5 Animações Ghibli que você precisa ver!!!
Olá, queridos, tudo bem? Antes de tudo, para os leitores novos, eu sou a Sirlene, apesar que muitos já me chamaram de Marlene e Marco. É, tenho um gosto semelhante ao dele, mas não sou cópia (eu acho). Sou uma redatora chata com uma vida azarada.
Eu sumi por um tempinho, mas costuma fazer analises para o blog. Eu focava em review semanais, mas, dado a problemas pessoais recorrentes e faculdade, decidi fazer posts esporádicos sobre a temática dessa humilde casa.
Agora, indo ao assunto, já que a Netflix disponibilizou uma renca de filmes da Ghibli, vou citar aqui os meus 5 favoritos que, na minha opinião, você pelo menos precisa ter visto alguma coisa desse estúdio para se assumir amante dessa cultura e da animação em si – sim, eu sou chata, lembre disso.
Se você é um otaku há algum tempo, é impossível não conhecer a Ghibli. Ele é um dos estúdios mais famosos do Japão, diria até que um dos mais tradicionais no sentido de respeitado e velho mesmo. Ele foi criado em 1985,e é como um titio, se não um vovô, da animação japonesa. Seus animadores e diretores mais famosos (e fundadores) são Hayao Miyazaki e Isao Takahata, que são a própria identidade da Ghibli. Toda a estética e conceito do estúdio foi criado com esses caras.
1. Princesa Mononoke
Esse é, sem sombras de dúvidas, o meu filme predileto do estúdio, e é até difícil tentar colocar em palavras o quanto este filme é delicado e profundo utilizando a simplicidade. Simplicidade é uma das principais características desse estúdio, o que não é sinônimo de filme vazio, pelo contrario, este filme uni bem a mítica oriental com a temática da consciência ambiental.
O personagem principal do filme é Ashitaka, um jovem príncipe que se vê obrigado a matar o deus-javali amaldiçoado e acaba se amaldiçoando no processo, sendo o seu objetivo inicial se livrar daquela maldição, mas ao longo da sua procura pela cura, ele se envolve no conflitos entre os humanos e as bestas-feras pela conquista da floresta.
O legal do Myiazaki é você perceber que ele não concebe vilões para as suas historias, o enredo possui antagonistas, mas o antagonista muitas vezes é uma situação ou ideia, uma obsessão (Vidas ao Vento) ou desejo destrutivos. Muitas de suas obras vão trabalhar o ser humano de forma poética, não é aquele estereotipo entre bem ou mal. Ele é até esperançoso porque ele concebe “salvação” para seus antagonistas, então ele possui uma visão de mundo mais positiva.
O legal desse filme é você perceber que ele trata a natureza como organismo vivo na figura do Deus da Floresta, e que sem ele o próprio ser humano não tem condição de vida em si. A natureza não é apenas matéria prima de progresso. Como um ser vivo, os seres humanos, em nome do progresso, ferem este ser sem perceber que progresso sem consciência pode levar ao caos, gerar maldição ao invés de prosperidade.
Para compreender melhor este filme vale ressaltar que você tem que entender que os orientais concebem o mundo como um sistema energético, tudo é energia, que você é parte de um todo, de um sistema que precisa estar em equilíbrio.
Como dito anteriormente, Princesa Mononoke trata de vários elementos do folclore e história japonesa, então os animais (seres míticos, deuses e demônios) falarem tem que ser considerado como parte de seu mundo. A ambientação do anime é todo no velho Japão, e quando falamos em historia japonesa não tem como desassocia-la de seu misticismo e folclore.
A questão do progresso é ligada a questão das guerras e da evolução da civilização, da política de suprir uma necessidade acima de tudo, aquela velha premissa de que os fins justificam os meios.
Então a busca pela cura de Ashitaka vai além, a verdadeira maldição é a ambição humana, além de curar a si mesmo, o filme trata sobre a cura para o mal que causamos a nós mesmo, separando o ser humano da natureza e a tratando apenas como algo descartável, apenas um monstro que devemos matar.
Os deuses e seres míticos também encarnam bem o que é a natureza em si, são seres que estão orientados a autopreservação, portanto, não são gentis com os seres humanos, estão em guerra com aquilo que os fere, vão reagir em igual proporção a hostilidade humana com energia e agressividade primitiva, porque a natureza é assim, seu desequilíbrio gera destruição e caos.
Em suma, este filme é um trabalho fantástico e com sensibilidade, como todas as outras produções desse estúdio.
2. Sussurros do Coração
Eu gosto de filmes e obras que abordam temáticas da vida cotidiana. Portanto, não é à toa que este título consta como o meu segundo filme predileto do estúdio. Ele não é dirigido pelo Miyazaki , mas por Yoshifumi Kondo, que, infelizmente, já nos deixou.
Na historia acompanhamos Shizuku, uma garota de 14 anos, sem muitas preocupações, que gosta muito de ler livros, de escrever poesias e de traduzir músicas. Conforme a protagonista vai visitando a biblioteca, acaba ficando intrigada com o fato de muitos dos livros que lê terem sido lidos também por um tal de Amasawa Seiji.
A partir de então, ela resolve investigar quem é a pessoa com quem compartilha os seus mesmos hábitos. Seiji é um garoto que sonha em ser artesão de violinos e já treina para fazê-lo. Para deixar as coisas mais animadas, um gato a leva para um passeio e reflexão sobre ela mesma e Seiji, sendo um filme bastante filosófico em diversos diálogos.
Como dito no inicio, a vida cotidiana tem bastante espaço neste enredo, além das duvidas e anseios dos personagens. Então compreendam, apesar de possuir um certo toque de romance em seu enredo, não se engane, o filme não é sobre romance em si.
Os seus personagens são o foco. Os objetivos de vida e a passagem da infantilidade para a maturidade são a temática. O filme também trata bastante sobre criatividade e expressão, além de incertezas da juventude (adolescência no caso) em relação ao futuro .
Além disso, devo dizer que o filme é sobre como você pode se expressar ao mundo e ser quem você quer ser. Desde a produção artesanal de um violino até a composição, ou tradução, da letra de uma música, estamos tentando mostrar ao mundo uma parte de nós e do que amamos.
Um artista, seja artesão ou escritor, tende a tentar se comunicar com seus semelhantes através da sua sensibilidade.
Isto pode se observado quando a protagonista sai de sua zona de conforto e tenta superar seus limites, motivada por seu algoz amoroso, Seiji.
Tudo pelo anseio de expressar seus sentimentos e sua estética ao mundo através da escrita e ser merecedora de seu amor. Mas o filme é bem realístico, o processo para alcançar um objetivo é longo e árduo.
Ela se frustra, ela tem momentos de solidão e inquietude. A fantasia é bem introduzida no enredo. Basicamente a protagonista é transportada esporadicamente para um mundo fantástico no qual ela é guiada por um gato chamado Baron, que é o personagem central do livro que ela está escrevendo.
O encontro desses dois personagens se deve pela curiosidade de Shizuku, que queria saber onde o gato chamado Muta costuma ir. Dessa perseguição a personagem se depara com uma lojinha de antiguidades.
Nessa loja que temos o primeiro contato da garota com o gato, uma estatueta de Baron Humbert von Jechingen, que se torna o protagonista de sua historia (portanto, acredito que os encontros com ele é a imaginação dela enquanto escreve a historia). Para mim este filme é uma das maiores obras primas da Ghibli.
3. Túmulo dos Vaga-lumes
Um dos filmes mais tristes da minha vida, mas tristeza também é poesia e reflexão. Dirigido por Isao Takahata , o filme é baseado em uma obra de Akiyuki Nosaka, que viveu no período da guerra e perdeu sua irmã por desnutrição. Um retrato da miséria e fragilidade humana. Túmulo dos vaga-lumes é uma parada para pensarmos o quanto a vida humana é ínfima e cruel.
Ele conta a história de dois irmãos, Seita e Setsuko, no período da Segunda Guerra Mundial. O pai deles é convocado para defender o país, já que ele é da Marinha Japonesa, e a mãe falece em um bombardeio de aviões norte-americano.
Deixadas sozinhas, vamos acompanhando a jornada árdua das duas crianças até a sua morte, começando com eles irem para casa de uma tia que as maltrata, até serem obrigadas a roubarem, a suportarem a fome e lidarem com a frieza das outras pessoas.
Entenda, na guerra você é despido de tudo que o torna humano, a morte de um semelhante pode se tornar banal e você se resume a só um animal procurando sobreviver.
A beleza da obra é a relação entre os irmãos. Mesmo em uma situação tão horrível, os dois são unidos, procuram sobreviver e se apoiar, principalmente o Setsuko que tenta fazer de tudo para cuidar e suprir as necessidades da irmã.
Este filme é sobre empatia, mas ele não foi feito para os personagens te emocionarem e te fazerem ter empatia, é para você refletir a empatia na guerra.
E aqui eu vou ser clara, este filme não é para ter um elenco carismático, nem soluções milagrosas, este filme é frio e seco como a vida normalmente é. Túmulo dos Vaga-lumes é um relato histórico na perspectiva da população sobre as consequências de uma guerra.
Este filme tem como ênfase a miséria e não o heroísmo, não foi feito pra ser divertido e movimentado, foi feito para te passar uma mensagem bem clara: Em uma guerra todos sofrem, principalmente os vaga-lumes, aquelas pessoas que você nem sequer lembraria e não são exaltadas. Seus nomes são apenas dados e números nas páginas de um livro.
4. A Viagem de Chihiro
Nesse filme você vai acompanhar Chihiro, uma menina mimada que esta se mudando com seus pais para uma casa em uma cidade nova. Ela se demonstra bastante emburrada em ter que abandonar seus amigos e escola antiga.
A família pega o caminho errado e o carro deles acaba em um misterioso túnel. Eles decidem, então, ver o que há no final da passagem, mesmo com o protesto da garota (o ser mais sensato, convenhamos, quem explora um lugar que pode ser perigoso?).
Eles encontram um parque temático, aparentemente abandonado, e aí que começam as desventuras de Chihiro. A garota tem que salvar seus pais que foram transformados em porcos e aprender a superar seus medos e limitações.
Essa é, com certeza, a produção mais aclamada do estúdio, e a preferida de muitos. A Viagem de Chihiro é o que eu chamo de Alice no Pais das Maravilhas japonês. A Viagem de Chihiro trata com maestria sobre a soberba e desejos em seus diversos aspectos.
Portanto, o filme acaba sendo uma viagem de total amadurecimento da protagonista que tem que abrir mão de ser mimada e agir de forma mais responsável, trabalhar para libertar seus pais e seu amigo dragão, Haku.
Chihiro, acima de tudo, é uma viagem sobre identidade e volta ao que é autentico e original, na verdade, Chihiro é um conto sobre muitas coisas, entre elas a perda de inocência, adolescência, consumismo, sociedade, cinismo, solidão e tradição.
Chamar este filme de simplista é não ter um olhar voltado ao que não está a superfície. Observar apenas o que é exposto em primeira aparência e não se aprofundar. A obra pode ser escrita em formato de um conto “simples”, mas definitivamente não é simples, é cheio de conteúdos e criticas certeiras de Miyazaki.
Para quem ainda acha que anime é coisa de criança e que fantasia não pode trabalhar com assuntos relacionados a realidade e o mundo adulto, se enganam, Chihiro é a prova contraria de tudo isto.
5. As Memórias de Marnie
Ultima obra do estúdio, já que o Ghibli anunciou uma pausa em seus trabalhos – Mas Miyazaki consegue dar pausa em alguma coisa? entendedores, entenderão. Nesse filme você acompanha a história de Ana, uma garota asmática que, por causa de seus problemas clínicos, o único universo que conhecia era o seu quarto e a escola.
Introvertida, com dificuldades de falar, a garota tinha problemas para se abrir com outras pessoas. Após um ataque preocupante, os pais a mandam para a casa dos tios em uma cidade no interior, onde pretendiam que o bom ar da natureza ajudassem o pulmão da filha. Na casa dos tios, ela conhece Marnie, uma menina loira que vive em uma mansão semi-abandonada e rapidamente as duas se tornam amigas, mas Marnie não é o que parece ser.
Apesar de realmente não se comparar em primazia as obras anteriores, por acabar apelando para um pouco de excesso de drama, eu o indico porque acho que a obra foi muito menosprezado por não carregar o nome do Miyazaki, ou de Takahata, que realmente acabam criando uma certa expectativa nas pessoas pelas obras do estúdio.
O filme não é exatamente ruim, ele desenvolve bem seus personagens. Apesar do roteiro ter uns excessos, ele tem um ritmo bom e você consegue compreender bem o objetivo de tudo aquilo.
Ana é uma garota que começa a questionar a sua identidade e seu pertencimento a própria família. Sente-se excluída pelo mundo, uma vez que foi adotada e não partilha dos mesmos interesses que os pares da mesma idade. Ela prefere viver em um mundo de fantasia do que a realidade, além disso, a asma a priva de muitas alegrias que outras pessoas em sua idade teriam.
A única para qual ela se abre – Marnie –, acaba sendo posta em cheque como uma criação de sua mente quando a garota, e tudo na casa, desaparecem. O que é bastante presente nas obras Ghibli, o fantástico esta em contato com o concreto, o real, então o sobrenatural, ou o mítico, se funde ao que o personagem considera real – ou realmente é real.
Mas como dito na sinopse, Marnie é muito mais do que parece ser, então temos uma bela história sobre descoberta pessoal, família, intimidade e acima de tudo, perda, perdão e aceitação.
Nota da Autora: Sirlene cadê Meu amigo Totoro? vou ser honesta, este só vi uma vez e não tenho boas lembranças dele – Eu tinha medo do Totoro, podem rir a vontade, aquele bicho me traumatizou.