Babylon #08 a #12 – Dilemas e mais dilemas… | Impressões Finais
Os últimos cinco episódios de Babylon foram lançados, e com isso o arco final foi concluído. Tenho que admitir que, pelo hype que eu fiquei depois do episódio 7, o final foi meio abaixo do esperado, principalmente por deixar certas coisas em aberto (Não vi nada falando de um possível OVA/Epilogo até agora), e resolver as outras de forma subjetiva demais.
De qualquer forma, não foi um final horrível, e a parte principal das ideias do anime – sobre provocar e questionar aspectos morais e éticos –, conseguiu ser satisfatória até o final.
Em relação aos outros arcos, esse último acabou sendo menos agitado, até mesmo na forma como os episódios foram construidos. Com exceção do décimo primeiro e o final, os outros dois episódios não se esforçaram muito em tentar criar aquele ritmo que foi quase constante na primeira metade do anime.
O início é basicamente focado em mostrar como o Seizaki ficou depois de toda aquela desgraça, o que era importante, já que ninguém ia sair normal depois de passar por tudo aquilo.
Você tem um pouco da paranoia que ele criou pela Magase, com ela continuando a infernizar a vida dele com aquela pergunta, e “aparecendo” em todo lugar, além de ser interessante ver um pouco mais do lado família do Seizaki, já que ajuda a criar um certo perigo daquilo ser perdido (Já tava imaginando uma desgraça com a mulher dele).
No entanto, depois de encerrar o caso, isso meio que se perde na troca de perspectivas e acaba sendo deixado, indiretamente de lado.
Eu esperava que fosse ter um pouco mais de exploração nesse trauma causado pelo Magase, além da clara obsessão que o Seizaki criou por ela.
Terem mudado para o presidente dos Estados Unidos acabou diminuindo o tempo de tela do Seizaki, e como foi ele quem eu acompanhei desde o inicio nessa corrida pela Magase, acaba sendo um pouco decepcionante deixá-lo em segundo plano dessa forma, justamente no final.
De qualquer forma, vamos ao Presidente do Estados Unidos. Como personagem, eu até que gostei dele. O seu passado é a idealização da maioria dos jogadores de quinze anos, então eu acabei dando uma risada sincera quando vi que ele realmente se casou com uma garota linda que ajudou em um MMORPG (Ah se a vida fosse fácil assim).
Além disso, o jeito avoado dele, com aquela história de ficar sempre pensando, acabou me vendendo bem uma imagem de confiança. Parecia que ele poderia dar um jeito na situação, e bem… Talvez seja aí que os problemas do final comecem.
Na parte de filosofia, para mim, esse arco foi tão interessante quantos outros. As discussões sobre bem x mal, certo x errado e tudo mais, dão espaço para pensar sobre várias coisas relacionadas a moral, religião e como nos comportamos em relação a esse tipo de coisa.
A direção, como um todo, conseguiu manter os diálogos de forma interessante para que não ficassem vários personagens falando sem parar, e deixassem as coisas tediosas.
Para quem não é muito fã disso, não tem como, é inevitável não ficar um pouco exausto ali, porque a cena é sobre pessoas discutindo o sentido de algo, e tentando encontrar um propósito para as coisas.
Mas, para quem gosta, acaba sendo uma conversa bem reflexiva, que te ajuda a pensar sobre várias coisas, incluindo a famigerada pergunta que a Magase tanto fez para o Seizaki.
No entanto, os problemas começam aí. O final como um todo é bem subjetivo. Essa discussão sobre bem x mal é complexa e cheia de “se”s, ou seja, ao mesmo tempo que os personagens dão explicações e respostas, isso tudo é anulado por questões de perspectivas.
É aquele velho ponto sobre churrasco ser um evento comemorativo para cá, enquanto que na Índia seria uma atrocidade. Os conceitos sobre bem e mal varia muito do contexto de cada pessoa, e da situação em que ela está, por isso não dá para chegar a uma resposta exata.
A ideia de “continuar” que o presidente expressou ainda deixa um sentimento vazio, porque pode se enquadra em diferentes aspectos, com por exemplo, continuar vivendo mesmo com problemas, ou continuar até a sua liberdade (suicídio) como ambos sendo algo bom, já que seria o ideal de um organismo vivo (todos vão continuar até morrer, seja naturalmente, ou por algum acaso).
Eu não sou a favor do “tem que explicar tudo, até os mínimos detalhes”, então eu entendo o ponto do autor em querer deixar a questão para os leitores/espectadores interpretarem sozinhos, mas, também acho importante tentar fazer com que o máximo de pessoas possíveis entendam as coisas, senão perde o sentido de passar a ideia.
O mesmo vale para o final. Ele é bem aberto sobre o que aconteceu. Apenas pelo que é mostrado em cena não dá para chegar a muitas conclusões, como por exemplo, qual foi o final da lei do suicídio, e como os país decidiram seguir depois da morte do presidente americano.
Na minha interpretação, os país assinaram um acordo de aceitação e concluíram a profecia bíblica que foi citada antes, sobre a meretriz de babilônia (Magase) estar sobre a besta de sete cabeças (G7) anunciando o apocalipse.
Seria o melhor raciocínio para tudo ali, já que a Magase “ganhou”, e o anime não colocaria aquela referencia apenas para explicar o título, então me parece bem plausível que a profecia foi o desenvolvimento final da história.
O problema fica por conta desse talvez. Não custava nada ter colocado um anuncio de TV dizendo a atual situação do mundo depois da morte do presidente, ou deixado mais claro o que aconteceu depois daquilo.
Eu não tenho muitas dúvidas sobre a morte do Seizaki, já que o “acabar” que ele usa, junto do pedido de desculpa da Magase deixando entendido que ela forçou ele a cometer suicídio.
Somado a tudo isso, ainda tem questões menores, como a existência do Itsuki, que não foi explorada direito, onde nem dá para saber qual é o objetivo pessoal dele com aquela lei.
Assim como, eu também gostaria de ter uma explicação mais palpável para as habilidades da Magase em controlar as pessoas, fora o que foi mostrado lá naquele episódio do seu passado.
Em resumo, o final Babylon entrega boas ideias, mas acaba não aproveitando bem elas na hora de fechar a história. O anime surpreendeu muito desde o inicio, principalmente pela abordagem madura nos temas que se propôs, mas acabou entregando um final abaixo do que eu esperava.
Para quem gosta de ficar pensando em várias coisas relacionadas a moral, ética e religião, o anime entregou um ótimo conteúdo, mas para quem buscava um encerramento mais objetivo, as coisas não foram tão positivas assim.
As ideias eram boas, mas faltou algo para juntar todas elas e realmente colocar em cena tudo isso de uma forma que não deixasse essa sensação de que tudo acabou em branco.
Em vista de que animes do tipo são bem raros, ainda valeu a pena assistir, e para alguém que adora perder tempo questionando as coisas, essas provocações diretas sobre bem x mal foram algo muito bem-vindo.
Extra
Na hora que li isso já entrei em choque achando que a Magase tinha matado a mulher e o filho dele. Ainda bem que depois mostrou os dois em casa.