelectuais sobre IA’s e a um antagonista curioso.
De fato, a Carole e a Tuesday ganharam maior destaque somente nos minutos finais, antes disso, tivemos um Gus mostrando empenho depois de ficar contestado devido as confusões anteriores. É um personagem que merece seus créditos no momento, pois ele vem se esforçando para evoluir e fazer o melhor pelas garotas.
É sútil o desenvolvimento do manager, mas igualmente interessante, uma vez que, no episódio passado, conhecemos a sua ex, e neste um “amigo” de longa data: Höfner. É um relacionamento intrigante, pois ele parece ser previsível ao passo que também não. Se observarmos, há uma utilização sútil de alguns diálogos expositivos que remetem a um “grande ocorrido” no passado.
Isso faz qualquer telespectador mais ansioso ficar elaborando possibilidades com os tradicionais clichês de nosso conhecimento, sobretudo, não acho que deva ter muitas surpresas aqui.
Se os resultados de Gus não foram muito satisfatórios, o Roddy conseguiu cumprir sua missão pessoal, e meio que se redimiu do vexame (que fez eu rir bastante) que ele passou no episódio passado. Não seria uma aposta precisa, mas o Roddy pode acabar caindo de amores por alguma das duas meninas (um fato em que muitos apostadores jogam as suas fichas).
Grande parte do episódio é concentrada nos sentimentos de Roddy, e em como o encontro com as protagonistas mudou a vida dele. Sinceramente falando, há muitas situações bem previsíveis no roteiro do anime, porém, uma das que eu acho mais difíceis de prever qualquer coisa é a desse possível “romance”.
Que o coração do Roddy está mexido é verídico, porém, não sabemos se é pelas duas (o que vai dar uma treta futuramente se for) ou se há alguém em especial (eu chutaria na Carole).
Mas há uma questão que o anime praticamente está gritando nas entrelinhas, e é quanto ao uso das IA’s. Não é de hoje, porém, nesse episódio em questão, há a Carole falando que empregos para humanos já é algo raro, sem falar em um dos últimos clubes remanescentes (que é o caso do Bar da Beth), dentre vários outros pequenos momentos.
Aos poucos, as engrenagens referentes a esse assunto vão se encaixando corretamente, afinal, desde que começou, a obra quer nos “falar” algo, entretanto, o momento ainda não é o propício para esclarecer tudo.
A Angela também voltou ao show business e olha, a música dela é muito boa, com um ritmo que acaba sendo contagiante mesmo cantado Acapella (i can move mountains!). A princípio, ela parece ser uma persona bem genérica e “sem sal”, mas eu ainda gosto da Angela – principalmente – graças ao seu pulso firme.
Por mais que o caminho dela no enredo pareça óbvio, eu espero que não desperdicem o potencial dessa personagem com coisas muito pífias.
Porém, a lição disso tudo é que o verdadeiro “vilão” talvez seja o Tao. De fato, a Angela vai antagonizar as meninas no mercado, mas pelo que foi mostrado, o grande problema é o “cientista maluco”.
Acho que desde o primeiro episódio, uma coisa que fica clara é que ele não vai produzir músicas e levar a Angela rumo à perfeição apenas por dinheiro ou por mérito, afinal, é notável o fato do Tao estar sempre um passo a frente de todos, e isso o faz ser uma das maiores incógnitas desse enredo.
Enquanto essa questão parece longe de ser resolvida, a da “mãe” da Angela foi (em partes). Ela possui uma “androginia marciana”, o que explica ela ter uma aparência de mulher/homem e ser, basicamente, a mãe e o pai da Angela ao mesmo tempo. Talvez tenha algum episódio explicando mais a fundo a história, o que possibilitará maior alongamento no assunto.
O irmão da Tuesday também marcou presença, já era meio nítido que o rapaz apostava na irmã e que não colocaria barreiras dela ficar em Alba (o que prova, mais uma vez, que a mãe deles que vai ser o problema), porém, a forma como fizeram ele “desistir” de levar ela embora foi maravilhosa.
Não foi algo tão “batido” como um diálogo de súplica da Tuesday para com ele. Vamos lembrar, é um anime de música, e foi assim que a mensagem foi passada. O fato dele estar ali naquele lugar e no exato momento (a serviço do roteiro) é relevável, afinal, é uma canção que diz muita coisa.
A letra passa claramente o sentimento de uma garota (Tuesday) que, finalmente, saiu de sua concha e está traçando o seu caminho, a rota que sempre sonhou, e que isso não é motivo de preocupação (e o irmão ter presenciado foi emocionante). Ele será um bom aliado daqui para frente, assim eu creio.
Além disso, há uma ótima ambientação nessa sequência graças aos bons storyboards do Manabu Okamoto e a boa direção de episódio do Noriyuki Nomata, basicamente, trata-se das pessoas certas enquadradas nos momentos certos da música – o que deixa a conexão do telespectador muito melhor.
Em síntese, no quesito desenvolvimento, foi o melhor episódio nessa “caminhada”, a dinâmica da direção com as divisões de núcleos foi ótima, além de uma boa participação de todos os alicerces desse enredo.
Nota do Redator para o episódio: 4.5/5
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