Kimetsu no Yaiba #04 e #05 – Um oni, um corvo e uma espada | Impressões Semanais

Se eu fosse escolher algum aspecto geral na produção de Yaiba para elogiar até o momento, seria a honestidade, o anime não tenta ser o que não é, e as vezes uma premissa simples bem executada consegue ser mais valorosa que uma mais complexa e que se perde no meio do caminho.

Yaiba não é uma história inovadora e o anime deixa isto claro para você: Vou cumprir com o básico e nada mais do que isto. E cumprir com o básico é a onde muitos animes falham ao construírem tramas que se tornam tão mirabolantes e com eventos astronômicos que se esquecem de sua premissa inicial e no fim acabam desenvolvendo e dando completude a nada.

E espero sinceramente, que este não seja o caso de Yaiba e que a série continue se prendendo as suas bases e não se esqueça do que é, o que não quer dizer que eu não queira que a trama me surpreenda, mas apenas que se mantenha solida em sua premissa.

Sendo assim, em sua honestidade e simplicidade, a história de Tanjirou esta conseguindo mostrar o que digo a algum tempinho, que ser genérico e simples não é demérito, tudo depende da execução.

A estilização dos ataques ficou muito boa, bem acabada e harmonizada com a animação

E a execução é um conjunto de coisinhas: a trilha sonora por trás de um momento de tensão,  as expressões dos personagens em reação a um evento ou ação, os ângulos focados durante a ação, a iluminação do cenário, estes aspectos mais técnicos com o como você vai conduzindo o personagem durante a narrativa, a forma que os mistérios são jogados em meio ao enredo e o peso que você transmite aos eventos.

Mas apesar de ser de maneira geral algo bem trabalhado, nada é perfeito e infelizmente Kimetsu no Yaiba tem aqueles velhos vicios tipicos de battle shounen que me incomodam um pouco, mas que não afetam tanto o entretenimento geral, porque a staff esta conseguindo conduzir bem o enredo.

E aqui entra uma coisa que eu gosto, a introdução gradual de elementos do mundo, que é o worldbuilding. Para mim,  worldbuilding é mais funcional quando é construído paliativamente e não jogado na tua cara naquela introdução enorme de um narrado no primeiro episódio ou no inicio dos episódios.

É o mundo que você vai descobrindo com o protagonista em meio a diálogos com outros personagens, interações com outros demônios, monólogos internos ou situações inesperadas.

Legal você dizer isto pra ele, mas podia ser um pouquinho antes não? ¬¬

Claro que o ideal é você usar uma mescla, como Yaiba fez no episódio 03, o narrador apareceu, mas pra  introduzir conhecimentos que iriam deixar as coisas muito pesadas se fossem apresentadas apenas por diálogos entre personagens, mas é bom não se criar a dependência do narrador, torná-lo a única fonte para acrescentar informações do mundo .

E aqui entra um detalhe que eu acho chatinho em shounem em geral que é te explicarem técnica por técnica e coisa por coisa, mas as vezes algumas coisas são explícitas por si só e não precisa de uma explicação aprimorada para o espectador saber o que esta ocorrendo e gosto mais do inside sobre aquilo do que detalharem demais a coisa.

Exemplo é a linha que o Tanjirou visualiza com o cheiro. A imagem em si é alto explicativa, e realmente não precisa do Tanjirou dizer como aquilo funciona. Eu sei que é para contextualizar, mas creio que daria para entender sem uma palavra que aquela linha seria o ponto fraco que ele enxerga do inimigo e acerta o golpe ali.

Para não saber interpretar isto, só sendo bem vesgo

E algumas exposições no episódio 04 acabam quebrando um pouco do impacto de outros eventos futuros, a exemplo, quando o mestre dele fala que Sabito e Makomo estavam mortos, era muito mais funcional ele apenas se surpreender  ao invés de  expor como você sabe sobre aquelas crianças mortas?

Até porque momentos depois o oni acaba falando que tinha matado os dois, então a coisa seria muito mais forte para o público se exposta apenas durante este encontro de Tanjirou com o oni.

Contudo apesar de ser um episódio muito expositivo,  a direção e a staff conseguiram que o texto não prejudicasse tanto a imersão. Em suma, eles conseguiram que as informações se mesclasse a ação e colaborasse com o evento em si.

Mas o que mais me agradou foi a sutileza gráfica e ela que pesou mais as revelações. As ações do oni eram expostas de forma visual e não apenas verbal. Aqui eu novamente devo tirar o chapéu para a direção.

Impactando sem um visual pesado e carregado, isto se chama suavizar

A escolha das transições e o momento que elas ocorrem são funcionais e aumentam a tensão da situação apesar de quebrarem um pouco com a sequencia das ações, como a narração do Sabito e da Nakomo que intensifica a sensação de imprevisível, que aquilo é realmente uma situação de vida ou morte.

E aqui entra outra coisa que digo a muito tempo: tem como impactar sendo sutil. As cenas não são visualmente carregadas, não detalham demais a agressão e a violência, mas continuam possuindo o peso do ato. Sendo assim, o texto é complementado com a imagem.

Agora partindo para o enredo, Kimetsu no Yaiba entregou coisas bem interessantes nestes episódios, e uma delas é motivação. Os onis desde o epispodio 02 são retratados como seres inteligentes e com raciocínio humano e agora constatamos que os onis possuem sentimentos e não agem apenas instintivamente.

Ou seja, o seu inimigo não é um monstro irracional, ele de certo modo é semelhante a você em alguns aspectos, o que cria a empatia, então o Tanjirou mata mais por sobrevivência, misericórdia e por ter um objetivo do que por ódio.

A forma como eles reprisaram o corte , em pontos de perceptivas diferentes, ficou muito bem feito

Isto é legal, porque ele consegue ver naquela criatura a imagem da irmã dele, uma pessoa que ele ama esta na situação da criatura que ele mata e isto não é agradável para ele, tanto que se apieda do oni e ora para que na outra vida ele não tenha que passar por aquilo de novo.

Então vejam aqui você tem um protagonista que é bondoso, mas que não fica com receio de matar e questionando o ato de matar quando é a unica opção, afinal é ou ele mata ou ele morre e isto não quer dizer que ele não tenha conflito interno por isto, mas é o que ele precisa fazer e ele faz.

Além disso, este capitulo da historia humaniza os demônios, já que eles conseguem guardar emoções como remoço e além de matarem para se alimentar, também podem matar por motivos mais pessoais como para se vingar.

Que foi o caso apresentado pelo adversário do protagonista, além de mostrar o ponto de vista do oni. Mas o que mais me chamou atenção ao inimigo é que aparentemente ele possuía alguma restrição a memória humana, talvez  os onis vão perdendo ela com o tempo ao ponto de não lembrarem mais que já foram humanos?

Heim? Eles perdem as memorias de terem sido humanos com o tempo?

Porque  aquele  lamento enquanto estava morrendo após ter a cabeça decepada pela espada do Tanjirou  parecia mais um sentimento subconsciente, o que me faz indagar, o quanto a Nezuko lembra sobre ser humana e sobre o Tanjirou?

Será que é algo mais  nítido porque ela despertou para esta vida de oni recentemente e não comeu humanos? O quanto ela ainda tem de ser humano em si? Será que esta perda de memorias  é agravada com a alimentação de carne humana?

E um detalhe que gostei é dela praticamente correndo para abraçar ele, o que ilustra que ela realmente  tem uma conexão forte com o irmão,  desde o primeiro episódio vemos isto, ela tem uma pré-disposição de protegê-lo (e deixou de comer gente para ir ajudar ele).

Mas o quanto de memórias da família dela e do próprio Tanjirou ela possui? Fica a duvida porque não tivemos nenhuma perceptiva dela ainda. E o que eu não gostei é dela aparentemente acordando exatamente quando ele volta do teste.

Ela só acorda quando ele volta? F-A-B-U-L-O-S-O

Gente, vocês não acham isto muito conveniente? Ela dorme por dois anos inteiros para repor suas energias e só retorna a ativa quando praticamente o Tanjirou já é um caçador de demônios.

Tudo bem que é uma hibernação para se restaurar, mas poderia ser uma hibernação por períodos menores e esboçada como uma adaptação mais gradual dela a não cair na dieta de se alimentar com humanos no qual ela vai diminuindo os períodos de descanso com o tempo, até poder acordar e dormir normalmente .

Da forma que foi feita parece que a autora não queria pensar como desenvolver o treino do Tanjirou correlacionando com a nova vida de Nezuko e sua problemática de não ingerir carne humana porque seria muito complicado trabalhar os dois personagens juntos.

Outra coisa interessante é a segunda personagem feminina mostrada, não sabemos quem ela é ainda, mas vocês repararam que todo mundo estava ferrado, menos ela? Isto me faz indagar, ela seria mais forte que qualquer um dos três ali ou ela possui alguma técnica diferente deles? Ela tem uma espada, mas  parece intocada praticamente.

Só observo os minos tudo fudido e esta guria divando ashuahsuahsua

E o anime tem muitos detalhezinhos no enredo que te deixam curioso, por exemplo, porque o loirinho recebeu um pardal e não um corvo? Por que a espada do Tanjirou ficou com uma tonalidade preta? Qual é a ligação da cor da espada com a pessoa? Já que para cada pessoa ela assumi uma tonalidade diferente, por que a espada anterior dele é azul e a nova preta?

E estes pequenos mistérios que te prendem a historia já que se espera que em algum momento estas questões serão respondidas. Mas o interessante mesmo é que a pessoa que parece ser líder da organização disse que passaram 5 discípulos no teste, o que me faz crer que alguém terminou aquilo tudo antes deles e chuto que seja o cara de javali na opening.

Então em algum momento ele e o loirinho vão se juntar ao protagonista, isto é obvio, talvez em uma mesma situação ou em situações diferentes. Sendo realmente dois episódios de conclusão para o teste e treino do Tanjirou que apresenta os futuros aliados dele.

E das futuras encrencas também ahsuahsuahsuahsjauisa

Além disso, dar mais detalhes sobre a organização e os inimigos em si, já que pela fala do Urokodaki, os onis também possuem habilidades especiais e aprimoradas como o mutante que o Tanjirou enfrentou. E uma coisa que aprovei bastante no Tanjirou até agora é ele ter atitude,  ele praticamente  machucou o braço do outro caçador como havia dito que faria se ele não parasse com o comportamento agressivo.

O que esboça que ele provavelmente não vai ser um protagonista que ver as coisas acontecendo, fica parado e só depois que o fogo já se alastrou que faz algo de fato. Eu não gosto nem desse tipo de protagonista e nem o tipo esquentado demais que fica querendo arranjar confusão com todos e com tudo a todo o momento, e Tanjirou parece que vai ser uma mescla bem vinda dos dois.

Agora é esperar para ver como vai se desenrolar esta primeira missão do protagonista e os problemas que ele encontrará dentro da organização por ter uma irmã que é um oni, a criatura que eles matam, já que acredito que provavelmente os outros caçadores não vão ver a coisa com bons olhos.

Nota: 4.5/5

#Extras

Vou admitir que desceu uma lagriminha aqui T.T

Vamos admirar….

…. a beleza…

… de um anime ….

….muito bem ….

…. animado e …

…. e coreografados…

Só quero saber as implicações dessa espadinha preta XD

Sirlene Moraes

Apenas uma amante da cultura japonesa e apreciadora de uma boa xícara de café e livros.