Babylon #07 – Essa mulher é o capeta de saia! | Review
Ah, Magase Ai, Magase Ai… Minhas expectativas em cima de você estavam altas, mas eu não imaginava que fosse chegar em um ponto que ficasse, literalmente, de boca aberta para o que estava acontecendo ali.
O final desse episódio é surreal, não só pelo nível de brutalidade, como também pela forma como a direção consegui transmitir essa violência e insanidade de uma maneira impecável, mas, para não misturar muito as coisas, vamos seguir o fluxo e ir por partes.
Dando continuidade ao gancho do último episódio, o desfecho do Itsuki manteve bem a imprevisibilidade que o personagem carrega.
Em histórias com tantas reviravoltas eu sempre fico meio pé atrás de aceitar a primeira versão dos fatos que os personagens dão, mas foi uma surpresa interessante ter um lado mais emotivo por parte do Itsuki (por mais que me parece mentira).
O cara mostrou mais uma vez que nasceu para política, conseguindo manter um controle perfeito de toda a situação, e ainda sair por cima depois de toda a pressão colocada pelos outros políticos.
Como o Seizaki havia dito, era como se o Itsuki tivesse a certeza que iria ganhar, mesmo estando em desvantagem, e depois desse apelo todo com o filho, para mim é quase uma certeza que a lei do suicídio seria aprovada.
Talvez as declarações sobre os sentimentos que tem sejam mentiras, mas os argumentos usados por ele me fizeram considerar se tinha algo de errado em liberar o suicido naquele contexto, então acaba sendo um bom fechamento para o debate, e toda essa questão de suicídio.
Por sinal, essas declarações trazem um contexto bem interessante para história.
Por mais que para a gente aqui suicídios não sejam tão discutidos, acho que a maioria sabe que lá no Japão a coisa é séria, com as taxas de morte sendo algo absurdo.
O anime conseguiu pegar um aspecto bem pesado desse ponto, porque a conotação que o Itsuki deu para tudo, sobre ser uma escolha de liberdade e poder ajudar alguém, faz com que as coisas tenham um certo valor.
A direção conseguiu mostrar bem os diferentes aspecto disso, apresentando um garoto hospitalizado, um homem em um quarto escuro e cheio de lixo (Hikikomori, NEETs), e uma mangaka sobre pressão, que nada mais é do que um dos vários exemplos de estresse profissional que os japoneses passam.
Para um país que cobra tanto do valor social que cada indivíduo tem dentro da sociedade, ter essa escolha de liberdade, e ainda servir como “herói”, seria a luz no fim do túnel para essas pessoas que perderam o seu valor/reconhecimento.
É meio complicado pensar em tudo isso, ainda mais por cair dentro de certos tabus religiosos, como foi falado no episódio, passado, mas a história do anime vem entregado muito bem discussões que te levam a pensar sobre isso, o que é muito bom, no final das contas.
Seguindo, a execução da operação de sequestro talvez seja a parte mais “previsível” (muitas aspas aqui) do episódio. Já imaginava que não ia terminar bem a ideia de sequestrar o Itsuki, e que algumas pessoas morreriam no processo.
A questão, no entanto, é que o anime executou isso muito bem, mantendo a tensão sobre os membros irem desaparecendo aos poucos, e os rumos que os personagens teriam no meio de toda aquela confusão.
A morte do Kujiin foi bem interessante, principalmente por dar uma ideia de como a Magase faz a manipulação dela. O negócio parece ser mais complexo do que parecia, porque nem contato físico propriamente dito ela precisa ter para influenciar alguém a cometer suicídio (o que explicou o número elevado deles naquele outro evento).
Eu nunca cheguei a pesquisar muito sobre isso, mas já vi alguns lugares relacionarem os instintos básicos (fome, medo, reprodução) com o mesmo gatilho mental, por isso aquelas ideias de “teoria da ponte suspensa”, onde o medo é mal interpretado pelo cérebro e acaba parecendo com amor.
Os relatos do Kujiin, talvez, possam se encaixar em uma ideia parecida com essa, onde a Magase consegue confundir as percepções da pessoa e as levar aquele tipo de prazer.
Como isso acontece, e o porquê dela ser assim, eu espero que o anime explique na parte final, mas de qualquer forma, foi bem interessante ver os efeitos dela “ao vivo”.
Por fim, temos o ápice do episódio, e do anime até aqui. Babylon vem deixando claro que quer colocar os espectadores para pensar fora da caixinha e aceitar conceitos e ideias moralmente duvidoso, e a Magase vem como esse tipo de vilã em mente.
Ela é insana. Não no sentido de um vilão psicopata qualquer coisa que tem por aí, mas de realmente não se enquadrar em qualquer senso comum que se use, porque ela entende que é ruim. Ela sabe a posição em que está, e quer que a entendam por isso.
Acho que desde a cena da Riko, em Made in Abssys, eu não ficava tão desconfortável assistindo algo. A direção fez um trabalho espetacular ali em como conduzir tudo para ter um impacto, mas ao mesmo tempo sem mostrar nada.
Só não digo que foi uma cena limpa, porque tinha sangue no machado e no rosto da Magase, mas fora isso foi uma cena para te fazer sentir o desespero do momento.
A angustia que o Seizaki passa é algo que me faz arrepiar só de lembrar. Foi brutal mesmo sem ter visto o que ele viu, porque você acaba, ironicamente, tendo que entender a maldade ali.
Ter que imaginar, pensar e “compactuar” com a Magase para entender e visualizar a situação em que o Seizaki está é o que faz da cena tão pesada, ainda mais quando o alivio visual é a rotina da sua família.
Eu não sei bem o que vai acontecer por ele dizer que vai pensar sobre o que é mal, mas, depois dessa experiência, é difícil até imaginar o personagem tendo alguma reação.
Vamos ver como o Seizaki vai lidar com isso depois do que passou, e como a história vai desenrolar, porque ainda tem o lado político com o Itsuki, e essa insanidade da Magase que, por mais que estejam ligados, estão em dois pontos diferentes da história, por assim dizer.
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